Na última quarta-feira, uma bomba foi solta nas Laranjeiras e no imaginário de boa parte dos torcedores do Fluminense. Até os fãs das equipes rivais entraram na onda, dada a peculiaridade e tamanho do vínculo. Após 15 anos, a Unimed comunicava ao público que rompia sua longeva parceria com o Tricolor, devido as condições financeiras atuais. Um choque para a torcida que se acostumou, ano após ano, a ouvir especulações que nunca se confirmavam acerca da saída do plano de saúde. Porém, a surpresa imediata não causou impacto apenas quem acompanhava o desfecho de longe. A própria cúpula do Fluminense foi pega de surpresa, já que o anúncio fora antecipado sem conversa prévia.
Tudo estava combinado entre as partes. Assim como o clube das Laranjeiras, a Unimed lançaria um comunicado, na quinta-feira, informando a todos sobre o encerramento do vínculo. Entretanto, de repente, às 10h de quarta, um susto para o staff verde, branco e grená: o patrocinador explanava a ruptura.
– A previsão era pra que o comunicado da Unimed saísse na quinta-feira. Era o combinado. Na quarta-feira de manhã, Flu seria notificado e na quinta teria sido lançado. Ninguém explicou a antecipação. Não causou maiores problemas, mas foi uma surpresa – revelou, com exclusividade ao NETFLU, o ex-assessor especial da presidência tricolor, Jackson Vasconcelos, que trabalha atualmente no gerenciamento do cenário, após a finalização da parceria com o plano de saúde.
Também com exclusividade ao portal número 1 da torcida tricolor, o vice-presidente de projetos especiais, Pedro Antônio, que se tornou o braço direito do mandatário Peter Siemsen, na atual conjuntura, evitou polemizar sobre o tema, salientando que a diferença de 24 horas não causou prejuízos.
– Eu não participei da reunião em que foi decidido a cronologia desses anúncios (de ruptura da parceria). Mas, tudo bem. Mais ou menos 24 horas de diferença não é o importante. Essa é minha opinião pessoal – disse.
Embora as partes indagadas pela reportagem do NETFLU tenham dito que o anúncio antecipado não tenha atrapalhado, a cúpula tricolor teve de correr para confirmar a ruptura no mesmo dia, uma vez planejava fazer isso na entrevista coletiva de Peter Siemsen, no Salão Nobre das Laranjeiras, somente no dia posterior. Então, cinco horas após a Unimed tornar pública a sua saída, o Fluminense divulgou uma nota oficial, de cinco linhas, confirmando a informação. A antecipação pode não ter gerado um mal-estar público, mas Jackson Vasconcelos criticou a postura do ex-parceiro.
– Pode ser que eles tenham feito porque a especulação estava grande. Mas é muito deselegante. Não custava nada avisar ao presidente (Peter Siemsen). Inclusive, eu conversei com o presidente na terça-feira, no escritório, de noite, com a informação de que seria publicado na quinta. E, na quarta-feira de manhã, havia sido lançado – contou.
A ação da Unimed fez o Fluminense acelerar as conversas com a Viton 44, buscando assinar o contrato, que já estava adiantado, o mais rápido possível. Procurado pela reportagem do NETFLU desde sexta-feira, para esclarecer por qual motivo o plano de saúde antecipara o comunicado de ruptura com o Tricolor, o presidente da Unimed-Rio, Celso Barros, não foi encontrado.
Vale lembrar que a falta de diálogo entre as partes não era um problema novo. Para muitas pessoas que convivem e conviveram próximas de ambos os presidentes, esse teria sido a razão principal do fim da parceria. Ex-vice de futebol, Ricardo Tenório, assim que saiu do Flu, em maio deste ano, afirmara que “em reino dividido, nada prospera”. Seu discurso foi mantido nesta semana, quando, em entrevista à Rádio Transamérica, ele analisou o desfecho do acordo entre o clube e a patrocinadora.
– Com certeza (falta de diálogo entre Peter e Celso complicava a parceria). Chegou a um ponto que se você começa a usar interlocutor para falar com o patrocinador, é insustentável – concluiu.