Na última semana, o Fluminense anunciou o acerto com uma nova empresa de fornecimento de materiais esportivos, a americana Under Armour. Em cima disto, o jornalista do site da Revista Época, Rodrigo Capelo, explicou os motivos do acordo.
Confira:
“Pedro Abad, presidente do Fluminense a partir de 2017, resolveu a primeira das pendências deixadas pelo antecessor, Peter Siemsen: a substituição da fornecedora de materiais esportivos. O contrato com a Dry World, o mico canadense, será rescindido para dar lugar a um novo acordo de três anos com a americana Under Armour. O clube terá exclusividade no fornecimento de materiais esportivos para o Rio de Janeiro durante toda a duração da parceria.
O contexto da economia e do futebol não é mais o mesmo de antes da Copa do Mundo, quando empresas estrangeiras como Nike e Adidas inflaram os valores praticados para marcar território enquanto os holofotes estavam virados para o Brasil. Desta vez o Fluminense tinha na mesa duas propostas firmes. Uma da italiana Kappa, representada no país pela SPR, e outra da Under Armour.
A diretoria tricolor levou em conta o que o clube negligenciou quando optou por rasgar o contrato que tinha com a Adidas para assinar com a Dry World. A análise consistiu em três pilares. O primeiro relacionado à estrutura do fornecedor – a distribuição, os estoques, as fábricas homologadas. O Fluminense já sabe de antemão onde seus uniformes serão fabricados e quais caminhos percorrerão até as lojas, ponto negativo determinante da ex-parceira canadense.
O segundo ponto foi o financeiro. Enquanto a Kappa oferecia um modelo de cogestão, idêntico ao que pratica no Santos, em que o clube e a fornecedora dividem responsabilidades e lucros sobre a operação, a Under Armour propôs um contrato tradicional, no qual a empresa cuida de todo o processo e repassa royalties ao clube conforme as vendas. As duas propostas apostam no variável. Com a Under Armour, o Fluminense ficará com 20% da receita líquida – o saldo entre as receitas e as despesas da companhia no negócio.
O terceiro fator considerado, não menos importante, foi o marketing. Na visão dos dirigentes, a marca da Under Armour tem força para melhorar a imagem do clube perante torcedores e mercado. Numa negociação com uma empresa, por exemplo, a presença de outras grandes marcas endossaria o clube como um bom investimento. “O dinheiro é importante, mas nós vamos fortalecer nossa marca. Quando chegarmos a um potencial patrocinador, vamos mostrar que temos estrutura”, diz Idel Halfen, vice-presidente de marketing, que não comenta valores nem outros detalhes do contrato.
Há inclusive certa sinergia entre as marcas. O Departamento de Marketing do Fluminense investe na imagem do “guerreiro” desde a primeira passagem de Halfen pela vice-presidência, no início da gestão de Peter Siemsen. A Under Armour vai na mesma linha. A fornecedora surgiu quando Kevin Plank, empreendedor americano, criou camisas para serem vestidas por baixo das “armaduras” do futebol americano. Desde o princípio a companhia direciona seus investimentos para valores como “força”, “garra” e “disciplina”.