O Fluminense lembra aqueles antigos jogos de tabuleiro. Você joga os dados, às vezes anda um pouco, outras vezes consegue um pouco mais. Aí, na jogada crucial, aquela que te deixa perto do fim do jogo, você cai naquele espaço que te manda voltar algumas casas, para, então, recomeçar.
Após a vergonhosa goleada sofrida pelo mais que comum time do Corinthians (recentemente perdeu seus jogos, mostrando péssimo futebol), Marcão e sua comissão técnica decidiram mudar. Ficou claro para todos que um time pesado, lento, sem recursos, com jogadores como Hudson e Nenê, não trazia a competitividade necessária para disputar partidas de série A.
Vieram as mudanças, bem recebidas por toda a torcida. É bem verdade que o time, limitado que é, não fez grandes partidas nas vitórias suadas contra Sport e Botafogo e no empate com o Coritiba.
Mas o caminho havia sido mudado. O propósito da tentativa foi claro: botar sangue novo, renovar o time para dar mais movimentação. E aqui repito o que escrevi acima, reforçando algo muito importante: a torcida apoiou a iniciativa.
Mas torcida e direção, torcida e comissão, parecem ser água e azeite. Há um evidente desinteresse em ouví-la, talvez mais que isso. Nas entrelinhas das entrevistas que escutamos desde o tempo de Odair Helmann, passando pelo “torcedor positivo” do Marcão e pelas falas dos jogadores e presidente (que parecem ter entrado no modo ‘nós contra eles’), o pensamento do torcedor parece ser mais um estorvo para esse Fluminense que a cada dia se distancia da arquibancada, que, embora vazia, está lá, tem voz e pulsa.
Faltando seis jogos para uma cada vez mais provável vaga na Libertadores, Marcão mostra que o que parecia convicção era apenas mais um capítulo de uma comissão técnica sem certeza de nada.
E então descobrimos que o time que enfrentará o Goiás (que vem de uma vitória com quatro gols na Vila Belmiro) trará ao torcedor o padrão que pensávamos ter sido descartado.
Um time com Hudson, Egídio, Nenê, Lucca e Fred é um time lento. Metade do time com jogadores bem mais lentos que a média. Um meio com Hudson, Martinelli e Nenê é um convite ao erro.
Pode dar certo? Amigos, no futebol tudo pode, mas vamos reconhecer que as chances são pequenas. Afinal, esse modelo foi experimentado e não alegrou ninguém que ainda se propõe a ver os jogos do time.
Por que, Marcão? Por que não seguir na estratégia de renovar a equipe? Por que não dar oportunidades a jogadores mais velozes, mais inteiros? Será a dificuldade de controlar o vestiário? Uma pena, porque a ação mais difícil, a barraçao dos veteranos após a goleada, já havia sido tomada.
Que a sorte esteja conosco no domingo. Iremos precisar mais uma vez, talvez nos trinta minutos finais, que é quando, em regra, as mudanças óbvias são tardiamente feitas para tentar salvar mais uma atuação lenta, estática e sem força.
A sensação é de que, de fato, voltamos algumas casas.
Abraços tricolores.