A emoção tomou conta da entrevista de Fernando Diniz nesta terça-feira (25). O treinador, extremamente abalado, chorou em vários momentos da coletiva. Afirmou que não sabe se irá dirigir outra equipe em 2024 e, chorando, tornou a comentar sobre a importância das relações humanas e criticou o que chama de “sistema”, responsável, segundo ele, por prejudicar os jogadores de futebol, especialmente os mais jovens.
– Não pretendo trabalhar imediatamente. Mas não sei se vou trabalhar esse ano ou não. Mas nesses primeiros dias preciso descansar em campo porque estou muito mexido com o que aconteceu na minha saída. É um sentimento imenso de gratidão pelo Fluminense, pelos momentos que vivemos juntos. E é um sentimento grande de tristeza porque não queria que terminasse como está terminando. É muita lembrança, muita emoção vivida para mim, para minha família e vai ficar marcado porque é assim que eu sou (Diniz chora neste momento) – declarou o técnico, que seguiu:
– Eu quis muito estar aqui de volta e tenho certeza que deu certo (torna a chorar). Eu peço desculpas por esse momento que estamos passando de não conseguir vencer, mas nunca faltou entrega e trabalho, coragem para fazer as coisas. É um momento significativo na minha vida, foi uma entrega muito grande. E o futebol pra mim nunca foi uma coisa mecânica, apartada da vida, do sofrimento, do choro e da alegria. Vou continuar obviamente assim, porque só dá para ser assim. Não vou me dobrar nunca ao sistema, o sistema não vai me dobrar. Eu sofri muito quando jogava para ser quem eu sou. O sistema do futebol faz muito mal a muita gente. A minha vida no futebol enquanto eu viver vai ser para deixar alguma coisa firme para que o sistema seja menos cruel para muitas pessoas, em especial aos jogadores. Esses são os que mais sofrem. O sistema trata os jogadores de 16, 17 anos como se fossem capazes de suportar essa avalanche de superficialidades que entra na injustiça, crueldade, de uma sociedade que quer extravasar suas emoções e precisa achar culpados para se sentir melhor. E os jogadores não são treinados para suportar isso.