Quem convive ou conviveu com crianças conhece a cena clássica de um jogo de futebol entre elas:
Todas atrás da bola ao mesmo tempo numa correria feliz e desenfreada.
E os pais do lado de fora gritando e tentando organizar minimamente aquela bagunça.
As crianças vão crescendo e a gente, olha como somos idiotas, começa a ensinar a elas que a vitória, a competição, a taça, são muito mais importantes do que a diversão e a felicidade.
Praticamente impomos esse pensamento mesmo que alguns deles prefiram se divertir.
E aquela criança que só queria correr atrás da bola e fazer gol, começa a se preocupar com tanta coisa que acaba esquecendo esse sentimento.
O futebol vira guerra, luta, sacrifício. Só presta quem ganha, como na vida, mesmo que o ” ganhar” possa ser subjetivo, afinal o que é uma vitória pra um, pode, dependendo do contexto, não ser pra outro.
E o ambiente do futebol vai se tornando tóxico, feio, chato.
Até que aparecem uns caras que, remando contra corrente, te trazem de volta boas sensações.
E Fernando Diniz é um deles.
No seu time todos jogam. Onde está a bola lá estão 3, 4, 5, 6 caras que um dia foram meninos e queriam estar exatamente ali: perto da redonda.
E de repente você se vê no pátio da escola brincando de bobinho com um monte de garoto em volta tentando roubar aquela bola.
Até o goleiro joga, participa.
Quem nunca foi um goleiro linha, que saía da área pra servir seus companheiros com passes ou lançamentos?
E o time vai todo pra frente buscar o gol, como crianças, leves, soltas, sem grandes preocupações.
Ou você conhece alguma criança que está preocupada com transição defensiva?
Perdeu a bola? Todo mundo ataca ela de novo porque o natural, o normal de quem ama futebol e bola, é gostar de estar com ela.
E o que falar das sensações?
Esse time do Fluminense é delicioso de ver jogar.
Ele encanta, apaixona, a arquibancada pulsa a cada toque, a cada saída de bola, a cada jogada construída.
Como crianças quando dão ovinho, balão, caneta, letra…
A ordem é se divertir.
E como estava faltando diversão no futebol brasileiro.
Se precisam de uma taça pra atestar sucesso ou fracasso de alguém, azar o de vocês.
Fernando Diniz é um sucesso pelas sensações que produz.
O prazer de ver o Fluminense voltou, a paixão pelo jogo, que guardo comigo desde sempre, volta junto com a infância revisitada.
Vale mais que taça, mas a nossa sociedade não está preparada pra essa conversa.
Saudações tricolores