Amigos, viramos o turno em ótima situação. Se é bem verdade que ainda não estamos classificados, também é o fato de que, diante da tabela até aqui e das enormes dificuldades de logística, terminar na liderança de turno em um grupo tão duro e com dois dos três jogos restantes em casa, é notícia a ser comemorada.
A vaga nas oitavas parece mais que viável, ela é provável. Mas como estamos para além da tábua de classificação? O que esperar do futuro, espelhando o que jogamos até agora? Eu vejo três Fluminenses. Mas enxergo apenas dois.
O primeiro, me encanta. Futebol não é só objetividade, números, preto no branco. É muito mais que isso. É entrega, comprometimento, desejo. E o Fluminense quer demais. Você vê em cada um dos jogadores o gosto pela batalha. Em cada lance, em cada erro ou acerto, temos um time que joga como time, que briga junto e que entra em campo pra deixar tudo. Isso importa demais e pode nos levar longe.
O segundo Fluminense me preocupa. Porque não joga bem nos aspectos objetivos do jogo. Se sobra entrega, falta recursos táticos viáveis, se encorpou como grupo, não evoluiu em opções para dar segurança ao torcedor de que podemos bater de frente contra times mais fortes no decorrer da competição.
O Flu não envolve. E nem estou analisando a deliberada opção de não ter a bola. Poderia envolver mesmo com a postura tática preferida pelo Roger.
Nosso meio joga demasiadamente espaçado, as opções de passe para construção de jogo ofensivo invariavelmente são para os jogadores abertos, que acabam dependendo do um contra um para criar jogadas. E geralmente esses caras recebem a bola longe do gol adversário porque estavam recompondo no sistema defensivo, sessenta, setenta metros da área adversária.
O jogo da última quinta-feira foi mais um no qual criamos muito pouco. Além do gol, de bola parada, uma ótima cabeçada do Fred e um chute raro do Caio Paulista, já nos acréscimos.
Defendemos bem, mas temos dificuldade de criar porque recuperamos a bola muito longe do gol do adversário e com quase nenhuma opção de passes curtos que envolvam o outro time.
O terceiro Fluminense eu acho improvável. Vejo, mas não enxergo no campo. Nele jogamos com um meio menos espaçado, com maior controle da bola, com passes verticais como opções para enfiadas ou triangulações.
Não vamos vê-lo porque não foi testado outro modelo de jogo que não seja os pontas correndo nos corredores setenta metros em cada jogada. Dá consistência defensiva, mas tira quase tudo da parte ofensiva, tira opções de passe envolventes e mantém a previsibilidade de um time muito espaçado e sem movimentação para criar muitas chances de gol.
Resta saber se o primeiro Fluminense terá forças para prevalecer sobre as dificuldades impostas pelo segundo.
Pragmaticamente falando, só saberemos se isso ocorrerá no momento em que o sarrafo dos testes – que já está alto – subir no decorrer da competição. Nesse momento nosso treinador terá que fazer opções que ainda não fez e tomar riscos que ainda não quis tomar.
O primeiro Fluminense quer demais. E enquanto isso ocorrer nós estaremos muito vivos esperando que a distribuição de nosso jogo melhore.
É possível.
Abraços tricolores
Curtas
– Marcos Felipe, Calegari, Lucas Claro, Nino e Egídio; Martinelli, Yago, Cazares e Gabriel (ou Ganso ou Nenê, dependendo do adversário, mas num esquema com um meio mais próximo) ; Kayky/Luiz Hhenrique flutuando e buscando o passe diagonal e Fred. Gostaria muito de ver esse time sendo testado.
– Arbitragem vergonhosa, venal. O pênalti foi vergonhoso, um acinte.
– Como está bem nosso goleiro!
– Reservas contra a Portuguesa. Todo o foco na Libertadores!