Os Esportes Olímpicos (EOs) sempre são tema de discussão entre tricolores no âmbito virtual. Mas será que atividades como basquete, vôlei, pólo aquático e tantas outras prejudicam o andamento do departamento futebol? Oneram os cofres do clube? Conselheiro, Marcelo Souto, que tentou se candidatar à presidência do Fluminense no último pleito, apresentou um requerimento na última terça-feira que reacende a polêmica. O advogado, que não conseguiu as 200 assinaturas necessárias para disputar com Mário Bittencourt e Ricardo Tenório, quer a extinção dos EOs.
– A petição foi encaminhada aos Conselheiros do Fluminense, visando a obtenção de 30 assinaturas para convocar reunião do Conselho Deliberativo, e por em prática o Ato Normativo, conforme o estabelecido pelo Estatuto do clube. Trato de dois pontos no requerimento basicamente: a suspensão de todas as atividades olímpicas e a elaboração de plano de ações/ metas visando viabilizar financeiramente o social – contou Marcelo, em entrevista ao NETFLU.
Souto argumentou de o porquê pleiteia o encerramento das atividades desportivas no clube:
– O futebol é a razão da nossa existência, e ao contrário de outros três (três) clubes de regatas do Rio de Janeiro, nós nascemos para a prática deste esporte. O Fluminense vive uma situação financeira crítica. Diante disso precisamos aumentar receitas e cortar desperdícios. Da mesma forma, é público e notório que as unidades Social / Olímpico operam no negativo, basta olharmos o último estudo elaborado pelo ITAU BBA por exemplo. Como a transparência segue sendo um dos muitos problemas da gestão do clube, não é possível saber com riqueza de detalhes mês a mês, unidade a unidade. O que podemos afirmar, de acordo com os balancetes apresentados, é que estas unidades apresentam resultados operacionais negativos. No corrente ano o primeiro trimestre apresenta déficit na casa de 5 milhões, já no segundo trimestre duplicamos este déficit em mais 10 milhões no período, totalizando até o fim do mês de junho cerca de 15 milhões no negativo. Esses recursos ou a falta de zelo desses recursos fazem falta ao fluxo de caixa do clube, e, principalmente, a melhorar o produto futebol.
Questionado se este movimento já seria visando 2022, ano da próxima eleição do Fluminense, Marcelo Souto nega, mas não esconde que tem planos, juntamente com seu grupo político Esperança Tricolor, de recuperação da instituição.
– Vamos por partes para que não se confunda e não se faça julgamento equivocado. Sobre os temas tratados preciso colocar uma cronologia para que se entenda o porque destas ações: o balanço de 2018 publicado em 2019 sinalizou o retorno agressivo dos prejuízos destas unidades. Nesse momento fiz campanha, levantei essa bandeira e, com sinceridade, é o caminho mais rápido e seguro, um ato presidencial. Alertei e fomentei o debate. Seguimos acompanhando os balancetes divulgados pelo clube, e aguardei a nova diretoria para que eles colocassem em prática o que prometeram: unidades de negócios separadas e transparência via portal. Passado esse tempo, que considero justo para por em prática estas medidas, e sentindo que não há norte sinalizado para resolução desses temas, procurei o caminho mais difícil, via conselho deliberativo. E o porque esses assuntos viram tabu, e varrem pra debaixo do tapete? Porque nesse mesmo conselho quem se posicionar favorável à instrução (ao requerimento) e contra o interesse de alguns, pode estar assinando a sentença de morte política. Observe que na última década tivemos uns 10 candidatos, quais foram os que falaram desse tema? Porque não falaram? Se omitem pelo status quo adquirido, é a política de clube de bairro – declarou Souto, para, em seguida, completar:
– A minha ideia sempre foi de ser propositivo à Instituição e trabalhar a cabeça do nosso torcedor, a conscientizá-los. Eu e meu grupo Esperança Tricolor temos ideais fixos, e um projeto. Um projeto para o clube. Por tudo isso deixo claro que o ato é pela conscientização da torcida, e o requerimento é pela Instituição. O apelo popular será essencial para tirarmos a velha política da zona do conforto, e colocarmos dedos nas feridas abertas ao longo dos anos, e, assim, transformarmos, juntos, o Fluminense.
O grupo Esperança Tricolor, do qual Marcelo Souto compõe, apoiou Pedro Abad na eleição de 2017. Fez parte da coalizão denominada Flu Unido e Forte, que também era integrada pelos grupos Flu 2050, Por Amor ao Fluminense e MR21.
O Esperança Tricolor rompeu com a administração Abad no início de abril de 2018. Poucos dias depois, todo o Unido e Forte deixou a gestão.