(Foto: Lucas Merçon/FFC)

Amigos, passamos!

 
 
 

Eu vou falar desse jogo mais pra frente, mas o Fluminense de Fernando Diniz coleciona duas vitórias que são fundamentais, nesse momento:

1 – Esse Fluminense vem resgatando a paixão do torcedor. No meio do caos que é a gestão Pedro Abad, esses caras vem jogando futebol, na mais completa definição do que venha a ser o Football (bola no pé). E ela está sempre no nosso pé. O Fluminense atual tem um compromisso com o jogo bem jogado que muito time milionário desse país não tem.

2 – E a mais importante delas: se a gente pegar os 22 jogadores em campo e pintar 11 de vermelho de um lado e 11 de verde do outro, sem camisas oficiais, calções, meiões e colocar pra jogar, qualquer um reconhece qual deles é o Fluminense atual. Isso se chama IDENTIDADE.

Nesses times pintados a saída de bola será feita com o primeiro volante vindo buscar no meio dos zagueiros, que abrem pelas laterais. O outro volante, joga num espaço, fazendo a cobertura do lateral direito que é ala e se aproximando pra dar o apoio na saída de bola. Na esquerda tudo muda. O lateral joga por dentro, cria superioridade numérica por dentro e deixa o atacante de lado aberto pro 1 contra 1. Quando esse atacante de lado vem por dentro, esse lateral/volante/meia ataca o espaço pra linha de fundo. Há um solista no meio campo que faz o time jogar com dois toques na bola no máximo, e além do atacante que joga pela esquerda, há outros dois. Um que é atacante/meia, que finaliza, entra na área e outro que joga mais centralizado, que busca o movimento de dentro pra fora, pra abrir espaço e receber bolas.

Reparem que ao lerem o parágrafo anterior, todos irão saber de quem eu estou falando sem nem precisar dizer nenhum nome de jogadores.

Esse Fluminense tem um conceito. Um padrão.

É evidente que esse Fluminense não possui os maiores jogadores do país. Há jogos que perde ou empata porque domina, chega e não define. E haverá outros. Mas a evolução de alguns jogadores sob o comando do Diniz é nítida.

Mateus Ferraz, Airton, Luciano, Everaldo, Caio Henrique… Comparem o que esses caras jogaram ano passado e o que estão jogando esse ano. É como eu disse num post lá no início do ano. O modelo bom é o que faz os jogadores evoluírem.

Nessa primeira fase da Sul-Americana três times de série A do Brasil já foram pra casa: O Bahia, a Chapecoense e o badalado Santos que caiu pro River Plate do Uruguai.

O confronto, como eu disse, foi um dos mais chatos que o Flu pegou de primeira rodada e, se não foram duas exibições de encher os olhos, o Fluminense mereceu demais a vaga.

Ontem, muito pela marcação do time chileno, que era muito agressiva e pressionava o Fluminense, o jogo acabou saindo das características a que estamos acostumados.

Foi o jogo do ano com menos posse do Flu (51%) e a menor quantidade de passes trocados (386 certos). Realmente acho que faltou um controle maior, rodar um pouco mais a bola.

De qualquer forma a capacidade de criar mesmo nesse cenário, jogo decisivo, fora de casa, apareceu: Foram 11 finalizações de dentro da área e 1 de fora, todas jogadas trabalhadas.

Nos 2 gols aparecem claramente conceitos do modelo.

No primeiro, o perde-pressiona com um bote muito inteligente do Airton, que atrasou o movimento pra roubar a bola, o passe que rompe linhas, a calma do Yony e o chute do Everaldo que aparece pela direita como segundo atacante.

No segundo, a pintura. Bola na lateral, pressão do adversário, no lado do campo e o triângulo se forma: Everaldo, Caio, Everaldo, Daniel, Everaldo (rondos de bobinho em poucos metros de campo), Yony faz o movimento pro lado e Luciano rompe a área.

Esse gol é quase um recado a quem tentar pressionar demais esse Fluminense, principalmente a saída pelo lado esquerdo.

Diniz achou o time. Eu, hoje, não trocaria uma peça e nem a função de cada um. Até alguns jogadores mais contestados eu manteria. Falarei deles em outra oportunidade porque hoje é dia de elogio.

O trabalho até aqui é muito bom. Você que começa a ver Sané, David Silva, Aguero e Sterling com a camisa do Fluminense pode esfregar os olhos e se beliscar: Não é sonho.

Tabelinha

  • Fla- Flu – Quem estiver bem joga, mas só quem estiver bem, sem correr riscos. Jogo bom pra dar outra porrada neles. Precisamos jogar jogos grandes, porque o brasileiro começa daqui a pouco. Depois, descanso total, 2 dias de folga, pra pegar o Luverdense pela terceira fase da copa do Brasil. Eu pouparia todos na semifinal da Taça Rio.
  • Esse time está mais do que merecendo um gás do torcedor. Tentem separar a gestão Peter/Abad/Flusócio e todos que os apoiaram, do Departamento de Futebol, que vem fazendo um bom trabalho nesse início de ano.