(Foto: Mailson Santana/FFC)

Com a proximidade das eleições, Pedro Abad está muito perto de deixar o cargo de presidente do Fluminense. Na próxima segunda-feira, dia 10 de junho, seu sucessor, Mário Bittencourt ou Ricardo Tenório, assume em seu lugar. Mas e quanto às promessas de campanha de sua gestão? O portal Globoesporte detalhou aquelas que NÃO foram cumpridas, ou não cumpridas totalmente. Confira:

CONQUISTA DA LIBERTADORES

 
 
 

O que Abad prometeu:

Conquistar o torneio continental pela primeira vez na história era a principal pretensão de Pedro Abad. É possível ver que esse era o objetivo central – literalmente – na imagem de sua campanha que circulou durante o período eleitoral de 2016.

O que aconteceu:

A gestão Abad não conseguiu sequer se classificar para o torneio mais importante da América do Sul. Foi 14º no Brasileiro 2017 e 12º no Brasileiro 2018. Nos mata-mata, o mais perto que chegou de vaga foi a campanha na Sul-Americana de 2018, quando caiu na semifinal – o campeão conquistaria a classificação.

NOVO ESTÁDIO

O que Abad prometeu:

Assim como a conquista da Libertadores, na mesma imagem distribuída pela campanha do presidente estava a construção do novo estádio, que não foi concluído. Há ainda algumas frases do presidente sobre isso.

28/09/2016 – É um projeto ambicioso e complicado, dependemos da ajuda da Prefeitura. Mas na história do clube sempre ultrapassamos desafios, e vamos conseguir construir. A construção depende de fontes de financiamento. Temos três previstas no estudo. Dependendo da receptividade, podemos ter recursos maiores e imediatos.

28/06/2017 – É um compromisso da nova diretoria dar esse importante passo, construir um estádio próprio para o clube. E será feito de forma adequada. Deixo um recado para você, torcedor: estádio próprio é sim uma meta e será feito com muito suor.

23/06/2018 – O que eu sempre apresentei foi a ideia de ter um estádio próprio. E isso está andando. Houve uma certa precipitação do Peter de relacionar aquele terreno com a minha ideia de estádio. Agora, o estádio é uma ideia que vou levar à frente. No momento certo, isso vai chegar ao público. Temos três opções em uma área bem estabelecida. Acredito que teremos condições de mostrar em breve. Até o fim da minha gestão esse assunto estará claro: onde será, o que será e como será pago. Envolve, posso dizer, que o torcedor compre as cadeiras.

O que aconteceu:

Envolto com problemas financeiros, o Fluminense está bem longe de ter um estádio próprio. Vice de projetos especiais na época, Pedro Antonio chegou a defender um projeto de estádio na região do Parque Olímpico, zona oeste do Rio de Janeiro. A ideia não avançou por discordâncias políticas. Foi isso, inclusive, que levou à demissão de Pedro Antonio. Pessoas próximas ao presidente viram na divulgação à imprensa um modo de pressionar a diretoria.

Fato é que Abad chega ao fim de seu mandato sem idealizar nenhum projeto de construção de estádio novo. O mais perto disso é a reforma das Laranjeiras e a gestão compartilhada com o Flamengo pelo Maracanã. Em recente entrevista, Abad disse que assinou um contrato com uma empresa para o estudo de viabilidade do estádio próprio. Ela mantém o trabalho em curso de análise de terreno, custo e capacidade, mas sem revelar maiores detalhes.

REVITALIZAÇÃO DAS LARANJEIRAS

O que Abad prometeu:

Ainda no material distribuído durante a campanha, o presidente tricolor tinha como meta revitalizar a sede das Laranjeiras, mas não conseguiu.

O que aconteceu:

Abad revelou recentemente que não acreditava no projeto de revitalização das Laranjeiras e apenas deu aval para que o grupo de tricolores tocasse de forma independente, sem participação do Fluminense. Além disso, a parte social do clube foi considerada abandonada por alguns frequentadores, a piscina principal interditada e o Bar dos Esportes, desativado.

RESULTADO EM 2018

O que Abad prometeu:

06/12/2017 – O trabalho continua. Já pensamos no elenco para 2018. Tenho a certeza que no próximo ano, com um elenco mais experiente e reforçado, a gente vai ter um resultado esportivo muito melhor do que em 2017.

O que aconteceu:

Claro que não dá para considerar Pedro Abad como único responsável pelo resultado do Fluminense dentro de campo. Apesar disso, não dá para dizer que o resultado esportivo do Tricolor foi “muito melhor do que em 2017”. Em 2018, o Flu só foi melhor no Brasileirão e na Sul-Americana, e, ainda assim, não foi tão superior.

