Presidente Mário Bittencourt demonstrou interesse, mas valor oferecido era insuficiente para repatriar o jogador
Jogador revelado pelo Fluminense, Luiz Henrique acabou sendo o grande destaque do Botafogo na conquista do Brasileirão e da Libertadores. Agora, está de saída rumo à Europa, onde, a princípio, pode jogar pelo Lyon (FRA). Porém, antes do acerto com o rival, foi oferecido ao Tricolor e, mesmo com o interesse de Mário Bittencourt, a oferta do presidente do Flu foi considerada baixa. Quem relembrou foi seu ex-empresário, Amaury Nunes, em entrevista ao podcast “Storycast”.
– Na vinda dele para o Botafogo, a gente tinha uma procuração com ele, que terminava em março de 2024. Em dezembro, ele não estava jogando, estava super infeliz no Betis (ESP). Tinha um moleque mais novo que ele jogando. Jogava para caramba também. Ele acabou perdendo um pouco de espaço e eu falei “cara, eu vou sondar o mercado”. Disseram “não, não, o Luiz tem que ficar na Europa, o Luiz é jogador de Europa”. Falei “cara, vamos tentar no Brasil”. Existem casos que o cara pode vir para o Brasil e tentar recuperar a carreira, se aproximar da Seleção Brasileira. Aí o europeu tentando na Europa. O Johnny não tem muito relacionamento com os clubes, mas cuidava mais da parte pessoal do Luiz. Inicialmente, eu liguei para o Fluminense. Falei, “Mario (Bittencourt, presidente), tem interesse?” “Bom, tenho, tenho, posso pagar X”. Falei “cara, esse X já não é mais o Luiz Henrique da base. É o Luiz Henrique hoje que é da Europa, que tem um potencial enorme e tal”. Ele falou “não, mais do que isso eu não posso pagar”. Eu falei “então não vai dar certo, Mario”. Por empréstimo eu até conseguiria naquele momento, porque ele estava em saída, em divergência no Betis, não estava jogando – relembrou Amaury Nunes, antes de prosseguir:
– E aí a coisa foi tomando uma proporção muito grande, porque saía na mídia, o Fluminense queria, o Flamengo veio atrás, sondou a situação, inclusive foi lá na Europa sondar, já ofereceu um salário muito maior, três vezes maior do que o Fluminense ofereceu. Então, assim, com maior potencial financeiro, só que era por empréstimo também o negócio do Flamengo. E aí começou a sair na mídia, veio o Corinthians, ofereceu um baita salário, já com um empréstimo com uma obrigação de compra. Veio o Palmeiras também, fez uma boa proposta, não evoluiu. E aí o meu sócio europeu lá, tentando a Europa, veio o Red Bull Leipzig da Alemanha, veio o Everton, vieram grandes times. E aí o maluco do John Textor, maluco entre aspas, o cara bateu na porta do Luiz Henrique.
Com Luiz Henrique mais propenso a trocar o Betis por outro clube europeu, a entrada do empresário norte-americano John Textor, do Grupo Eagle, nas tratativas foi determinante para a ida do atacante para o Botafogo. O jogador resistiu muito, mas, no fim, a possibilidade de utilizar o rival como trampolim num retorno à Europa acabou o convencendo.
– Ele foi para a Europa, viu todo esse movimento de mercado, obviamente deve ter sido direcionado pelo Alessandro (Brito), por alguém ali do Botafogo. Ele foi para a Europa, foi para a Sevilla, bateu na porta do Luiz Henrique. O Luiz Henrique ligou para a gente e falou assim “o John Textor está na porta da minha casa. Caraca!” Falei “o que é isso, cara? Esse cara é maluco, não sei o que, não falou com a gente, não falou nada”. Aí eu falei “entra, deixa ele entrar e escuta o que ele vai falar”. Aí ele falou que queria ele de qualquer jeito, ele ia levar e falou “se eu me acertar com o Betis, você vem?” Ele falou, “se você se acertar, vou. Eu sei que não vai acertar”. Porque quando o nome dele começou a ser muito movimentado, o Betis viu o interesse de outros clubes e subiu. Ele falou não empresto mais, tem que ser empréstimo com opção de compra, depois tem que ser empréstimo com obrigação, depois tem que ser só venda. Porque ele viu que tinha muita gente querendo. E aí botaram o valor lá em cima, botaram o valor, era de 20 milhões de euros – disse.
– E aí, quando veio o Botafogo, se acertou com o Betis, só faltava o Luiz Henrique aceitar a questão salarial. A gente fez uma call com ele, eu falei “Luiz, é assim, tem a questão de você ficar na Europa, ficar alguns meses no Brasil e voltar para o Lyon, um grande time da França”. Ele respondeu “se for direto para o Lyon, eu vou. Mas eu não quero ir para o Botafogo nesse momento, porque eu não quero dar um passo atrás na minha carreira”. Último dia da janela, aí entrou o Thairo Arruda na call, entrou todo mundo na call, todo mundo tentando convencer o Luiz, e ele “não, não vou, não vou”. A janela ia fechar em algumas horas, por isso que saiu um monte de notícia na época, ele vai, não vai, vai, não vai, porque o Botafogo se acertou com o Betis, ponto final, mas faltava o sim do jogador. E aí, nas últimas horas, assim, eu falei “Luiz, vem para o Brasil e você vai para o Lyon, você vai ter a opção de ir para o Lyon se você quiser no meio do ano”. Isso era em março. Janela fechando, ele poderia voltar para o Lyon em junho, já julho. E aí, ele falou “não, beleza, se for nessas condições, eu volto”. Ele não sabia a projeção que seria essa vinda para o Botafogo. E aí, faltavam duas horas para fechar a janela, a gente conseguiu esticar um pouquinho o salário dele, subiu mais, chegou no valor que ele queria. Ele assinou esse contrato de cinco anos com a Eagle, que é esse grupo do Textor, mas inicialmente com o Botafogo, podendo ir para a Europa depois. (trecho retirado do site Fogaonet)
Em entrevista coletiva concedida pouco após sua demissão no Fluminense, no meio de 2024, o técnico Fernando Diniz, hoje no Cruzeiro, revela que Luiz Henrique foi o único jogador que havia pedido enfaticamente ao presidente Mário Bittencourt, mas a condição financeira tricolor não foi suficiente para concorrer com a SAF alvinegra.
Luiz Henrique disputou 120 jogos pelo Fluminense entre 2020 e 2022. Fez 14 gols e deu 14 assistências. Foi campeão carioca em 2022 antes da saída para o Betis.