O polêmico texto da Medida Provisória (MP) do Futebol (que trata das renegociações de dívidas dos clubes com a União e contrapartidas) foi aprovado na íntegra pela comissão mista no Congresso Nacional com confusão na manhã desta quinta-feira. Isso porque a reunião para a votação aconteceu apenas com a presença de quatro parlamentares e com a anuência do presidente da casa, o senador Sérgio Petecão (PSD-AC). A aprovação aconteceu em poucos minutos. Agora, a proposta segue para ser apreciada pelo Plenário.
A reunião estava marcada para às 9h e, após esperar um tempo de tolerância de 15 minutos, Petecão autorizou a votação só com a presença dele mesmo, do relator Otávio Leite (PSDB-RJ), o senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) e o deputado Evandro Roman (PSD-PR).
Porém, deputados ligados à CBF ainda tentavam apresentar destaques (mecanismo usado para retirar trechos do texto por votação). Isso não foi possível porque eles chegaram após o martelo ser batido, o que causou irritação.
– Durante todo o processo de discussão da MP, nós conversamos, dialogamos, fizemos tudo a várias mãos. Abrir uma comissão e votar tudo em menos de um minuto? Quando iniciou a reunião, não dava tempo nem de chegar do gabinete até aqui. Com todo o respeito que tenho por vossa excelência, não foi justo o que fizeram aqui. A partir de agora, entraremos em um grande imbróglio nesta Casa em relação a esse projeto. Mas há vida depois de amanhã. Vossa excelência e o relator terminaram essa comissão da pior maneira possível – protestou o deputado Marcelo Aro (PHS-MG), atual diretor de ética e transparência da CBF e ligado ao Atlético-MG.
– Ontem (quarta), no almoço, combinamos que não tiraríamos algumas coisas, mas que outras seriam colocadas em votação no destaque. Aqui estão alguns destaques assinados por mim e por outros deputados, e essa rapidez nesse momento não privilegia a relação. Não dá para votar com plenário vazio. A gente conhece a Casa, sabe como é. Funcionamos ontem até meia-noite e meia. O relator poderia ter esperado um pouco mais para fazer o debate. Era o princípio do razoável esperar mais gente. Quero registrar meu descontentamento. É mais uma quebra de acordo na política que prejudica as relações – completou o deputado Vicente Cândido (PT-SP), diretor de assuntos internacionais da CBF.
O presidente, por sua vez, afirmou apenas ter cumprido com as normas da casa para a realização da votação.
Agora, o texto segue para votação no Plenário da Câmara e ainda pode passar por mudanças por meio de análise e votações de destaques.