A situação financeira de alguns clubes do futebol brasileiro já era complicada antes da pandemia. Porém, ela se agravou com a paralisação dos jogos no ano passado e a perda de receitas pelo fato de não haver torcedores nos estádios desde que as competições voltaram a ser disputadas. Alguns com dívidas que chegam a R$ 1 bilhão, e em alguns casos, também com a arrecadação menor de direitos de TV pela queda para a segunda divisão.
Em entrevista a Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do UOL Esporte, o economista Cesar Grafietti, especialista em gestão e finança do futebol, analisa a condição atual e não considera a falência, mas a perda de competitividade de alguns clubes tradicionais do país.
– Eu ainda acho que não vão falir. Nós não veremos clubes falindo, pelo menos no curto espaço de tempo, mas eu acredito que talvez a gente tenha alguns clubes que de fato virem irrelevantes do ponto de vista esportivo. Então nós não veremos alguns clubes serem campeões mais. Aquele que viu seu time campeão, alguns hoje na Série B, por exemplo, guarde o pôster porque talvez ele não veja mais – disse Grafietti e complementa:
– Mas outros vão se recuperar, tem clube com muita capacidade de renascer, mas eu acho que esse vai ser um caminho natural daqui para a frente. Aqueles clubes que não conseguirem se organizar, talvez eles não quebrem, não acabem, mas eles certamente serão irrelevantes do ponto de vista esportivo no longo prazo.
O especialista aponta a necessidade de os clubes terem uma gestão com o planejamento compatível à capacidade. Ele considera que o torcedor verá no Brasil o caso de clubes que antes brigavam por títulos mas passarão a disputar o Campeonato Brasileiro com o objetivo de não cair, principalmente os que tenham menor poder de arrecadação, como já ocorreu na Europa com clubes como o Torino, da Itália, e o Everton, da Inglaterra, que já foram os melhores de suas ligas.