Já experiente, Kelly, capitã do time feminino tricolor, convive com a realidade da maioria das mulheres que jogam futebol no país. Ela atua nos campos e recebe uma ajuda de custo do clube, mas precisa complementar a renda trabalhando fora. A meia treina de manhã com a equipe tricolor e, depois, trabalha como motorista de aplicativo (Uber e 99).
Antes da chegada ao Fluminense, conquistou a medalha de ouro no Pan-Americano de 2003, na República Dominicana, e a prata na Olimpíada de 2004, em Atenas. Ela chegou a jogar por seis meses na Coreia do Sul e voltou para o Brasil. No retorno ao país, abandonou o futebol e arrumiu um trabalho formal até ser convidada para defender o Tricolor por intermédio da técnica Thaissan Passos.
– Nada mudava dentro do nosso Rio de Janeiro. Aí eu desisti… Consegui um trabalho. Quando a Thaissan assumiu a equipe Tricolor, recebi o convite e aceitei voltar aos gramados. Tive dificuldade no começo pela questão física e também porque não tinha como largar meu emprego, saía dos treinos e trabalhava depois – contou.
Porém, ao voltar a jogar, passou a não conseguir conciliar o futebol com o emprego que tinha. Então, buscou a alternativa de dirigir para aplicativo. Ela trabalha até umas 19h todo dia. Cansa, mas é necessário.
– Tem pessoas que ainda têm condições porque a família banca, que têm uma situação um pouco melhor, outras que ajudam em casa. Às vezes não é nem porque a gente quer, a gente acaba sendo “forçada” a tentar outros caminhos – disse e acrescentou:
— Não tem como a gente viver do futebol feminino ainda. A gente precisa trabalhar, estudar…