Nobres tricolores,

sempre fui um SBTista. É, reconhecidamente, a emissora de tv aberta que mais valoriza as crianças e fui uma delas nos saudosos anos 1990. Bem antes à geração “Playstation! Playstation!”, curtia demais o Pica-pau, Pernalonga, Cavalo de Fogo, Denis, o Pimentinha, O Fantástico Mundo de Bobby, todos da Hanna-Barbera, uma infinidade. Época boa…

 
 
 

Mas era um telespectador assíduo do SBT também no horário noturno e fins de semana. Impossível não se render aos encantos do Silvio Santos. É o maior comunicador que esse país tem e já teve e mesmo nos programas bregas que ele apresentava, registrava picos de audiência batendo, muitas vezes, a Toda Poderosa. E uma dessas atrações, que só lembrava do bordão até recorrer ao pai de todos, Google, para recordar o título, era o “Em Nome do Amor”.

Era cafonérrimo, parafraseando o zé ruela pseudo-revolucionário canino. Um cenário cheio de corações, flores, uma chamada à la mexicana, cópia fiel da Televisa, a maior inspiração do Sistema Brasileiro de Televisão. De cada lado, mulheres e homens enfileirados. Cada um dos participantes recebiam binóculos para avistar sua alma gêmea que estava a…uns cinco metros, no máximo. Bizarro demais. Mas eu, com meus 8, 9 anos, achava uma diversão. Até que um dia minha musa inspiradora da infância, Thalia, participou de uma entrevista durante o programa e não desgrudei da tv. Achei que me casaria com ela, mas isso é papo pra twitter.

Em dado momento, quando rolava um flerte, o Silvio Santos perguntava à moça: “É namoro ou amizade?” Torcia, claro, para sair o maior número de amizades só pra ver a cara de bunda dos cuecas. Eu sei lá se aquilo ali era armado, mas engraçado era. E a gente “paga” pra ver o show.

Se você chegou até aqui deve estar se perguntando o quão louco está o editor do NETFLU num feriado, logo após mais uma derrota acachapante do Fluminense, falando de SBT, Silvio Santos, namoro…A conclusão pode parecer óbvia: o cara pirou depois de ver tantas cagadas dessa diretoria, revezes seguidos, coadjuvação eterna. Não está errado.

Mas a relação entre o atual treinador tricolor, Marcelo Oliveira, e o atacante Júnior Dutra era digna de abrir a nova temporada do “Em Nome do Amor”, planejado para voltar à programação do SBT. Só um sentimento muito forte do técnico para com o jogador que justifique a insistência do segundo na equipe.

Marcelo Oliveira não é diferente de quase nenhum de sua categoria. É ultrapassado, retranqueiro, medroso e adora jogador ruim. Pediu a contratação de Dutra, como Abel tinha feito no início do ano, admitido pelo próprio. Mas para uma conexão duradoura, as partes precisam estar consonantes. Júnior Dutra atrapalha o trabalho de Marcelo e, como uma mulher de malandro, o “profe” não desiste da relação.

Emprestado pelo Corinthians, Dutra é um inimigo da bola. Com aquelas pernas longas (sem trocadilhos), mantém uma relação conturbada com a gorduchinha. Não finaliza, não dribla, não arma, não cruza, não desenvolve o mínimo para não só se manter no time, como receber seguidas chances. Só o amor explica.

Júnior Dutra tem velocidade zero, habilidade -1, drible -30, mas se diz “jogador de lado de campo”. Como centroavante, num confronto recente, foi escalado por ali e reclamou da estatura dos zagueiros adversários. Mesmo tendo 1,84m.

O Corinthians está em situação mais delicada do que a do Fluminense, se desfez de inúmeros jogadores, entre eles, Dutra, que era a terceira opção para o setor ofensivo. Mas para o Tricolor do Marcelo Oliveira, do Abad e da Flusócio, trata-se de um caso de pura benquerença.

O Flu dessa gente tem horror a protagonismo. Possuem carinho, afabilidade, simpatia, ternura, apreço, bem-querer, adoração, culto, veneração, apego, paixão, amor pela mediania.

Bastou eliminar o limitado Nacional (URU) através de um gol doado com todo o afeto pelo goleiro adversário que correram para as redes sociais lembrar que a campanha do Fluminense na Sul-Americana já é a melhor pós-Unimed.

Hoje estarão de volta para o aconchego de suas grutas. Dificilmente você verá um apoiador da gestão nas redes sociais com seus devaneios. Até a próxima vitória de 1 a 0 com gol cagado do “Gum Guerreiro dá porrada no Escudero”. Esses caras não têm amor próprio.

Enquanto isso, o treinador não vê a hora de tornar a utilizar seu queridão. A bola, coitada, terá aquele reencontro indesejado. E nós, com a certeza de que, sendo namoro, amizade ou apenas cegueira, essa relação não é saudável para ninguém.

– Quando você acha que o Flu vai perder ele vai lá e…perde mesmo.

– Cinco goleadas sofridas no Brasileiro. Eu escrevi sofridas? Já virou hábito.

– O Fluminense do Peter, do Abad se desacostumou a vencer grandes jogos.

– Perder clássicos, tomar goleadas, virar um coadjuvante eterno é a sina dos medíocres.

– Mas convenhamos que é um milagre o Tricolor resistir até aqui na Série A com essa turma no poder.

– Final na segunda, mas sem essa de guerra. É futebol e quero ver o time jogar bem e ganhar.

– Mais do que vencer o Ceará, o Flu precisa convencer o torcedor de que ir ao Maracanã é o melhor programa para se fazer no dia 28.

 

Um grande abraço e saudações!

 

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