Fala, galera!
Uma das brincadeiras mais atuais no Brasil, especialmente na internet, é o confronto entre o raiz e o nutella. Um representa o tradicional e o outro, uma falsa modernidade, blasé. Esta comparação se encaixa no Fluminense. O raiz, que já nasceu vencedor em 1902, sendo o primeiro dos grandes a ostentar Football no nome, que se tornou o maior campeão do estado e aterrorizava os adversários.
O raiz, quando teve o primeiro estádio para grandes espetáculos do Brasil, em 1919. Que criou o termo “torcedor(a)”, com as mulheres nas arquibancadas desde sempre. O que sediou a seleção brasileira no início de sua trajetória. Raiz por ser o primeiro carioca campeão do mundo, em casa, na Copa Rio de 1952. Único time de futebol do mundo detentor da Taça Olímpica, reconhecendo o exemplo organizacional que era o Fluminense enquanto instituição esportiva. Clube raiz que conquistou inúmeros títulos nacionais e internacionais em sua história. Na Espanha, França, Japão, entre outros países. Campeão Brasileiro em 1970, 1984, 2010 e 2012. Copa do Brasil em 2007, entre outras competições que bateu na trave, quando poderia aumentar ainda mais a sua recheada sala de troféus.
Apesar da nebulosa década de 1990, campeão raiz, com direito a gol de barriga de Renato Gaúcho, eternizando um dos maiores clássicos do mundo. Clube raiz que levou multidões ao Maracanã e protagonizou o maior espetáculo da história visto neste estádio, durante a final da Libertadores de 2008. Raiz, que calou o Boca Juniors na temida La Bombonera com seus mais de cinco mil viajantes apaixonados. Raiz que fez torcedores acamparem para a compra de ingressos de grandes jogos e “invadiu” aeroporto, mesmo após uma derrota acachapante. Que teve alguns dos principais jogadores do país vestindo a sua camisa, apresentados em seu histórico salão nobre. Que perpetuou a sua armadura após a espetacular e jamais vista reviravolta no futebol brasileiro, desbancando os matemáticos, que cravaram um rebaixamento em 2009.
Uma rica história do passado distante e recente, para se transformar, a partir de 2013, num clube “nutella” trazendo a expressão para o nosso debate. Que vê dirigentes tomando decisões equivocadas em todos os cenários. Que se acomoda e se acostuma com a derrota, com a falta de títulos. Já são seis anos longe deles, levando em consideração que a Primeira Liga é simbólica e nada importante para a gestão e comissão técnica, que em 2017 “tirou o time de campo”.
Clube cigano, sem casa para jogar. Do caldeirão do Manoel Shwartz e Maracanã à Los Larios, em Xerém, para 300 espectadores. Antes, Giulite Coutinho, a Arena Flusócio.
Clube nutella, que deixa de priorizar o futebol no seu plano de negócios, em detrimento a um equacionamento falacioso. Nutella que distancia o torcedor do clube. Que separa famílias nas arquibancadas e não permite que o torcedor tenha contato com jogadores. Que aposenta mascote histórico e aniquila ídolos por questões políticas. Clube “nutella”, que se tornou um cabide de empregos para amigos e não tem capacidade de gestão, transformando um clube onde pouca gente quer jogar.
Nos cofres, um rombo atrás do outro. Nutella de mentiras e falsas promessas dos seus dirigentes que, vale lembrar, chegaram a protagonizar as páginas policiais, manchando a imagem do clube. Que prometeram mundos e fundos para se perpetuar no poder. Transformando o Fluminense numa verdadeira “caixa preta”. Dentro de campo, um time que não impõe mais respeito aos adversários. Chacota dos rivais. Nutella.
Um clube que desanima os seus fãs e não têm mais o mesmo desejo em estar ao lado do time, gastando a voz durante os 90 minutos. Que, nem mesmo pela tevê, mantém o Flu como prioridade. Um efeito cascata que, aos poucos, vai transformando o Fluminense naquilo que ele não é e nunca foi, mas que se nada for feito, poderá se tornar: pequeno.
Saudações tricolores de um torcedor raiz!