Um grupo de 10 torcedores do Fluminense, que se dizem apoiadores do presidente Pedro Abad durante sua candidatura em 2016, publicaram um editorial no Jornal Lance cobrando medidas para que não o clube não seja rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro.
Eles mostram preocupação com o futuro do Tricolor, cobram medidas e apresentam ideias para que sejam implementadas. Veja o texto na íntegra:
Crônica de um desastre anunciado: a incompetência disfarçada de austeridade
“O Fluminense será um dos rebaixados no Brasileiro deste ano. Se nada mudar, o desastre pode ser anunciado com meses de antecedência.
A voz corrente é de que o “buraco” deixado pela administração anterior era bem maior do que se imaginava. Isso nunca é dito de público, apenas entre quatro paredes. A justificativa já está dada então: a queda será atribuída à impossibilidade de investir diante da necessidade de promover o “reequilíbrio econômico”, a “austeridade financeira”, o “ajuste das contas”.
Avolumam-se as lamúrias e discursos de vitimização. Vê-se pouco ou nenhum movimento para explorar com inteligência a marca de um clube que se confunde com o nascimento do futebol no Brasil.
São eles:
1. As contas do presidente Peter Siemsen foram todas aprovadas. Se o endividamento do clube era maior do que se imaginava, seria o caso de relatar ao Conselho Deliberativo e eventualmente reexaminá-las. Caso tudo não passe de justificativa para o fracasso do presente, é hora de parar de repetir a ladainha off the records sobre as desditas do passado.
3. O Fluminense não consegue repetir fórmula tão simples porque não dispõe de dirigente ou profissional com competência, dedicação ou um mínimo “olho para futebol”, capaz de arregaçar mangas e remontar um elenco tão desequilibrado.
4. Ao contrário do que os erros incontáveis das últimas gestões do futebol fazem parecer, não é complicado montar elenco vencedor. Hoje é possível trazer um jogador sem gastar centavo. Basta usar como “moeda de troca” atletas que despertem interesse de outros clubes. Bons acordos com clubes como Palmeiras, Corinthians e Internacional, entre outros, poderiam ter feito chegar ao Fluminense reforços a custo zero, com salários pagos por aqueles clubes, detentores de seus direitos econômicos.
O que faz o Fluminense diante da única possibilidade de se reforçar diante do propalado fluxo de caixa combalido? Dispensa atletas capazes de cumprir aquela função de “moeda de troca”, casos de Henrique e Cavalieri. Ou, pior do que isso, não adota medidas capazes de evitar que um atleta valorizado, como Gustavo Scarpa, reúna elementos para ingressar com medida cautelar contra o clube. O primarismo e a ausência de mecanismos mais rígidos de controle foram de tal ordem que se chegou a esse ponto sem um sinal de alerta. (O Departamento Jurídico já havia falhado, meses atrás, ao não comparecer a uma audiência em ação trabalhista movida pelo ex-treinador Levir Culpi.) Não fosse tudo isso suficiente, o Fluminense ainda considera a possibilidade de negociar Henrique Dourado, artilheiro do país em 2017.
A cúpula do clube talvez festeje a redução na folha de pagamento, sem se importar com o fato de que o elenco atual seria incapaz de disputar com êxito até mesmo a Série B.
Algumas explicações devem ser cobradas:
Que esforços o clube realiza para viabilizar a chegada de um patrocinador de peso, capaz de reduzir a enorme distância de receita para um rival como o Flamengo? Os que hoje comandam o Fluminense acreditam que o enfraquecimento alarmante do elenco facilitará a chegada de um patrocinador de porte?
Quem assumirá a responsabilidade por permitir que Gustavo Scarpa reúna elementos para ingressar na Justiça contra o clube? Qual o tamanho do prejuízo?
Qual o intuito da contratação de uma consultoria externa de renome e o que foi apresentado de concreto até o momento? Quais as recomendações sugeridas e qual o custo envolvido?
Quem foi o responsável pela contratação de Robinho pelo equivalente a mais de R$ 7 milhões? Como justificá-la diante do caos financeiro?
Quanto custa a estapafúrdia e excêntrica aventura do Samorin aos cofres do clube? Qual o montante anual de despesas com viagens internacionais para Eslováquia ou países da Europa, seja de atletas ou dirigentes? Um dia o fato de disputar o campeonato da Eslováquia será lembrado como uma das maiores bizarrices da História do clube. Por que não dar logo basta a uma ideia tão patética?
