(Foto: Lucas Merçon/FFC)

O futebol tem seus mistérios, e, por isso, é tão fascinante. Há dias em que o técnico escala bem, escolhe a melhor estratégia, faz as substituições corretas e o resultado não aparece. Ele acaba voltando para o vestiário sob vaias e hostilidades. Há dias em que ocorre o contrário. Como nesta segunda-feira. Marcelo de Oliveira, que vem fazendo um bom trabalho com o elenco que tem em mãos, errou feio na escalação e na estratégia. Mas o adversário era o Paraná, lanterna do campeonato, time que, até então, havia disputado 39 pontos como visitante e conquistado apenas um. Mais do que isso, era o Paraná desfalcado de cinco jogadores. Ou seja, Marcelo e o Fluminense precisariam se esforçar muito para não sair de campo com os três pontos.

 
 
 

O primeiro erro aconteceu na escalação. O time tem funcionado melhor com três zagueiros, é verdade. Mas, diante de um Paraná inofensivo, não era o caso. Gum, Ibañez e Digão tem muita dificuldade para iniciar as jogadas, o que geralmente obriga Júlio César a optar pelos chutões. O meio-campo ficou entregue a Richard e Jadson, que costumam errar 11 a cada dez passes. Como Léo também apoia pouco, restava a opção de Ayrton Lucas, para que a bola chegasse com alguma qualidade ao trio de atacantes.

Não chegou. Os primeiros 30 minutos foram de chorar. Mas o Paraná tinha Renê Santos, uma espécie de Gum elevado à quinta potência. De um corte mal feito do zagueiro, surgiu o primeiro gol. E aí já ficou claro que Gravatinha estava de plantão no Maracanã. Uma improvável assistência de Marcos Júnior e uma ainda mais improvável finalização certeira de Jadson, com categoria. Incrível.

Mais cinco minutos e o mesmo Renê Santos desviou um chute de Richard, tirando a bola do alcance do goleiro do Paraná.

Pronto. O jogo estava decidido. A goleada teria se desenhado ainda no primeiro tempo se Luciano e Digão tivessem aproveitado duas chances claras, mas o goleiro Richard evitou os gols com ótimas defesas. O Paraná só tinha uma chance: tentar reduzir a diferença no começo do segundo tempo e voltar ao jogo. Para isso, no entanto, precisaria atacar. E o time não sabe atacar. Sofreu o terceiro gol logo nos primeiros minutos (novamente Jadson!) e murchou de vez.

Muito bom ver Marquinhos Calazans novamente em campo. Pode ser de extrema utilidade nesta reta final de temporada. Bonito ver a maneira como Luciano protegeu a bola e bateu com firmeza, de virada, para marcar o quarto gol. Sabe jogar e vai ganhando confiança a cada partida.

A vitória, que era mais do que obrigação, mantém o time entre os dez primeiros colocados. Na contagem regressiva para a primeira meta, faltam dez pontos, provavelmente menos. Isso, com mais dez jogos pela frente. Aos poucos o pesadelo vai se dissipando. Se o Palmeiras ganhar a Libertadores e um brasileiro for campeão da Sul-Americana (o próprio Fluminense segue na disputa), pode ser até que uma vaga na Libertadores caia no colo. Mas a prioridade, no momento, deve continuar sendo os 47 pontos.

Como goleadas tem sido muito raras nos últimos tempos, o torcedor que foi ao Maracanã segunda-feira esqueceu os erros de escalação, de estratégia e os problemas apresentados pela equipe. E comemorou os 4 a 0. Aplaudiu jogadores que vinham sendo vaiados e até o técnico Marcelo de Oliveira. Só não homenageou o presidente. Aliás, #ELENÃO, #ELENUNCA.