Tudo que começa mal, termina mal? É bom que a premissa não se confirme, para o bem da torcida tricolor. Ainda iniciando os trabalhos de preparação para a temporada, o Time de Guerreiros perdeu o segundo jogo seguido, com uma atuação abaixo da média. Assistindo aos alemães do Colônia tomarem as rédeas do confronto, a desorganizada equipe verde, branca e grená sofreu novo revés: 3 a 2. O resultado deixou os comandados de Cristóvão Borges na última colocação do Florida Cup.
Como num deserto, a partida iniciou em forma de miragem. Edson abriu o placar para o Tricolor aos cinco minutos, de cabeça. Esperto, o volante se antecipou aos defensores e empurrou, de cabeça, para as redes. Seria a fagulha para incendiar o time e dar baile para alemão, americanos e brasileiros verem? Ledo engano. Dois minutos mais tarde, numa bobeira patética de Cavalieri, que saiu atrasado do gol, Ujah subiu mais alto e desviou a redondinha para o fundo do barbante. Quem deixou para tomar repor o chopp depois depois do primeiro gol do Flu, quando voltou sentiu o gosto amargo.
Embaraçado, enrolado, indecifrável, no sentido mais negativo dos termos, o Fluminense baseava seu jogo na força de vontade, porque parecia ser a única coisa que havia entrado em campo pelo lado das três cores que traduzem tradição. Já os adversários apresentavam um padrão de jogo, uma rotina de passes certos e diminuição dos espaços quando não tinham a posse da bola. A falta de ritmo do clube das Laranjeiras era tão notória que, em determinados lances, cometia faltas duras por perder o tempo da redondinha. Mesmo com este cenário, o Tricolor persistia. Conca e Wagner pouco produziam de forma efetiva, sem muita mobilidade. O Colônia, por sua vez, construía as jogadas de pé em pé, parando somente na linha de impedimento do Flu ou no bom posicionamento dos defensores, como Victor Oliveira.
O primeiro tempo estava desenhado com tons fortes e claros: um bando de um lado e um grupo do outro. Na etapa complementar, com cinco minutos jogados, veio a virada do Colônia. Para variar, em meio a um apagão geral da defesa tricolor, Finne encobriu Julio Cesar, a bola bateu no travessão e, arisco, ele mesmo pegou o rebote. Fernando, desesperado procurando a bola, só a tocou mesmo indo buscá-la no fundo das redes. Aliás, atuação instável a do lateral, como a de praticamente todo o time.
A equipe tricolor não se encontrava em campo. Se no primeiro tempo, o time conseguiu mostrar uma leve sobriedade, na etapa final, com mudança de 10 jogadores, foi um Deus nos acuda, principalmente na defesa. Sem ter culpa por isso, o Colônia foi lá, sem só, e deixou mais uma nas redes. Golaço, num tiro fortíssimo de fora da área, no ângulo esquerdo de Julio Cesar. Sem chances para o goleiro.
É claro que o pouco tempo de trabalho disponível para os tricolores afetava no desempenho. Contudo, nem uma andorinha, ou melhor, andorona, dado o tamanho, tentava fazer verão. Muito mais pesado do que todos os jogadores em campo, ostentando uma barriga monumental, Walter conseguiu lances de efeito e buscava o jogo. Se ele pode, por que os outros tinham tanta dificuldade? Vá entender. Coisas do futebol. Seguindo essa linha, os deuses apontaram para o jogador e disseram: “vai que é tua, gordinho!”. E ele foi! Recebendo um passe despretensioso, Walter surpreendeu seus marcadores e o goleiro alemão, soltando a bomba, de fora da área. Era 3 a 2 agora. Haveria tempo para o empate ou, até mesmo, uma virada? Sim. Mas ela não veio.
O jogo terminou com um gosto de preocupação. O ano será de muito trabalho para o Time de Guerreiros. Resta saber se, tanto o treinador como os jogadores poderão gozar da confiança do torcedor até o time entrar no prumo. Que venha o Campeonato Carioca, para lavar a primeira impressão. E que esta, claro, não perdure!