Ex-presidente da Unimed e candidato ao cargo mais importante do Fluminense, Celso Barros deu entrevista ao porta Vavel. Nela, o médico falou sobre campanha política, patrocínio, ideias e, claro, futebol.
Confira na íntegra:
VAVEL BRASIL: Primeiramente, obrigado pela entrevista. Quem é Celso Barros e como começou sua ligação política com o Fluminense?
CELSO BARROS: “Sou um tricolor que acredita muito que o Fluminense não merece o momento que está vivendo. A minha ligação como torcedor começou nos primeiros anos de vida. Como patrocinador, há 17 anos, quando vi o Fluminense na 3ª divisão e estava numa posição que poderia ajudar. O problema era falta de investimento. Construí um projeto de marketing político e transformei-o numa parceria com o Fluminense. O modelo foi um case de patrocínio”
VAVEL: O que te faz sentir capacitado e preparado para ser presidente do Fluminense Football Club?
CELSO: “A experiência de mais de 15 anos com o departamento de futebol, ajudando a montar elencos campeões, a solucionar as crises, situação bem comum num clube de futebol, e os meus conhecimentos no campo da gestão”
VAVEL: Qual é o seu planejamento e as principais propostas de sua gestão para o futebol do Fluminense?
CELSO: “Organizar um time para ser campeão. Isso custa dinheiro, então, dependeremos de patrocínios. E, quando se fala em patrocínios, se fala em projetos de marketing esportivo. A minha proposta é ter um de mão dupla como foi com a Unimed-Rio. O patrocinador ganha visibilidade positiva e transforma isso em negócios, que geram dinheiro e o Fluminense ganha títulos”
VAVEL: E para os esportes olímpicos?
CELSO: “Quem sustenta os esportes olímpicos é a marca Fluminense, que depende do sucesso do futebol. Quanto mais forte a marca do futebol do Fluminense, mais fácil se consegue patrocínio e incentivos fiscais para os esportes olímpicos. Então, a primeira providência é fortalecer o futebol. Depois, dar administração profissional especializada. Alguém que tenha capacidade técnica e experiência no lidar com esportes olímpicos, gestão de projetos incentivados, administração financeira específica e etc”
VAVEL: Uma pauta que ficou bastante em alta na Rio 2016 é a importância do apoio ao futebol feminino no Brasil. Flamengo e Vasco carregam projetos para inclusão das mulheres no esporte. Existe planejamento para a inclusão do futebol feminino em sua gestão no Fluminense?
CELSO: “O Fluminense está inserido no Profut e o artigo 4º exige investimentos no futebol feminino. Isso pode ser um peso ou uma oportunidade. Depende do modo como o esporte será gerenciado. Faremos da exigência uma oportunidade de fortalecimento e valorização da marca”.
VAVEL: Com a construção do CT, existe um temor sobre a futura utilização de Laranjeiras. Existe um planejamento para reforma e reutilização o local?
CELSO: “A área de Laranjeiras não é exclusivamente futebol. É clube social e formação de atletas para os esportes olímpicos. A área dedicada ao futebol será consolidada como espaço para conservar a história do Fluminense. Lá já está a sala de troféus, tem o bar temático… É só estender o conceito com o trabalho do Flu-Memória, que pode ser transformado numa Fundação com sede em Laranjeiras”.
VAVEL: Estádio próprio do Fluminense: sonho ou realidade? Existe um plano real, com arrecadação de verbas e busca por investidores, para a construção do estádio?
CELSO: “É um sonho. Não existe ainda um projeto. Antes de pensar nele será preciso conhecer as contas do Fluminense, que são de uma opacidade incrível. Ninguém sabe exatamente como funciona a caverna negra do setor financeiro do Fluminense”
VAVEL: Existe a discussão sobre o Consórcio Maracanã deixar a administração do estádio. Se isto de fato acontecer, sua gestão brigaria para assumir a administração do estádio ou prefere investir em um próprio? No caso de optar pelo Maracanã, haveria a possibilidade de realizar uma parceria política com o Flamengo?
