(Foto: Agência Photocamera)

Atualmente no comando do Ceará, Dorival Júnior completa 20 anos de carreira. Em entrevista ao jornal O Globo, falou sobre seus diversos trabalhos e recordou algumas situações difíceis em que assumiu times, entre elas, o Fluminense em 2013.

— Assumi oito clubes em crise. Talvez a mais difícil a do Atlético-MG em 2010. Mas a do Palmeiras foi a que exigiu mais trabalho, dedicação e comprometimento em 2014. Fico feliz de ter dado uma resposta positiva nesses clubes. Vasco, Flamengo, Fluminense, São Paulo, Santos, todos alcançamos o objetivo principal – disse.

 
 
 

Naquele ano, Dorival assumiu a equipe tricolor ameaçada pelo rebaixamento para as últimas cinco rodadas do Brasileiro. Conseguiu três vitórias, um empate e perdeu uma, sendo importante para manter o Flu na Série A.

Ele ainda saiu em defesa dos técnicos brasileiros. O comandante quer ver outro treinador do país no lugar de Tite após a Copa do Mundo do Qatar (Tite já adiantou que encerrará o ciclo depois do Mundial).

— Tenho visto a seleção do Tite e outra do mundo. Pra mim a seleção brasileira está muito bem preparada. Chega em um momento importante finalizando a preparação, com um treinador com vasta experiência, uma Copa jogada. Com isso, teremos não só ótima equipe nas suas mãos, mas um profissional que sabe os caminhos da competição. Fico na torcida para que o Tite possa fazer a melhor competição possível e que tenhamos um fim de ano maravilhoso com uma grande conquista. Temos qualidade humana e jogadores de muito bom nível. E um que é especial, que fará uma grande Copa, que é o Neymar. Após o Tite, acredito que deveríamos ter um técnico brasileiro, torço para que isso aconteça, é a essência do nosso futebol. Tivemos cinco conquistas com treinadores formados no país. Acho que esse respeito deveria ser mantido. Temos profissionais preparados para estar à frente de uma das seleções mais respeitadas – disse.

Dorival não é contrário a treinadores estrangeiros no país. Muito pelo contrário. Ele destacou o calendário apertado e a onda de demissões como um dificultador dos trabalhos.

— Todos aprendemos com todo mundo. Vejo os treinadores brasileiros muito bem preparados. Só que aqui não se consegue desenvolver trabalhos. Só os que vão alcançando resultados imediatos. Mas nosso país não é preparado para isso. E isso atrapalha o trabalho dos brasileiros e dos estrangeiros. Não tem como negar. Estamos na segunda rodada e temos três treinadores demitidos. Que caminho é esse? Que situação é essa? Será que não percebemos o mal que estamos fazendo para o futebol? Temos que colocar a mão na cabeça e começar a buscar uma autoanálise. Infelizmente estamos contribuindo, precisamos repensar o futebol, só encontraremos um caminho juntos. Não tem divisão de jovens e antigos, de fora e de dentro. Todos têm conteúdo. Temos que encontrar um caminho para os clubes serem seguros e conscientes nos momentos em que precisem definir a situação de um profissional. Do contrário ficaremos nessa ciranda dos últimos 25 anos. Que tem sido penoso para todos nós. O desrespeito é geral. Acontece em todos os seguimentos. E tem penalizado o nosso futebol – falou.