ELENCO

23/06/2018 – É óbvio que o grupo é pequeno. Bom, mas com poucas opções ao treinador. Sabemos disso. Mas tem o momento certo de contratar, que é agora. A gente expôs isso, todo mundo sabia. Os jogadores que vamos trazer vão dar opções ao treinador e vão qualificar o grupo. É claro que vamos trazer. (…) Vamos reforçar para dar opção. É óbvio que precisamos de um meia, vamos trazer. Temos Pedro, Ayrton, Richard, todos muito bem. Vamos trazer os jogadores certos, que vão encaixar e render dentro de campo.

O que aconteceu:

Pedro Abad não conseguiu cumprir a promessa de trazer um meia para o Fluminense no segundo semestre de 2018. O presidente garantiu que o clube iria se reforçar no meio do ano e de fato o fez, mas sem nomes para o meio de campo. Chegaram ao Tricolor depois de 23 de junho daquele ano: Paulo Ricardo (zagueiro), Digão (zagueiro), Kayke (atacante), Bryan Cabezas (atacante), Júnior Dutra (atacante), Luciano (atacante) e Everaldo (atacante).

PEDRO ANTÔNIO

O que Abad prometeu:

28/04/2016 – Nenhum quadro de valor como o Pedro Antônio pode ser dispensado. É uma figura importante que não podemos prescindir.

O que aconteceu:

Logo no primeiro ano do mandato de Pedro Abad, seu xará, Pedro Antônio, não seguiu no clube. O Fluminense anunciou a saída do ex-vice de projetos especiais dias depois que o VP divulgou e deu detalhes sobre a ideia de construir um estádio no Parque Olímpico. A postura do dirigente em falar e no modo como abordou o assunto causaram um mal-estar interno no clube.

REFORÇOS

O que Abad prometeu:

20/12/2016 – Certamente para ser titular. Pode ser que uma ou outra posição a gente também traga jogadores para compor elenco, dependendo de quem saia. Mas esses quatro reforços que queremos são para o time titular.

O que aconteceu:

Não chegaram quatro reforços para o time titular nos primeiros três meses da gestão Abad. Os partidários do presidente podem até dizer que Orejuela e Sornoza chegaram ao clube durante a gestão do atual presidente, o que é verdade, mas eles foram contratados enquanto Peter Siemsen ainda era o mandatário. Das contratações feitas por Abad no início de sua gestão, apenas o lateral-direito Lucas chegou ao clube com status de titular.

SAMORIN

O que Abad prometeu:

23/06/2018 – Temos algumas pendências a pagar para poder continuar. Quitando o que está atrasado, o projeto continua. Marcos Manso conseguiu patrocinadores. Os números do que cada empresa vai colocar estão determinados. Do orçamento de 800 mil euros, conseguimos 400 mil euros por ano. É preciso ter todo o clube em funcionamento. Se for assim, não se faz evento social. Mas sem isso, não se tem as mensalidades. Tem de balancear os interesses. Não queremos encerrar e vamos manter o projeto.

O que aconteceu:

Sem patrocínios para conseguir retorno financeiro no projeto na Eslováquia, o Fluminense decidiu, no início do ano, encerrar a parceria e entregou um documento à filial europeia anunciando a intenção. Como há um prazo mínimo de seis meses entre o aviso e a saída de jogadores e funcionários tricolores da Europa, a ideia é não estar mais presente no começo da temporada 2019/2020.

FLUMINENSE NO TOPO

O que Abad prometeu:

28/09/2016 – Tenho certeza de que vou deixar para o Fluminense uma base cada vez mais sólida. (…) Tenho certeza de que, com a ajuda do próprio Peter, vamos levar o Fluminense para o lugar dele, no topo da cadeia.

O que aconteceu:

Apesar de vir mostrando um futebol com toque de bola mais envolvente na atual temporada, o Fluminense de Pedro Abad ainda não conseguiu chegar “ao lugar dele, no topo da cadeia”. Durante a gestão do atual presidente, as melhores colocações nas competições que participou foram um vice-campeonato carioca, uma semifinal de Sul-Americana, um 12º lugar no Brasileiro e duas eliminações nas oitavas de final na Copa do Brasil.