CELSO: “Prefiro o Maracanã e nada impediria uma parceria, não para assumir a administração, porque o custo é imenso, mas para, num projeto de marketing inteligente, sustentar o estádio”
VAVEL: Também há debate sobre a categoria de base no Fluminense. Enquanto Scarpa tem um projeto a longo prazo, outros, como Marlon, Kennedy, Biro Biro, são revendidos logo que despontam. Existe um projeto para permanência das revelações ou a necessidade de “formar para revender” também está incluído como projeto financeiro?
CELSO: “O futebol de base da gestão Peter/Flusócio é uma mentira bem contada e um mistério. Não há planejamento. É tudo na tentativa-erro. A captação amontoa jogadores, alguns por si mesmos dão certo e todo o resto sobra. Para não sobrarem tantos, Peter e a Flusócio criaram uma linha de fuga para o exterior. Eu quero uma gestão profissional de fato em Xerém, para criar jogadores e alguns com potencial para serem ídolos do time”
VAVEL: Muitos torcedores ainda não entenderam a real finalidade do projeto STK Samorin. Qual a sua opinião sobre o mesmo e, caso eleito, continuará em atividade ou passará por reformulação?
CELSO: “Preciso entender melhor o projeto. Ele, como tudo na gestão do Peter, é discurso demais e transparência nenhuma”
VAVEL: Um dos momentos mais fortes da gestão Siemsen ficou por conta do enfrentamento às torcidas organizadas. Qual a sua opinião sobre papel e função das Torcidas Organizadas junto ao clube Fluminense?
CELSO: “Enfrentamento? Nunca houve. Conversa fiada. Peçam para olhar a contabilidade do clube com isenção e vocês verão quanto o Peter financiou as torcidas. Ocorre que o Fluminense sofreu um tranco nas contas e o Peter/Flusócio aproveitou para fazer média com a sociedade, com a história de não financiar. Eu tenho a coragem de defender as torcidas organizadas e com autoridade para punir atos de violência. No Fluminense elas não são formadas por bandidos, mas por torcedores que incentivam o clube, dedicam horas de sua vida a preparar a festa nos estádios e até cobrar melhores desempenhos”
VAVEL: Há um projeto de melhorias no programa de sócio-torcedor? Se sim, quais?
CELSO: “Com futebol medíocre o programa morre. É o que se vê no Fluminense, que chegou a ter mais de 20.000 sócios-torcedores e hoje apenas 5.000 estão regulares e, desse número, boa parte é formada por antigos sócios-contribuintes que migraram. Quer melhoria no programa sócio-torcedor? Respeite os torcedores oferecendo-lhes times competitivos e espetáculos que não produzam vexames. Perder partidas é do jogo. Fazer isso com indignidade é falta de gestão”
VAVEL: Uma das maiores reclamações dos torcedores quanto ao programa Sócio-Futebol é a falta de benefícios reais, principalmente a quem mora fora da Rio. Implementação de milhagens, que seriam recebidas ao se adquirir produtos oficiais e ingressos e poderiam gerar descontos nos próprios ingressos e produtos oficiais. Há alguma perspectiva desse pedido da torcida ser aceito?
CELSO: “Será aceito, mas volto à questão: um futebol medíocre anula toda a força dos benefícios”
VAVEL: O Fluminense enfrentou e enfrenta problemas de logísticas com os últimos patrocinadores: Guaraviton rescindiu após problemas financeiros e a DryWorld é criticada pela sua distribuição. Caso eleito, como pretende lidar com os problemas da atual fornecedora e a busca por um patrocinador master?
CELSO: “Sem projeto de marketing esportivo pode esquecer a chance de ter patrocínios. Peter recebeu o Fluminense com Adidas e entregará com uma dívida da DryWorld com o clube. E pior: o Fluminense pagou comissão para conseguir a empresa. Acredita?”
VAVEL: Gestão Siemsen é reconhecida por estar diminuindo as dívidas do Fluminense, mas também criticada pelos resultados no futebol. Qual será seu modelo de gestão: seguir com o projeto de saúde financeira ou impor altos investimentos para buscar resultados dentro de campo?
