Imagem de uma das maquetes do projeto de revitalização das Laranjeiras (Foto: Divulgação)

Vai ou não vai? O projeto de revitalização das Laranjeiras, proposto por um grupo de tricolores que fazem questão de não levantar bandeiras políticas, continua vagaroso. Com o planeamento básico pronto, o escritório de arquitetura escolhido pediu 30% de sinal pra dar continuidade, incluindo o licenciamento junto aos órgãos públicos. Essa porcentagem equivale a cerca de R$ 300 mil, praticamente arrecadados pelos integrantes responsáveis pela ideia da revitalização de Laranjeiras. Entretanto, a possibilidade de mudança antecipada do comando do clube diminuiu ainda mais a velocidade em torno dos acontecimentos para tirar a ideia do papel.

– A primeira fase o valor é de R$ 300 mil. Destes, para começar com segurança, é necessário R$ 200 mil captados e ter a aprovação técnica do projeto junto aos órgãos competentes. Já se tem R$ 150 mil e faltam mais R$ 50 mil para termos segurança e não sermos irresponsáveis na contratação das empresas de engenharia. Há uma série de tricolores querendo contribuir, que já receberam um documento que a gente chama de compromisso de investimento, mas pediram para segurar, dado o cenário do clube. Primeiro o impedimento ou não do presidente e, agora, a antecipação ou não das eleições. Seríamos irresponsáveis pedir a contribuição diante dessa incerteza – disse o ex-vice de finanças, Diogo Bueno, um dos cabeças da ideia, em entrevista ao NETFLU.

 
 
 

O presidente Pedro Abad, que autorizou a movimentação, já destacou que o Fluminense não poderia ajudar. Em cima disto, fora criado o Instituto Cidadania Tricolor para a arrecadação dos valores necessários. No final do ano passado, ocorreram três apresentações para um grupo de empresários e tricolores bem sucedidos, mas a arrecadação travou devido a desconfiança na atual gestão.

– É importante deixar claro para a torcida que o projeto não depende em nada dos recursos do Fluminense. Todas as áreas do clube têm sua relevância. Se há uma escassez de recurso, ninguém seria responsável em solicitar dinheiro do caixa, se o Flu tem dificuldades em bancar salários de funcionários e de jogadores. Desde a fase zero, o projeto está sendo financiado com nenhum recurso do clube. Qualquer outra coisa que se tenha falado por aí é mentira. É importante que isso seja ressaltado. O dinheiro do Fluminense tem que ser destinado para cumprir com as obrigações olímpicas, revitalizar o social e montar um grande time de futebol. Na fase de reforma, investimento e etc, não será utilizado nenhum recurso do clube – ressaltou Bueno.

Os moldes do projeto atual foram apresentados à diretoria verde, branca e grená em outubro de 2017 e o Flu não tocou adiante. Responsável pela concepção do projeto, o arquiteto Edmundo Musas, que desenhou o CT Pedro Antônio, cobrou R$ 905 mil num pré-contrato com o Fluminense. O NETFLU apurou que esse valor inclui entregar em quatro meses a partir da contratação todas as plantas necessárias, além da licença em todos os órgãos públicos. E a importância de se colocar em prática a iniciativa é urgente: O Fluminense gastou R$ 3,5 milhões para jogar no Maracanã em 2018, sendo o clube de Série A com o maior prejuízo do país neste quesito.

Os contratos com três das quatro primeiras empresas foram todos negociados e está pronto para ser executado. Foi feito o levantamento de toda a sede social e a topografia da região onde fica localizada o estádio das Laranjeiras. Os envolvidos estiveram a ponto de começar o projeto base de engenharia. No Corpo de Bombeiros estava tudo praticamente resolvido. Foram feitas reuniões e consultas informais com diversos órgãos, mostrando o que está sendo feito, no intuito de deixar claro que não há imposição por parte dos autores, buscando a contribuição de todos as entidades, associações e autarquias. Um desses órgãos chegou a dar um aval preliminar, todavia tudo ficou no campo da teoria. Paralelo a isto, Diego Bueno ressalta que não imagina que o próximo presidente seja contrário a revitalização do Estádio Manoel Schwartz.

– Se o modelo é esse, eu entendo que, como patrimônio do Fluminense, qualquer candidato, havendo eleição antecipada, tendo um projeto para o bem, já que os torcedores são favoráveis e não é um projeto conflitante com um estádio novo. A viabilidade financeira está sendo construídos por várias empresas. Não acredito que haja qualquer candidato contra isto. Esse contrato para executar é válido até 2019. Os executivos têm prestado todos os auxílios necessários, seja reuniões na CBF, FIFA e outras coisas. O instituto tem que desenvolver até o final de 2019. Se o novo presidente assumir e entender que o instituto não precisa tocar, o projeto fica para o clube. Não tem nenhuma querência por desenvolver o projeto. No nosso entendimento, a melhor solução para aquela área é refazer o estádio – concluiu o ex-vice financeiro, Diogo Bueno.

Vale reforçar que boa parte da Flusócio, principal grupo de apoio a gestão Abad, entende que a proposta de revitalização de Laranjeiras pode esvaziar o interesse de parceiros por um estádio novo, assim como “apequenaria” o Fluminense. A área das Laranjeiras, porém, é similar a da Vila Belmiro, onde o Santos manda seus jogos. Além disso, o grupo político mantém a ideia de uma casa própria para 40 mil pessoas entre a Barra da Tijuca e o Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. Para os mantenedores do objetivo de reformar as Laranjeiras, porém, uma coisa não inviabilizaria a outra.