Houve ainda promessas que foram cumpridas PARCIALMENTE, mas não TOTALMENTE, como:

ÍDOLOS

O que Abad prometeu:

20/12/2016 – Momento financeiro não necessariamente atrapalha a chegada de um ídolo. Tem muitos jogadores que a torcida vai gostar, vai ouvir o nome e ficar satisfeita. E a condição de ídolo se constrói também em campo, com um histórico longo no clube. Às vezes jogadores de nome chegam e não se identificam com a torcida. Hoje temos o Scarpa extremamente identificado. Nossa intenção é construir ídolos.

O que aconteceu:

O Fluminense de Abad realmente construiu ídolos durante a gestão. Os melhores exemplos de hoje podem ser os atacantes Pedro e João Pedro, além do meia Ganso. O problema é que outros jogadores já ocuparam essa posição e não saíram bem, como é o caso do próprio Gustavo Scarpa, e de Henrique Dourado. Mais uma consequência dos problemas financeiros que sufocam o clube, esses dois atletas saíram por causa da insatisfação que os salários atrasados geraram.

SÓCIO-TORCEDOR

O que Abad prometeu:

23/06/2018 – Esse é um projeto que está sendo tocado. Deve estar funcionando até o final do ano. Há expectativa de gerar receita. Agora, o clube não pode sentar nisso. Tem de fazer algo. O nosso Programa de Relacionamento não será só com ingresso. Ele também terá ingresso. Ir ao jogo será natural. O plano oferecerá benefícios baseados em boas parcerias. Veja bem: não é um plano de sócio-torcedor. Os benefícios são descontos, itens exclusivos, experiências únicas, como ver treino, ir a hotel dos jogadores, ir ao camarote do presidente. Coisas que não têm preço ao torcedor. Quem não estiver, não terá as experiências.

O que aconteceu:

Quem se associa ao Fluminense realmente tem descontos em parceiros comerciais, experiências únicas como apresentação de reforços, visitar o Maracanã, assistir à partida de camarote e visitar o CT. Não consideramos essa frase como promessa cumprida porque faltou esse contato mais próximo com o presidente e também comparecer ao hotel dos jogadores, o que não aconteceu neste ano.

Sobre gerar receita, o balanço de 2018 do Fluminense aponta arrecadação de R$ 5,216 milhões com o programa de sócio-torcedor. Número pouco superior a 2017, quando embolsou R$ 4,554 milhões.

FINANÇAS

O que Abad prometeu:

27/11/2018 – Vários problemas que aconteceram. Penhoras pesadas, questões trabalhistas. Não vendemos atletas esse ano. Infelizmente faz parte. Não tivemos essa venda. Isso impacta o caixa. Reforça o trabalho que a gestão vem fazendo de manter as obrigações cumpridas. Muito em breve estarão cumpridas.

O que aconteceu:

Apesar de ter problema regulares em quitar os salários de jogadores e funcionários, Abad cumpriu com a promessa de que iria acertar o que estava atrasado no fim do ano passado. Porém, só neste ano, os jogadores do Tricolor não treinaram duas vezes como forma de protesto pelo atraso salarial. Recentemente o clube acertou alguns pagamentos de jogadores, mas não o de funcionários, o que gerou insatisfação interna. Por isso, não dá para considerar que a promessa foi totalmente cumprida pelo presidente.

GESTÃO

O que Abad prometeu:

Durante a campanha para a presidência, Pedro Abad e seu grupo divulgaram um material que continha 10 propostas para o período que fosse o principal dirigente do Fluminense. Um dos pontos dizia que haveria uma gestão eficiente e transparente com o balanço financeiro auditado.

O que aconteceu:

Apesar de ter em seu site uma área de “transparência” e de fato obter balanços financeiros auditados, a gestão de Abad peca na hora de se caracterizar como “eficiente”. Claro que o presidente herdou as dívidas da gestão anterior e que ele alega serem maiores do que supunha mesmo sendo presidente do Conselho Fiscal de seu antecessor. Porém, o presidente não deu jeito nas contas do Flu e faltou, de fato, eficiência para tirar o Tricolor desse sufoco.

No mais, os balanços financeiros realmente foram auditados. Enquanto os de 2016 e 2017 foram aprovados pelos auditores independentes sem problemas, o de 2018 apresentou ressalvas. O parecer sobre o balanço do ano passado ressaltava que não conseguiram evidências sobre o cumprimento de algumas exigências do Profut. É possível acessar o documento no site oficial do clube, ou clicando aqui.

COMITÊ DE EXECUTIVOS

O que Abad prometeu:

26/11/2016 – Não penso em nome de atletas. Não acredito em um modelo em que o presidente indique nomes. Vou montar um comitê de executivos que irá contratar. Antes de pensar em nomes, penso em filosofia.

