Empresários que ganharam contratos para vender ingressos das Copas do Mundo negociaram dar um presente de 2 milhões de euros para o presidente da Fifa, Joseph Blatter. As tratativas estão descritas em processos registrados na Justiça americana por executivos da empresa iSe e que o jornal Estadão obteve acesso.
Em 2003, a companhia ganhou um contrato da Fifa para ter os direitos de vender entradas VIPs e pagotes de hospitalidade para a Copa de 2006, num valor de US$ 270 milhões e que era cobiçado pelos maiores grupos do mundo. A iSe havia sido formada pouco tempo antes, numa aliança entre a Dentsu e a Publicis, e surpreendeu o mundo empresarial ao ser a escolhida para monopolizar a venda dos pacotes de luxo ao Mundial.
Mas o ex-executivo da iSe, Marty Schueren, em um processo aberto em 17 de outubro de 2005, denunciou como o presidente da empresa, Haruyuki Takahashi, viajou até Frankfurt em março daquele ano para pedir que uma empresa paralela fosse estabelecida na iSe, com um capital de 2 milhoes de euros.
Diante da impossibilidade legal de se criar a nova empresa, Takahashi sugeriu que um contrato fosse fechado entre a iSs e a Intersports para pagar 2 milhões de euros e que teria de ser entregue em dinheiro vivo. Nenhum serviço seria prestado e o contrato apenas existiria para legitimar a transferência de recursos.