Foto: Marcelo Gonçalves - FFC

Em primeiro lugar quero deixar claro que o meu maior ídolo no futebol se chama Fluminense Football Club. Portanto, eu sempre irei defender o que considero bom para o clube e criticar o que considero ruim.

Em 10 anos nesse espaço com o Gustavo, foi sempre assim que agi, errando, acertando, mas sempre escrevendo de acordo com minha consciência, que é fruto de estudo sim, mas é fruto ainda maior do amor que eu sinto por esse clube.

 
 
 

Em segundo lugar, é sempre importante lembrar, nada do que será dito é pessoal. O texto diz respeito tão somente à atuação de alguns atletas e seu espaço no elenco nesse momento. E, como de praxe, a Flupress vai dar nomes.

Quando o Fluminense estava encravado na última colocação, numa crise sem precedentes recentes e sem esperança de dias melhores, Marcelo e Felipe Melo estavam no Departamento Médico e não havia quem os tirasse dali.

Semanas fora, sem previsão de retorno. A torcida mal ouvia falar neles. E o resto do elenco lutando, se matando pra tirar o clube da péssima situação deixada pelo tão perdido, quanto desconectado da realidade Fernando Diniz.

Mano Menezes chegou e conseguiu proezas sem os decadentes: Uma pontuação muito boa que tirou o clube da Zona de Rebaixamento. Colocou o Fluminense nas quartas de final da Libertadores e fez esse time voltar a ser competitivo, a ponto de boa parte da torcida estar muito esperançosa de sair definitivamente dessa briga incômoda no Brasileiro e buscar uma segunda semifinal seguida na maior competição do continente.

No bom momento, todo mundo resolve voltar, jogar, sem estar preparado minimamente para isso. E os problemas começam a aparecer.

Marcelo pode fazer cinco gols quarta-feira contra o Atlético-MG, mas a forma física que apresenta é uma vergonha para um clube que se diz profissional. Está pesado, não consegue correr, acompanhar os atacantes. E a má forma física cobra também um alto preço na parte técnica.

No último domingo, contra o Juventude, não conseguiu chegar a 80% de acerto de passes, errou praticamente todas as bolas longas que tentou e mal chegou na frente, onde sua capacidade técnica pode ser decisiva a favor do Fluminense.

Na vitória contra o São Paulo, num jogo bem controlado, o Fluminense quase cede o empate porque ele largou o ponta adversário (que o treinador do São Paulo inverteu no intervalo pra cair pela esquerda) e o maluco saiu na cara do Fábio, que salvou.

No início do jogo do último domingo, esticaram uma bola ali pela esquerda e eu vi pela televisão um jogador muito rápido chegando bem à frente do nosso lateral… era o Nenê, de 43 anos, sete a mais que o Marcelo.

Se a gente voltar um pouquinho no tempo, no título enorme que o Fluminense conseguiu em 2023, isso quase escapa porque dos quatro gols que o clube levou nas semifinais e na final, três foram diretamente relacionados a problemas de marcação do Marcelo.

Marcelo é um gênio. O maior lateral que eu vi jogar, mas, infelizmente, isso aconteceu no Real Madrid.

A regra no Fluminense, apesar de alguns picos de genialidade, é a má forma física, a falta de força, velocidade, mobilidade pra exercer a sua função ou qualquer outra caso alguém venha com a péssima ideia de tentar ajustá-lo no meio-campo jogando com o Ganso ou no lugar do nosso camisa 10.

O outro é o Felipe Melo. É muito grito, muito berro e pouca bola. Todo jogo é uma pixotada. Com os resultados acontecendo, boa parte da torcida passou a normalizar um fato inusitado: ter um zagueiro que sempre precisa sair, ter certamente uma substituição queimada porque quando o jogo começa a entrar naquela fase de mais espaços, onde os times estão mais desgastados, a presença dele passa a ser inviável.

E aqui tem sido um erro do Mano. O primeiro erro é ser opção. Mas quer botar pra jogar? Começa com ele. Rifa logo e tira no intervalo.

Felipe Melo estava fora quando o Fluminense ganhou no fim do Argentino Juniors, na virada contra o Inter na semifinal da Libertadores e na final contra o Boca, o time que vence não tem mais ele em campo.

A situação é tão extrema que na semifinal no Maracanã, esse rapaz precisou ser substituído quando o Fluminense ficou com menos um jogador.

O “normal” quando a gente fica em inferioridade numérica é tirar atacantes, mas o fluminense precisou tirar o zagueiro titular para conseguir se manter na competição e segurar o adversário. E eu nem preciso lembrar a quantidade enorme de jogos em que ele sai, André desce e o time melhora absurdamente.

Mano resolveu voltar com ele. Em poucos jogos já falhou no empate do Grêmio (demora absurda na cobertura e uma bola entre as pernas) e nos dois gols de ontem (no primeiro, por conta de uma queda constrangedora, saindo de sua posição e no segundo por uma cabeçada mal dada).

CHEGA!

Mano fez o Fluminense evoluir demais. O time pressiona mais na marcação, o bloco defensivo não é tão baixo como na era Diniz, o Fluminense passou a correr menos riscos naquelas saídas de bola que nunca funcionaram em 2024.

A bola longa, as segundas bolas e as transições funcionam mais. Mano opta por UM ataque mais forte e mais móvel e vem tendo sucesso. O time é muito mais estável defensivamente. Mas esta estabilidade, que nos trouxe até aqui, corre riscos.

O Fluminense muitas vezes traz o adversário, consegue se segurar pra sair e matar o jogo ou pra manter a vantagem conquistada. É a tônica do ótimo trabalho que vem sendo feito.

Mas essa segurança e estabilidade correm sérios riscos quando se trata de jogadores veteranos, fora de forma e que passaram boa parte do ano machucados.

Muitas decisões se aproximam. O futuro do Fluminense está ameaçado caso o clube vá para a segunda divisão. E tenham certeza: é vontade do país inteiro que isso aconteça, por conta de uma monte de inverdades produzidas ao longo dos anos.

Mano Menezes é conhecido pela estabilidade de seus times, pelo equilíbrio. No bom trabalho de Diniz em 2022, o Mano foi o vice-campeão brasileiro, inclusive aplicando uma goleada naquele bom Fluminense.

Equlíbrio, estabilidade, coerência. Justiça com quem nos trouxe até aqui. O espaço nesse momento é de quem está voando fisicamente e que ajudou nessa recuperação maravilhosa

O Fluminense, hoje, está desfalcado de alguns desfalques.

Saudações Tricolores!