O empresário William Rogatto, conhecido como o “Rei do Rebaixamento”, deu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas do Senado Federal na última terça-feira. De Portugal, o agente falou aos senadores por intermédio de videoconferência e fez revelações bombásticas. Ele esteve envolvido no caso do rebaixamento do Santa Maria no Campeonato Estadual de Brasília deste ano, o Candangão.
Rogatto colocou jogadores na equipe e assumiu também a gestão do clube. No depoimento, o empresário se colocou como réu confesso e admitiu temer pela vida ao fazer revelações sobre o esquema de manipulação. O próprio admite ter ganhado aproximadamente R$ 300 milhões e rebaixado 42 times. A comissão da CPI, que tem deputados como Romário (PL-RJ) e Jorge Kajuru (PSB-GO), promete ir pessoalmente a Portugal na próxima semana para ouvir seu depoimento pessoalmente.
— O esquema não é pequeno, há pessoas que já ganharam muito dinheiro comigo. Tenho muitos anos nisso, trabalhei em todos os estados do Brasil e trabalhei fora, é muito além disso daí que vocês estão buscando. Se eu não fui o maior, fui um dos maiores; se não fui o maior do Brasil, fui o mais organizado do Brasil. Tem outros grupos, não vou ficar falando deles. São pessoas perigosas. Só resolvi falar hoje porque estou pensando que tem que acabar com isso aí. Eu vejo torcedor se matando, hoje a gente vê torcida do Corinthians, o torcedor sofre pelo time e mal sabe do que acontece nos bastidores. Eu pago muito bem por um gol. Não estou protegido para mexer com os caras que estão acima de mim. Se eu mexer, eu vou cair. Eu sou grande até um ponto, mas acima de mim tem (outros) — afirmou.
Questionado se havia árbitros envolvidos no esquema, Rogatto não negou e ainda explicou o quão fácil é corromper alguém.
— Um árbitro ganha R$ 7 mil por jogo. Eu vou e ofereço 50 mil. Ele não aceita? A matemática é perfeita – falou à CPI, antes de prosseguir:
— Tem político, vereador, prefeito. O sistema é único e para entrar é preciso de pessoas. Todo mundo gosta de dinheiro. Eu sempre procurei entrar pelas secretarias de Esporte.
No depoimento, Rogatto admitiu que enganou Dayana Nunes, presidente da Sociedade Esportiva de Santa Maria (DF).
— Quem me colocou para enganar a presidente da Santa Maria foi o próprio presidente da federação. Ele disse “vai ali que é frágil, não tem dinheiro, encosta. O marido enfartou ou sei lá, a mulher não entende de futebol e precisa de investidor”. E eu vim a rebaixar o Santa Maria. Ela acabou sendo vulnerável a mim — afirmou.
Até o empresário norte-americano John Textor foi citado. Recentemente, o dono da SAF do Botafogo fez fortes críticas e acusações sobre corrupção no futebol. Rogatto acredita no dirigente alvinegro.
— Eu te garanto que o John Textor não está totalmente errado. Chamam de louco, ele não é tão louco assim – contou.