Paulo Brito
Embora o Fluminense ainda não tenha se manifestado de maneira oficial sobre a questão, o ex-diretor geral do clube, Jackson Vasconcelos, trouxe à tona a discussão polêmica sobre o lado que cabe aos torcedores do Flu, no Maracanã. Dizendo que não haveria necessidade do Tricolor ocultar a cláusula que fala especificamente sobre o lado direito às cabines de imprensa destinado aos seus fãs, o ex-dirigente disse que, até a sua saída, no segundo semestre de 2014, não havia sido assinado um acordo.
As palavras de Jackson Vasconcelos, porém, seguem um caminho menos polêmico no livro “O jogo dos cartolas: futebol e gestão”, lançado por ele há cerca de dois meses. Num trecho do capítulo da obra em que fala sobre o contrato com o Maracanã, o dirigente, em nenhum momento, dá a entender que faltava a assinatura de um anexo que garantiria um lado fixo aos torcedores do Fluminense.
Confira o trecho:
“A negociação ainda reservaria algumas emoções, mas até aquele momento tudo caminhava bem. Um desses momentos de tensão ocorreu quando exigimos o lugar fixo no Maracanã. Era algo que fazia sentido prático, já que o Fluminense, ao assinar o contrato por 35 anos (com possibilidade de extensão), o teria como sua casa. O Vasco e o Botafogo fariam uso eventual do estádio. Mas quando se trata de paixão, como as que as torcidas nutrem por seus clubes, nem sempre a razão impera. O consórcio, que desejava que os quatro grandes assinassem com ele, não gostaria de ser o responsável por mover quaisquer das torcidas de lugar. Por eles, mantinha-se tudo como era. Mas isso não fazia sentido na negociação em curso. E por esse motivo insistimos até altas horas da madrugada de uma quarta-feira, até que tivemos a concordância do consórcio – o Fluminense passava a ter local fixo. Depois, passamos a definição do espaço da loja do clube e do vestiário. Chegamos à reunião e o Cadu (Carlos Eduardo Moura, gerente de arenas) abriu uma planta baixa feita em um plotter de engenharia que nem os diretores do consórcio tinham visto. Lá, já estavam indicados os locais para a loja e vestiários.
Todos os pontos fechados, a minuta foi encaminhada para o departamento jurídico o Fluminense. Marquei em seguida um encontro com o representante do concessionário, Sergio Pinheiro, para bater ponto por ponto. Ele, com a minuta examinada pelos advogados do concessionário, e eu, com a vinda dos nossos. Quem sabe o que é um departamento jurídico, que examina minutas de contratos com o cuidado de não se comprometer com o resultado, pode imaginar o trabalho que tivemos eu e o Sergio Pinheiro para atender às sugestões e recomendações que vieram. Mas, em linha direta com o advogado da concessionária e com Carlos Eduardo, que é também um advogado de excelente formação, batemos cada item. O evento da assinatura aconteceria no dia 9 de junho de 2013, uma terça-feira, ao vivo ela internet, feita por veículos de imprensa. A coletiva foi um show de competência oferecida pelo departamento de comunicação do Fluminense: a pauta correta, as questões bem formuladas e a distribuição do release em tempo certo, apresentando os dados com toda a transparência.
Questionado pelo portal NETFLU se sua declaração não havia sido contraditória ao que havia publicado em seu livro, o ex-braço direito de Peter discordou:
– Para entender o processo é simples. Havia um compromisso com a concessionária. O anexo não foi redigido por mim, mas pelo departamento jurídico. Eu não fazia só isso. Tinha milhões de coisas a fazer. Eu só soube que o anexo não tinha sido assinado, quando o Mário levantou a questão. Para mim, já havia sido assinado. Já havia um compromisso formal de assinatura. Por isso eu estranhei. E já tem um ano que eu saí. Esse troço não aconteceu anteontem. Eu deveria ter saído com isso já resolvido? Não sei. Saí por outros motivos. Mas já tem um ano que estou fora do Flu. Pode ser até que já tenham assinado depois ou firmado de outra maneira. Não estou mais lá. Como eu disse, basta mostrar a cláusula. Pra mim, a coisa é muito natural, por isso está publicada no livro – finalizou.