CELSO: “Outra mentira. A redução da dívida se deu pelo cancelamento e redução de multas, juros e outros encargos em razão do ingresso no Profut. A dívida original cresceu. E é preciso desmistificar essa história de ser incompatível fazer futebol competitivo com responsabilidade financeira. É possível, sim. É o que farei”
VAVEL: Sobre o posicionamento político do Fluminense quanto a questão da CBF: existem fortes criticas à entidade sobre a organização de campeonatos, questões de calendário e, principalmente, arbitragem. Mas, em dezembro de 2015, Coronel Nunes foi reeleito com voto favorável do próprio Fluminense. Qual seu posicionamento sobre o caso?
CELSO: “As críticas do Peter são piti, encaradas como institucionais porque ele é o presidente do Fluminense. Quando ele acalma, tudo se normaliza. As relações institucionais precisam se dar no campo da normalidade e do debate sério sobre as posições que de fato interessem às instituições. É como será comigo na Presidência”
VAVEL: Existe um racha evidente com Rubens Lopes, presidente da FERJ, e Eurico Miranda, presidente do Vasco. Qual será sua postura se eleito presidente? Seguirá defendendo os interesses do clube impondo força, ou tentará uma reaproximação com os mesmos?
CELSO: “”Impondo força”, esse tipo de procedimento não se dá entre instituições. No momento em que os interesses colidirem, a minha posição será, como sempre foi, em favor do Fluminense. Sem impor e sem aceitar decisões goela abaixo, pela força”
VAVEL: Neste ano, antes da partida contra o Sport, um grupo de torcedores enfrentou cambistas na porta de Edson Passos e recuperou cerca 350 ingressos para redistribuí-los aos tricolores. Como você vê essa situação e pretende tomar alguma medida para evitar o cambismo em jogos do Fluminense?”
CELSO: “Isso é caso de polícia. O Fluminense deve contar com a polícia para a repressão. A ação de um grupo de torcedores é ato espontâneo, bem visto, mas a posição do Fluminense é institucional. Agora, o clube pode ajudar com sistema de controle interno na confecção dos ingressos, privilégio para os sócios e preços que desestimulem a venda no mercado negro”
VAVEL: Como você avalia os seis anos da gestão Peter Siemsen? E o que é possível melhorar?
CELSO: “Três anos bons e três péssimos. Em todos os campos é possível melhorar”
VAVEL: E esse é um espaço aberto para você deixar seu recado para a torcida do Fluminense que está lendo esta entrevista.
CELSO: “Se eu for eleito presidente do Fluminense, cinco pilares sustentarão o trabalho da minha equipe nos três anos de mandato:
1 – Um time de futebol profissional competitivo, capaz de vencer o Campeonato Brasileiro de 2017 e, por consequência, disputar com chances reais de sucesso a Libertadores. Estou com conversas adiantadas para trazer de volta Thiago Neves, Maicon… Há também forte possibilidade de receber o Conca.
2 – Um time na base capaz de ocupar posições no futebol profissional ainda em 2017, crescendo em participação no elenco profissional em 2018 e 2019.
3 – Um projeto de marketing esportivo, que dê ao Fluminense vantagens na conquista de patrocinadores master, para se ter recursos que sustentem o futebol e o clube.
4 – Estabilidade financeira, para garantir a permanência no Profut e no Ato Trabalhista, mas também investimentos nos projetos principais do Fluminense.
5 – Uma equipe de profissionais de gestão, com experiência e formação específica para cada unidade de negócios do Fluminense: Futebol profissional, Futebol de Base, Esportes Olímpicos e Clube Social.
Serão suportados nestes cinco pilares os demais pontos do plano de ação que apresentei durante a campanha, nas dezenas de entrevistas que concedi a todos os veículos que solicitaram, nos debates e no facebook, material disponível na internet para pesquisa.
Para realizar esse projeto, dou como garantia a minha experiência de 15 anos de participação ativa na escolha dos elencos e nas decisões que tiraram o Fluminense da 3ª divisão e deram ao clube vários títulos. Uma experiência que soma a minha participação ativa na solução das crises, que o Fluminense atravessou no futebol profissional.
Quero muito ter a oportunidade de fazer novamente nosso time campeão. Sem arrogância, mas com humildade, afirmo que, entre os três candidatos, sou o único com autoridade e experiência para fazer o que proponho.
Compareça para votar no dia 26 e decida se você quer um time campeão com absoluta responsabilidade e transparência na gestão financeira. Se esse for o seu desejo, peço o seu voto”