(Foto: Fernando Alves - Juventude)

A CBF manteve a decisão de adiar apenas os jogos de times gaúchos no Campeonato Brasileiro até o dia 27 de maio em virtude da tragédia no Rio Grande do Sul pelas fortes chuvas. Os clubes de lá, porém, gostariam de uma paralisação geral. Nenê, ex-Fluminense e atualmente no Juventude, revelou ter procurado os capitães das outras 19 equipes da Série A por um apoio à interrupção total da disputa. O experiente meia falou em entrevista à TNT sobre o momento e falta de clima para se pensar em futebol no momento com tantas vidas afetadas.

— Eu fiz um texto no grupo nosso de capitães de todos os clubes do Brasileirão. Antes de o campeonato começar, tivemos uma reunião com a CBF. Dei esse start para ver se a gente pode. Acho que a nossa força é muito grande. Se a gente se unir, com certeza podemos fazer algo que fará a diferença na vida dessas famílias. Estou tentando ver se a gente consegue, entre todos, ter esse mesmo caminho e vontade para fazer isso daí – disse, prosseguindo:

 
 
 

— Gostaria de ter esse momento para fazer um apelo: juntar os clubes e tentar parar. A vida vai além do futebol. Não estou com clima nenhum para jogar e nem para trabalhar. A gente vai para o treino e, por mais que a gente tente ajudar, se sente impotente. Nunca passei por isso. Gostaria de ter esse momento para ver se a gente pode paralisar. A CBF acatou uma parte do pedido para paralisar só nossos jogos, mas isso deveria ser, pelo que está acontecendo, expandido. O ideal seria a paralisação do campeonato.

Nenê foi além e se mostrou frontalmente contra à ideia de levar os jogos do trio gaúcho (Juventude, Grêmio e Internacional) para fora do Rio Grande do Sul. Afinal de contas, todos teriam de deixar seus familiares no estado em situação ainda complicada. Logo, ficariam afetados psicologicamente para a sequência do Brasileiro

— Não tem como. Houve essa coisa de levar o jogo fora daqui, mas como vamos deixar as famílias em uma situação dessa? Tem gente que não consegue sair daqui, se alimentar… não preciso nem falar o tanto de pessoas que sofreram e estão sofrendo. Está cada dia pior. Por mais que a chuva tenha parado, o nível da água está muito alto, a destruição foi muito grande. Deveria ter uma consciência de todos. Acho que não deveria ter a paralisação só no Rio Grande do Sul, mas o Brasileirão deveria ser paralisado. Uma vida vale mais que um gol. Jogadores e funcionários do Inter e do Grêmio têm famílias que estão desabrigadas, sem comida e sem água.

Por fim, ele falou ainda que a situação dos jogadores do Juventude é um pouco mais tranquila em relação às dos rivais, pois Caxias do Sul fica num ponto mais alto do estado. Assim, mais seguro.

— Infelizmente, o futebol, para mim, hoje, está em segundo plano. A gente está praticamente dentro das situações de risco, mas graças a Deus nossas famílias estão mais seguras porque a gente está na serra, é mais alto. O problema é mais lá embaixo, a água desceu para lá – explicou.

Nenê defendeu o Fluminense de 2019 a 2021. Disputou 118 jogos, com 28 gols e 16 assistências. Não conquistou títulos.