Paulo Henrique Ganso: Nosso povo te abraça!

 
 
 

A primeira coisa que falarei hoje vem do livro “Mourinho – descoberta guiada”, que demonstra bem o conceito de velocidade visto sob dois diferentes aspectos: o tradicional e o sistêmico.

“Não encaramos a ‘velocidade’ da forma tradicional, ou seja, do ponto de vista exclusivamente fisiológico. Temos de considerar a ‘velocidade’ como a análise do tratamento da informação e a execução, é a “velocidade” contextualizada, ou seja, aquela que nossa forma de jogar requisita…”

Abaixo, José Mourinho:

“Qual é o homem mais rápido do mundo? Usain Bolt, que faz 100 metros em menos de 10 segundos. Não há nenhum jogador de futebol que consiga igualá-lo numa corrida de 100 metros. No entanto, numa partida de futebol de 11 x 11, julgo que Bolt seria o mais lento! Dou ainda outro exemplo: um caso pragmático de um jogador atual “lento” é Deco. Se o colocássemos numa corrida de 100 metros com os homens do atletismo ele faria um papel ridículo. É descoordenado quando corre, não tem velocidade de arranque, seus músculos certamente estão carregados de fibras de contração lenta e poucas fibras de contração rápida. No entanto, num campo de futebol, é um jogador dos mais rápidos que conheço, porque a velocidade pura não tem a ver com a velocidade no futebol. A velocidade no futebol tem a ver com análise da situação, de reação ao estímulo e capacidade de identificá-lo. No futebol o que é estímulo? É a posição no campo, a posição da bola, é a percepção do que o adversário vai fazer, é a capacidade de antecipar a ação…”

As críticas ao Ganso são sempre as mesmas: Lento, sem intensidade, incapaz de jogar o futebol moderno.

Mas o que é o futebol moderno? Com toda certeza não é o que a gente vê no Brasil, que, em regra, pratica o jogo de transição desde a base, vide os jogos ridículos da Copinha com um bando de menino pegando a bola e saindo correndo a esmo.

O treinador que exige do Ganso velocidade, intensidade, vai e vem constantes é, pra mim, um idiota completo.

De Ganso deve se exigir intensidade cerebral. Voltando ao conceito do livro citado acima, Ganso trata a informação e toma decisões muito mais rapidamente do que a grande maioria dos jogadores, ainda mais se a gente trouxer essa comparação aqui pro Brasil.

A bola vem no pé dele e sai, volta e sai, ou seja, o cara sabe fazer um time jogar.

Nesse Fluminense com um elenco formatado com muita gente leve, rápida do meio pra frente, Ganso seria o cara pra dar controle a essa potência.

Controle, domínio, noção de tempo e espaço, hora de acelerar, hora de controlar, é isso que deve ser exigido de um jogador como ele.

Ganso, amigos, joga pra caralho. Tem olho nas costas como se diz na gíria boleira.

A depender do jogo, pode tanto recuar pra fazer saída de bola e organização, quanto jogar mais à frente pra acertar aquele último passe que deixará nossos atacantes na cara do gol.

É jogador que pode até não se encaixar em determinados modelos adotados por outras equipes, mas cai como uma luva no modelo de jogo que Diniz pretende implementar no Fluminense e no próprio elenco. Tecnicamente, sobra.

O Fluminense precisa demais de uma referência técnica. O Fluminense precisa demais que a torcida volte a acreditar que pode ser competitivo.

O Fluminense pode ter o Ganso, e, digo mais, pode manter o Pedro até o fim do ano. Basta ter isso como prioridade absoluta à frente de todas as outras.

Arrojo, coragem, criatividade nunca foram o forte de Pedro Abad. Mas eu acredito que com dois anos como presidente tenha aprendido a lição:

A tentativa de austeridade pura e simples ( com muitas controvérsias né?), com um Fluminense medíocre desfilando pelos campos faz o dinheiro ir embora e não o inverso.

É hora de acabar com esse teto salarial surreal e fazer uma força. Ganso e Pedro (jogador que pode voltar à seleção e se valorizar ainda mais) valem esse esforço, essa tentativa.

Outro aspecto importante é a torcida. Ela quer o cara. Está empolgada, as redes sociais do jogador estão sendo invadidas. Ganso viria como ídolo e referência.

A torcida tricolor, Abad, está com saudade do Fluminense forte e competitivo que as gestões de vocês maltrataram.

Que tal, pelo menos, levá-lo de volta à Libertadores em 2020?