Walter e Cristóvão Borges conviveram por quase um ano no Fluminense. Houve um conflito no início da relação, logo contornada pelo treinador, e ficou o carinho e o respeito. Conhecedor do atacante, destaque do Atlético-PR na primeira rodada do Brasileiro, o técnico diz que é preciso muita atenção ao jogador.
– É notória a dificuldade dele de emagrecer. Para ele jogar, ter condições, tem que estar em um determinado peso. Quando conseguia ficar perto disso, rendia. Quando não, não conseguia jogar. Mas ele é um jogador carismático, uma boa pessoa, bom profissional, mas tem essa dificuldade com a forma. Precisa de outros cuidados, precisa ser muito cobrado e de suporte. Ele se desmotiva com facilidade. Tem que saber lidar, dá trabalho para manter ele motivado. Aí acontece uma coisa que eu já tinha sofrido no Vasco. Lá, durante seis meses em todas as entrevistas que eu ia, me perguntavam se tinha como o Felipe e o Juninho (Pernambucano) jogarem juntos. Eu respondia, mas não aguentava mais. No Fluminense, o que vendia é o Fred e o peso do Walter. Num jogo contra o Palmeiras, no Brasileiro, nós vencemos em um jogo sensacional, que nos exigiu muito. Aí tinham jogadores com cãibras, e eu não pude substituir taticamente, era mais na questão física. Fiquei guardando uma mexida até o final e acabei não fazendo. Aí alguém (jornalista) viu o bico que o Walter ficou e perguntou o motivo de ele não ter entrado. Não lembro a resposta, mas ele se mostrou descontente. Aquilo levou uma semana sendo discutido. Esperei passar uns dias e coloquei ele de frente para mim na minha sala e perguntei: o que foi? Qual o motivo do bico? Expliquei como funciona o pensamento do treinador. Disse que tinha jogadores com problemas físicos e eu não podia arriscar. Ele entendeu e disse que eu estava certo. Falei para ele que de burro eu não tenho nada, que não posso brigar com jogador, que é quem resolve para mim dentro do campo. Eu estive dentro de campo por 17 anos e aprendi muita coisa, já sei do filme do início ao fim. Não tive problema com jogador nenhum – garantiu.