O que aconteceu:

O comitê de executivos no futebol durou somente no primeiro ano da gestão de Abad. À época o GloboEsporte.com publicou uma matéria explicando como seria o novo formato, sem um dirigente centralizador. Porém, o comitê foi diluído e hoje em dia as decisões não são mais tomadas única e exclusivamente no consenso. Por ter começado o mandato com o formato diferente de gestão, mas deixado para trás durante os dois anos seguintes, consideramos a promessa como “Pelo caminho”.

EMBAIXADAS E GESTÃO

O que Abad prometeu:

26/11/2016 – Vamos reativar o projeto das Embaixadas e vamos ter pontos do Fluminense pelo Brasil todo para os tricolores assistirem a jogos. O apoio do Fluminense a isso será intenso. Tenho um plano de gestão avançado. Quero criar uma vice-presidência de governança para tocar isso.

O que aconteceu:

É possível considerar essa promessa cumprida em parte. Isso porque o projeto das Embaixadas não foi reativado. Porém, por outro lado, foi durante a gestão de Abad que foi criada a vice-presidência de governança. O primeiro a ocupar o cargo foi Sandor Hagen, que deixou o posto dada a instabilidade política no clube. O atual VP é Daniel Kalume, que assumiu em agosto de 2018.

PATROCÍNIO

O que Abad prometeu:

14/12/2016 – Temos conversas com duas empresas privadas e estamos aptos a receber patrocínio da Caixa. Trabalhamos nessas frentes e esperamos resolver isso da maneira mais rápida possível com valores condizentes com a camisa do clube.

O que aconteceu:

O Fluminense vem tendo dificuldades para conseguir um acordo de patrocínio máster desde o fim da parceria com a Unimed. E isso permaneceu durante a gestão de Pedro Abad. Porém, no início de 2018 o Flu fechou com a Valle Express e estava mais esperançoso que dias melhores viriam.

Só que a parceria não durou muito, já que a empresa do ramo de cartões, pagamentos e benefícios atrasou alguns pagamentos e teve o contrato rescindido. O caso ainda corre na justiça. Consideramos “Pelo caminho” porque apesar de ter fechado com algumas companhias, nenhuma das parcerias firmadas mostrou-se duradoura.

CENTRO DE TREINAMENTO

O que Abad prometeu:

27/11/2016 – Quero exaltar o Pedro Antonio. Ele chegou ao Fluminense com extrema humildade. Em dez meses, ele fez algo incrível com o CT. Nós vamos concluir o trabalho.

26/01/2017 – Vamos diminuir o ritmo das obras. Não será o investimento que foi feito para o ano passado. Será mais lento. Parar totalmente, nunca vai parar. Tem coisas que podem até perecer. Estamos terminando o que já havia sido contratado, e agora vamos diminuir para investir recursos em quitação de dívidas e, eventualmente, até no próprio time de futebol. Mais para a frente, vamos retomar e terminar o CT.

O que aconteceu:

Desde a saída de Pedro Antônio, as obras passaram a andar mais devagar. Atualmente há dois campos, academia, espaço para trabalhos regenerativos (hidros, piscina) e salas para o departamento de futebol. O prédio principal segue praticamente não utilizado. O refeitório é usado para entrevistas coletivas. A sala de imprensa não foi inaugurada. O projeto inicial prevê também hospedagem. A rua de acesso ao lado do Sesc até hoje não foi finalizada. A entrada continua sendo pelo acesso provisório, que é uma rota de fuga da Cidade de Deus.

FINANÇAS

O que Abad prometeu:

23/06/2018 – Eu sei o que estou fazendo. Quando acabar meu mandato, em 2019, eu tenho certeza de que o Fluminense vai estar melhor do que estava. Certeza absoluta. Vou sofrer para quê? Não vou sofrer para nada. Vou entregar um clube melhor. Não estou aqui atrás de reconhecimento. Ao acabar meu mandato, vou para casa, volto para a arquibancada e ajudarei o próximo presidente, se ele quiser. E no que ele quiser.

O que aconteceu:

O último balanço do Fluminense, de 2018, apontou um prejuízo bem menor do que o do ano anterior. Por outro lado, houve aumento do déficit acumulado e também do passivo. Com base nos balanços, o ano de 2018 foi apenas menos desastroso em relação a 2017. Por mais que tenha essas questões, fato é que Abad não vai conseguir entregar “um clube melhor”.