Quem entendeu que Richarlison já havia atingido o pico de sua curva de valorização quando da venda para o Watford? Não se deve esquecer que isso se deu às vésperas da eliminação na Copa Sul-Americana.
Por que Paulo Autuori foi contratado? Ele de fato receberá R$ 140 mil mensais para NÃO estar “presente em qualquer tipo de negociação” e apenas com a atribuição “de ter ideias”, ver como se dará “a operacionalização dessas ideias” e “ajudar estrategicamente a conduzir o futebol do Fluminense”, como declarou na coletiva de apresentação?
Depois de um 2017 sofrível, com recorrentes más leituras de jogo e péssimas substituições em jogos importantes, era evidente que o primeiro ato para 2018 seria um acordo amigável que liberasse Abel e trouxesse um treinador jovem. O atual treinador está na História do clube e viveu um drama pessoal com o qual todos se solidarizam. Mas seu trabalho deixou fortemente a desejar. Agora é tarde e tudo precisa ser feito a despeito do péssimo olho de Abel para montagens de elencos.
Sob qual justificativa Romarinho permanecerá no Fluminense em 2018? É flagrante que o atleta, que merece todo respeito como ser humano, não dispõe de requisitos técnicos minimamente aceitáveis para figurar num elenco da Primeira ou mesmo da Segunda Divisão do futebol brasileiro.
O Fluminense quase caiu em 2017. Somou o mesmo número de vitórias do rebaixado Coritiba. A despeito de tal constatação, já perdeu Cavalieri, Henrique, Scarpa, Wendel, Wellington Silva, Orejuela e possivelmente perderá Dourado. Serão 7 titulares num total de quase 25 atletas que não integrarão mais o elenco. A reposição de peças ainda não se verificou. Acredita-se realmente que é possível manter a competitividade apenas com dispensas? Qual a lógica da estratégia? Quem assume a responsabilidade por sua implementação?
Qual a justificativa para “reforçar” o elenco com jogadores reservas em seus clubes ao final do Brasileiro, casos de Gilberto e Jádson, ambos agenciados por uma mesma empresa (MFD Sports)? Quem recomendou suas contratações? É fácil constatar que não são jogadores com nível para assumir a titularidade no Fluminense. Ou ao menos não deveriam assumi-la.
Como explicar a derrocada inquestionável das divisões de base do clube, notadamente a partir do Sub-17 e até o Sub-20? O Fluminense coleciona eliminações nas últimas duas temporadas em todas as competições nacionais, muitas delas com goleadas vexaminosas: Flamengo 4×0 Fluminense (Sub 20, Copa OPG de 2016), Flamengo 4×0 Fluminense (Sub 20, Taça Rio 2017), Corinthians 4×0 Fluminense (Sub 20, Brasileiro 2016), Sport 4×0 Fluminense (Sub 17, Copa do Brasil 2016) e Sport 4×1 Fluminense (Sub 17, Copa do Brasil 2016). Tudo isso sem contar as eliminações nas primeiras fases da Copa RS Sub 20, disputada em dezembro, e da Copa SP Sub 20, recém-verificada. Foi assustador constatar a desqualificação técnica dos jogadores que vestiram a camisa do Fluminense nas duas competições. Xerém é hoje um retrato na parede. O clube se tornou a quarta força no Rio de Janeiro, e vive de exaltar os feitos do futsal ou dos Sub-11 ou Sub-12.
Quais os critérios adotados para escolha do CEO? Em meio a um esforço de reestruturação financeira, seria desejável que o profissional contratado tivesse experimentado contexto similar fora das quadras de voleibol ou do COB. E qual seu histórico no futebol para que passe a opinar e a conceder entrevistas a respeito?
A atual administração do clube já fez as contas do prejuízo com o rebaixamento e a disputa da Série B em 2019? É maior do que um investimento mínimo em reforçar elenco tão desequilibrado?
É importante que sejam implementadas de imediato as seguintes medidas:
Claudio Lampert
Claudio Piquet Pessoa
Hélio Sussekind
Leonardo Caruso
Luiz Camillo Osorio
Marcelo Piquet Pessoa
Mauro Tsé
Murilo Salles
Raul Lagoeiro Sussekind