(Foto: Mailson Santana - FFC)

” …eu gosto que o time marque mais adiantado. Se não conseguir, tem que ser solidário e voltar para não sofrermos o gol. Quando estivermos organizados, com um pouco mais de tempo, a gente vai sustentar a marcação mais adiantada. O pior no futebol é quando você não marca nem
na frente e nem atrás como aconteceu algumas vezes no jogo de hoje. Taticamente ficamos mais vulneráveis. Depois, mais atrás, passamos a nos defender bem, mas não é o jeito de jogar que eu gosto. Como a gente não conseguiu se organizar porque pressão alta é coisa que demanda tempo, organização, encaixe e harmonia dos movimentos, para a gente saber subir todo mundo…”

 
 
 

Quando o Fluminense abriu o placar logo no início do jogo, esperava-se um time ainda mais agressivo com o objetivo de tirar o saldo negativo que deixasse a classificação menos complicada.

Nada disso aconteceu. O time, com a vantagem no placar, foi defender a sua área, recuou todo em bloco baixo exatamente como passou os últimos anos fazendo. Isso é comportamento adquirido.

E como esse jogo é todo encadeado, ou seja, a forma como você defende determina a forma como você ataca, o time com a bola, embora aproximasse e conseguisse criar conexões (o que já vinha acontecendo no trabalho do Abel) dificilmente chegava ao gol adversário por ter
que percorrer muitos metros de campo.

A situação se agravou por conta do atacante mais agudo e veloz do Fluminense, Luis Henrique, ter que fazer apoio de última linha defensiva, algo necessário quando as linhas baixam demais.

Do outro lado, na esquerda, como o William já não consegue há muito tempo exercer essa função, havia um revezamento com o Cano, que muitas vezes cumpriu esse papel de acompanhar o rápido lateral Viafara para que o Cris Silva não ficasse com dois jogadores contra um.

O Junior dominava as ações, as segundas bolas, pressionava a saída e o Fluminense, acuado, raramente escapava. Situação que já ocorreu com esse mesmo elenco em alguns jogos da temporada, principalmente quando foi pressionado (Milionarios lá até a expulsão, Olimpia, Botafogo, o próprio Junior no jogo fora de casa).

Em bloco baixo, e aqui concordo com Diniz, até que o time se defendeu bem no sentido de não dar muitas chances efetivas. Sempre lembrando que colocar 10 jogadores atrás da linha da bola dificulta pra quase todo mundo e não seria diferente contra um time apenas razoável.

A questão é que essa postura praticamente inviabiliza as outras fases do jogo.

E sai o gol de empate.

E Diniz mexe. E não mexe bem, apesar do resultado ter vindo.

Num jogo em que perdia o meio, ele tira o Yago (foi pra lateral esquerda) do meio e coloca o Nathan. Há um ganho técnico, mas uma perda física importante.

Num time que tinha grande dificuldade nas transições, sai William entra o Fred.

O jogo pendia pro Junior. Mas, satisfeito com o empate, recuou. E com o adversário recuando, todas as alterações que eu disse acima que não faziam sentido, passaram a fazer.

Com o adversário recuando pra garantir o empate, André, Nathan e Ganso, com Fred recuando pra se juntar nas conexões, funcionou. Nathan e Fred entraram muito bem no jogo.

Num rebote de lateral, com o Flu adiantando marcação (é o que faz sentido hoje) a bola sobra no Luis, que acerta uma chaleira pro Ganso a gente percebe como a velocidade cerebral é fundamental nesse jogo. Ganso com um toque sutil acha Fred em milésimos de segundo, Fred,
também em questão de segundo, acha Luis, que ataca corretamente o espaço e chuta muito bem, sem chance pro goleiro.

Marcação adiantada, aproximação, toques curtos e sai na cara do gol. Um gol de um modelo que Fernando vai tentar colocar em prática, mas que foi lance isolado no jogo de quarta feira.

Depois do gol, o time não buscou mais gols pra tirar o saldo. Fernando foi mais conservador nas mexidas e o Flu levou o jogo sem susto até o apito final.

Uma vitória que melhora pouco a situação muito difícil na sulamericana.

Fica do jogo e da fala do Diniz um questionamento:

Esse elenco, repleto de veteranos, é capaz de praticar por um período de tempo maior, conceitos que o treinador entende serem importantes?

Entendo, e óbvio que o treinador não pode falar isso, que temos posições que precisam ser atacadas com urgência.

Nenhum lateral do elenco até aqui possui condições de titularidade. A situação é gravíssima.

No ataque, com a saída do Luis Henrique, vai faltar poder de decisão ao mesmo tempo que há muitos veteranos entre os que mais jogam (William, Cano, Fred). Como vai pressionar adversário assim? E com Ganso por trás? Felipe Melo na zaga?

Sem Luis, o Fluminense terá apenas Arias e Caio Paulista pra fazer profundidade, ataque de espaço e drible, sendo que Arias é um atacante/meia que continua sendo uma aposta (válida) pra torneios de nível técnico mais elevado.

O Fluminense apostou demais em jogadores muito veteranos e outros fracos tecnicamente (Pineida, Cris silva). Num cenário de dificuldade financeira a opção deveria ser por jogadores no auge da carreira.

Sem atacar de foram certeira essas carências (ataque e laterais) vai ficar muito difícil o trabalho do Diniz e de qualquer treinador.

Hora de corrigir o erro do início do ano. Vai custar dinheiro (todo erro custa) mas pode ser a diferença entre brigar em cima ou embaixo.

Tabelinha

— Paulo Henrique Ganso. O que esse cara faz com a bola é coisa de doido. O que esse cara enxerga do jogo nem da arquibancada a gente consegue ver. É inacreditável ter passado praticamente 2 anos sem oportunidade. Tem gente que odeia futebol mesmo.