Fernando Diniz estaria bem próximo de ser o treinador do Fluminense para começar a temporada 2019. É normal esperar reações adversas a essa contratação, especialmente por causa de seu trabalho no Atlético-PR, o primeiro no escalão superior do Campeonato Brasileiro. Se o trabalho no Flu não for positivo, é difícil imaginar ele assumindo um outro time de Série A tão cedo.
É verdade que com Fernando Diniz, o Fluminense pode tentar dar um passo acima em relação ao time que terminou (mal) a temporada 2018. Com Marcelo Oliveira é sempre difícil entender o que o time faz bem em campo. E isso até com elencos mais talentosos, como, por exemplo, quando ele estava no Palmeiras.
Com Diniz, você sabe o que esperar. O treinador, que passou por Audax e o Furacão mais recentemente, tem no toque de bola sua característica principal e ele tenta implantar a posse dela a todo custo, mesmo que envolva saídas arriscadas com o goleiro e zagueiro.
Não são poucos os “dinizistas” na imprensa e entre pessoas que gostam de futebol, porque apreciar ficar com a pelota era algo completamente inerente ao futebol brasileiro e que se perdeu. Hoje até os supostos melhores treinadores tem maior prazer em atrasar o time com 1 a 0 e jogar no contra-ataque do que qualquer outra coisa.
O problema é que seu trabalho no Atlético-PR, que começou promissor, foi realmente muito ruim. O argumento principal para o fracasso de uma equipe que opera dessa forma seria falta de entrosamento. Só que o time paranaense, mais uma vez, foi de alternativo no Estadual, que até acabou vencendo, e estava de pernas frescas e treinado para começar o Campeonato Brasileiro da Série A. Culminou com o título a Sul-Americana. Isso não se refletiu em campo, com derrotas seguidas, pressão da torcida logo de cara e a demissão no meio da Copa do Mundo.
E o pior para seus defensores é que Tiago Nunes assumiu e o time reagiu, chegando perto da vaga na Libertadores pelo Campeonato Brasileiro e o título continental. Aqui, há um contra-argumento: o Atlético continua valorizando a posse de bola, é organizado taticamente e limou alguns dos erros que só jogos juntos, não só treinos, trariam de evolução natural. Talvez herança de Diniz.
Mas mais uma campanha ruim, agora no Fluminense, fariam até contra-argumentos razoáveis desaparecerem. E o trabalho parece ser mais difícil. O Tricolor não tem a mesma estrutura que o rubro-negro do Paraná, tanto física como na organização. O clube está uma bagunça e salários atrasados são uma realidade que não é abandonada.
E o Flu não pode se dar ao luxo de ficar treinando, com o Campeonato Carioca e a Copa do Brasil já no calendário logo de cara. A equipe precisa ser a titular e definida logo.
E, por fim, não temos a mínima ideia qual será o material humano. Pedro ainda demora para voltar. Sornoza deve sair, como antecipamos. E com a situação financeira, desfalques podem vir a qualquer momento.
Ou seja, Fernando Diniz não pode se preocupar apenas com estilo de jogo, mas também tirar o máximo de cada um. Os garotos da base precisarão ser úteis e o médio vai precisar ser bom. Craque mesmo, não temos. Seu trabalho vai ser mais de desenvolvimento que qualquer outra coisa.
Ele é o ideal para isso? Não sabemos. Por enquanto segue sendo uma ideia de futebol bonito que pode ter sua última chance no maior patamar do futebol nacional. É interessante dar essa chance e não ir com alguém mais rodado – como destacou o companheiro Leandro Dias em seu post – , mas infelizmente também não temos o tempo e a qualidade técnica para ter paciência.