Grupo de oposição até 48 horas antes das últimas eleições presidenciais do Fluminense, o MR21 se uniu à Flusócio e a chapa de Pedro Abad, formando a coalizão que conseguiu a vitórias nas urnas. Durante o período em que apoiou a gestão, fez diversas denúncias através de seus membros, abriu discussões quanto ao cenário gerencial e financeiro e acabou envolvida numa espécie de batalha silenciosa com a Flusócio. Nesta quarta, o grupo em questão anunciou a sua saída da gestão e explicou os motivos.

Veja:

 
 
 


O MR21 – MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO 21 DE JULHO, em respeito aos sócios e torcedores do Fluminense Football Club, quer compartilhar sua visão do momento vivido pelo nosso Clube.

Após uma série de acontecimentos que iremos detalhar ao longo desse texto, não resta alternativa ao MR21 – MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO 21 DE JULHO senão oficializar algo que, na prática, já é realidade há muito tempo: a ruptura com a atual gestão. Não que houvesse, de fato, necessidade. Em termos práticos, jamais tivemos a oportunidade de participar desta além das críticas que a mesma recebe.

Entretanto, a fim de que os aproveitadores de sempre não iniciem suas críticas e conhecidas cobranças como fazem em momentos nos quais recordam, como de sua conveniência, de nossa participação na gestão, reiteramos nosso posicionamento de defesa dos interesses do Fluminense acima de quaisquer outras iniciativas, de qualquer natureza. E, indubitavelmente, os interesses do Fluminense Football Club são absolutamente contrários aos de Pedro Abad, seu grupo e seus apoiadores.

Promessa: gestão colegiada e profissionalismo

A atual gestão foi eleita, em novembro de 2016, com a promessa de promover uma administração participativa e fundamentada nas mais básicas premissas do profissionalismo, abolindo velhas práticas politiqueiras e tratando o futebol com absoluta prioridade.

Ultrapassados 16 meses da gestão, o que se observa é um modelo fundamentado em fisiologismos, moldado aos interesses de quem somente tem em mente a manutenção de um poder garantido por acordos que em nada favorecem aos interesses do Clube, encarado como um cabide de cargos a seus correligionários e apadrinhados, sem qualquer preocupação com o sucateamento do departamento de futebol.

Prática: amadorismo mascarado

Na prática, temos uma gestão absolutamente amadora que tenta se travestir de profissional. Um engodo forjado com o exclusivo objetivo de enganar os tricolores e toda a estrutura externa relacionada ao Fluminense, enquanto o mesmo segue em processo de implosão. Uma dissimulação comparável apenas ao seu executivo, Pedro Abad, e seu mentor, Peter Siemsen.

A atual gestão acredita que pode forjar uma imagem profissional apenas com a contratação de profissionais renomados, com salários altíssimos, servindo-se destes para erguer uma cortina de fumaça, enquanto por trás desta segue investindo pesado no amadorismo que lhe garante o poder.

Profissionalismo não se limita a ter executivos remunerados em uma das pontas da estrutura de funcionamento, mas na garantia de condições do pleno exercício de suas atividades; no estabelecimento de metas e cobrança pela consecução das mesmas; no estabelecimento de um modelo de gestão por competências; e na adoção de critérios sólidos de escolha dos ocupantes de cada cargo.

Hoje, infelizmente, o Fluminense é um Clube sem ambição, que se contenta com o mínimo. Ou, por vezes, com absolutamente nada. É um clube quase totalmente administrado por incompetentes, à imagem e personificação de seu mandatário, escolhidos na maioria dos casos sem critério, em um ambiente no qual o amador sustenta abertamente a sua sobreposição ao profissional, em negativa total a tudo que se prometeu durante o processo eleitoral.

Nossa atuação

O MR21 – MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO 21 DE JULHO dedica-se de forma incansável na tentativa de estabelecer mudanças a essa dinâmica perversa. Mesmo confiando na promessa de desenvolvimento de uma gestão participativa, o grupo jamais se furtou a expor suas críticas e sugestões. Jamais fugiu das responsabilidades que nos cabem e do peso das duras e, por vezes, injustas, críticas recebidas justamente por ter confiado nas promessas de pessoas que, infelizmente, jamais tiveram o sucesso do Fluminense como norte.

