Nos últimos dois anos, Cano foi o maior goleador do país (Foto: Lucas Merçon - FFC)

Desde que chegou ao Fluminense em 2022, Germán Cano deixou todos acostumados a muitos gols. Porém, não marca há 31 dias. Neste ano, o maior artilheiro do país nas últimas duas temporadas (44 gols em 2022 e 40 em 2023) só marcou cinco vezes. Em reportagem do site ge, os comentaristas do Grupo Globo avaliaram os motivos para a “seca” do centroavante argentino. Confira o que disseram:

Jéssica Cescon:

 
 
 

— O Fluminense passa por um momento instável coletivamente e isso tem afetado, dentre outros aspectos, a criação das jogadas. Consequentemente o ataque passou a receber menos a bola em situação de conclusão do que costumava receber. Nem sempre a jogada chega limpa, em triangulações pelo chão, como foi a característica do time campeão da Libertadores. Além disso, por causa do momento que testa a capacidade do conceito de jogo antes sólido do time, a confiança individual dos jogadores também é atingida. Assim como vemos mais erros na saída de bola aparecerem, o atacante perde mais gols. Mas vale dizer que a instabilidade é natural em qualquer trabalho, e a queda de rendimento individual também. Uma coisa está conectada com a outra, e Cano deve voltar a ser o goleador que conhecemos na medida que o time recuperar consistência.

Pedro Moreno:

— Acredito que o rendimento abaixo da média de Germán Cano nessa temporada seja explicado por alguns fatores. O primeiro deles é de ordem física. Cano, que é um jogador com baixo histórico de lesões, sofreu com lesão no início da temporada. Sendo que a pré-temporada do Fluminense já foi abreviada e longe do ideal, por conta da disputa do Mundial e da Recopa Sul-Americana. Outro motivo é no aspecto coletivo. Até aqui na temporada, o Flu tem sido um time com maior dificuldade de sair da pressão e, principalmente, de criar grandes oportunidades, em comparação ao time do ano passado. Por último, destaco também a questão do posicionamento. Embora Cano seja um jogador muito voluntarioso sem a bola, sempre se entregando demais na marcação, no perde-pressiona, não foi raro vermos em diversos jogos o atacante tricolor baixando na linha dos volantes, pra ajudar no momento sem bola. É claro que, no modelo de jogo tão agressivo do Fluminense, é muito importante a entrega de todos na recomposição. Porém, deixar um finalizador nato tão distante do gol tem cobrado seu preço.

Rodrigo Coutinho:

— Acho que a gente pode ver essa situação por dois lados. Primeiro, tem o lado do time. O Fluminense é um time que tem produzido muito menos. Então, automaticamente, por ser o centroavante, ele recebe menos bolas em condições de fazer gol. Mas também tem o lado dele. Não sei se tem sentido alguma questão física. Desde o ano passado, o Fluminense passou por uma maratona de ter que se reapresentar, entrar de férias depois de todo mundo, entrar em forma rapidamente para jogar a Recopa. Ele também teve uma lesão no Carioca. Talvez isso tenha prejudicado esse início de preparação dele e tenha tirado a forma técnica, talvez tenha atrapalhado um pouquinho a parte mental também. Fato é que acho que não dá para ver isso (jejum) por um lado só.

Até aqui, Cano fez dois gols no Campeonato Carioca (um diante do Bangu e outro no Sampaio Corrêa), um na Libertadores (contra o Colo-Colo (CHI)) e dois no Brasileiro (frente a Bahia e Atlético-MG).