(Foto: Cesar Greco - Agência Palmeiras)

Em sua coluna no “Jornal Extra”, Gilmar Ferreira comentou a possível contratação de Felipe Melo pelo Fluminense, que está próxima de ser oficializada. O jornalista criticou a postura do Tricolor, de contratar um atleta de nome e de peso antes de definir o nome do novo treinador para 2022.

Confira, na íntegra, o texto de Gilmar Ferreira:

 
 
 

“É uma discussão conceitual, eu sei.

Mas não vejo com bons olhos essa tentativa da diretoria do Fluminense na contratação de Felipe Mello, de 38 anos, oficialmente liberado ontem pelo Palmeiras.

Embora seja ainda um jogador extremamente competitivo, não há o que justifique tal fato, se o clube não tiver o aval do treinador que sucederá o atual.

Marcão, com 49% de aproveitamento, não tem o perfil que se projeta para a comando da próxima temporada.

E como sei que não há um nome de consenso para substitui-lo, tenho o pé atrás com contratações sem que o clube conheça as ideias de quem irá dirigir o time.

E olha que, ao contrário de boa parte crítica, avalio muito bem a gestão de elenco do Fluminense – desde sua montagem até a administração das metas.

Porque não é fácil, em meio à pandemia, manter-se em nível de excelência e tendo a limitar os passos do clube uma dívida superior a R$ 700 milhões.

Para o Fluminense, que não tem quem lhe garanta investimentos de grande porte, chegar ao final da temporada com vaga na Libertadores é um feito e tanto.

O time não tem os jogadores da prateleira de cima, mas conseguiu formar um grupo harmonioso e competitivo, que corresponde à realidade do clube.

Felipe Mello é dos mais vitoriosos em atividade no futebol brasileiro, e ainda em condições de qualificar qualquer elenco do Brasil.

Aliás, não deve ser coincidência o fato de o Palmeiras ter conquistado cinco títulos nos últimos cinco anos.

De 2017 até hoje, foram um Estadual, um Brasileiro, uma Copa do Brasil e duas Libertadores.

Ainda que não tenha sido decisivo, ou até mesmo um titular inquestionável, ajudou a consolidar conceitos de disciplina e espírito de grupo.

Mas o atraente pacote traz surpresas que nem todos os treinadores gostariam de se deparar.

Porque Felipe Mello é um jogador de temperamento controverso e exagerado, nem sempre entendido pelos mais jovens.

Por isso, segundo relatos de pessoas que conviveram com ele no Palmeiras, em momentos diversos, houve desconforto e mais instabilidade do que união e foco.

Tudo bem que o Fluminense tem na gestão silenciosa e equilibrada da relação profissional entre comando e comandados o experiente Paulo Angioni.

Que talvez seja hoje o mais antigo profissional em atividade na função.

Mas ainda que Angioni possa garantir a serenidade, lhe escapa a condição de atestar a efetividade e a eficácia do jogador.

Em minutagem, Felipe Mello participou de pouco mais de 30% (2.926) da carga do Palmeiras (8.010), em 2021…

Um tanto por problemas físicos, outro por opção técnica.

Vejamos…”