Foram incontáveis reuniões, exposição dos mais diversos tipos de equívocos, pedidos de acertos, sugestões de novos formatos. Projetos foram apresentados, pedidos declarados. E, mais do que uma decepcionante resposta negativa, tivemos como resposta o silêncio próprio daqueles que fizeram pouco ou nenhum caso para o que se expunha. Para o que se pedia.

Gestão compartilhada?

Sim, tantas vezes lembrada nas críticas, mas cujo significado em nada representava no processo de tomada de decisões. Nos caminhos estabelecidos. As escolhas sempre foram feitas sem consulta, sem debate. Sequer satisfação. As reclamações, por óbvio, aumentaram. Primeiro, internamente. Depois, expostas ao público.

Enquanto isso o Fluminense que Pedro Abad e seus seguidores insistem em montar é algo completamente distorcido do Fluminense que aprendemos a amar. Respostas vagas e evasivas, que revoltaram torcedores, sócios e conselheiros do clube, parecem construções matemáticas perto das recebidas para cada questionamento apresentado internamente.

E como o Clube chegou nesse patamar? Como permitiram que a situação atingisse tal nível? Não se sabia. A culpa era de um, ou de outro. Do anterior ou do próximo. Havia apenas a certeza de que todos haviam sido enganados. Mas a defesa cega e incongruente da aprovação das contas somente nos fez enxergar que os únicos enganados ali éramos nós.

Por isso, após a pantomima que se seguiu à votação da aprovação de contas, exigimos que fossem consignados os nomes dos conselheiros que votaram contra a referida proposta. Todos os integrantes do MR-21 – Movimento de Renovação 21 de Julho lá estão.

E sucessivas mentiras se seguiram. Farra de ingressos, demissão feita de forma equivocada, não pagamento dos direitos de Gustavo Scarpa, erros cometidos no caso Diego Souza, contratações afastadas das necessidades do clube. Uma sucessão de erros que, se listados, provavelmente não permitiriam ao leitor a finalização do presente texto.

O que havia em comum? Erros e mais erros, geralmente imputados a terceiros que, por sua vez, eram cegamente defendidos pelo próprio presidente em relação promíscua onde quanto mais se errava, mais o profissional parecia garantido em suas funções.

Cenário atual

Enquanto isso, passados 16 meses o Clube tem um dos mais fracos times de futebol de sua existência. Um setor social abandonado, sucateado, debaixo das asas de amigos e profissionais que nada produzem. Os Esportes Olímpicos há muito não apresentam resultados significativos e passaram a ser mais falados por sua atuação política do que pelo orgulho que sempre proporcionaram. Um setor administrativo inchado, caro, incapaz de produzir.

E diante de tantos resultados negativos, qual a postura adotada pela presidência? A demissão imediata de todos os envolvidos na busca por resultados mais adequados? Evidentemente não, mas somente a manutenção desses profissionais, não obstante as sucessivas demonstrações de necessidade de mudança.

As informações expostas nas reuniões do Conselho Deliberativo nos dias 26 e 27 de março apenas evidenciaram a falta de compromisso da atual gestão na adoção das medidas exigíveis para recuperar a capacidade financeira do Clube.

Enquanto a situação financeira extremamente crítica era descrita, víamos um presidente que variava entre o cinismo e o deboche de quem havia acabado de contratar mais um velho amigo, antigo integrante de seu grupo político, para ocupar cargo altamente remunerado, que em nada trará benefícios para o Fluminense, em qualquer área.

Enquanto isso, os prometidos ideais de transparência eram destruídos em cada resposta negada, em cada desvio dos assuntos questionados, tal qual feito com o relatório da EY (antiga Ernst & Young), que jamais verá a luz do dia, uma vez que a sua manutenção na velha gaveta da sala da presidência torna mais cômodo o seu dia a dia. Um relatório cumprido somente até o exato ponto em que seus compromissos políticos não eram atingidos e seu plano de poder não sofria arranhões.

Por fim, reiteramos nosso apoio a toda e qualquer iniciativa que seja positiva ao Clube, bem como nosso posicionamento dentro da coligação política “Fluminense Unido e Forte” e nosso irrestrito apoio ao trabalho que vem sendo desenvolvidos pelos vice-presidentes Cacá Cardoso, Diogo Bueno, Sandor Hagen e Miguel Pachá.