(Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

Quem convive ou conviveu com crianças conhece a cena clássica de um jogo de futebol entre elas:

Todas atrás da bola ao mesmo tempo numa correria feliz e desenfreada.

 
 
 

E os pais do lado de fora gritando e tentando organizar minimamente aquela bagunça.

As crianças vão crescendo e a gente, olha como somos idiotas, começa a ensinar a elas que a vitória, a competição, a taça, são muito mais importantes do que a diversão e a felicidade.

Praticamente impomos esse pensamento mesmo que alguns deles prefiram se divertir.

E aquela criança que só queria correr atrás da bola e fazer gol, começa a se preocupar com tanta coisa que acaba esquecendo esse sentimento.

O futebol vira guerra, luta, sacrifício. Só presta quem ganha, como na vida, mesmo que o ” ganhar” possa ser subjetivo, afinal o que é uma vitória pra um, pode, dependendo do contexto, não ser pra outro.

E o ambiente do futebol vai se tornando tóxico, feio, chato.

Até que aparecem uns caras que, remando contra corrente, te trazem de volta boas sensações.

E Fernando Diniz é um deles.

No seu time todos jogam. Onde está a bola lá estão 3, 4, 5, 6 caras que um dia foram meninos e queriam estar exatamente ali: perto da redonda.

E de repente você se vê no pátio da escola brincando de bobinho com um monte de garoto em volta tentando roubar aquela bola.

Até o goleiro joga, participa.

Quem nunca foi um goleiro linha, que saía da área pra servir seus companheiros com passes ou lançamentos?

E o time vai todo pra frente buscar o gol, como crianças, leves, soltas, sem grandes preocupações.

Ou você conhece alguma criança que está preocupada com transição defensiva?

Perdeu a bola? Todo mundo ataca ela de novo porque o natural, o normal de quem ama futebol e bola, é gostar de estar com ela.

E o que falar das sensações?

Esse time do Fluminense é delicioso de ver jogar.

Ele encanta, apaixona, a arquibancada pulsa a cada toque, a cada saída de bola, a cada jogada construída.

Como crianças quando dão ovinho, balão, caneta, letra…

A ordem é se divertir.

E como estava faltando diversão no futebol brasileiro.

Se precisam de uma taça pra atestar sucesso ou fracasso de alguém, azar o de vocês.

Fernando Diniz é um sucesso pelas sensações que produz.

O prazer de ver o Fluminense voltou, a paixão pelo jogo, que guardo comigo desde sempre, volta junto com a infância revisitada.

Vale mais que taça, mas a nossa sociedade não está preparada pra essa conversa.

Saudações tricolores