Mário Bittencourt falou em nome do Fluminense e dos clubes com os quais está alinhado (Foto: Mailson Santana - FFC)

A discussão para a formação de uma possível liga entre clubes para a organização das Séries A e B do Campeonato Brasileiro está bem longe de se chegar a um consenso. Em entrevista ao SporTV, Mário Bittencourt, presidente do Fluminense, falou sobre a possição tricolor e das agremiações com as quais está alinhado.

Por ora, existiu uma tentativa por parte de seis (Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras, Santos e Bragantino) de criar um estatuto, que também recebeu apoio e assinaturas dos representantes da Série B Cruzeiro, Ponte Preta e Vasco. A chamada “Libra”. Do outro lado, além do Fluminense, América-MG, Atlético-GO, Ceará, Coritiba, Athletico, Cuiabá, Fortaleza Juventude e Goiás, na Primeira Divisão, além de Chapecoense, Brusque, CSA, CRB, Náutico, Criciúma, Londrina, Operário, Sampaio Corrêa, Sport, Tombense e Vila Nova (da Segunda) não aceitam e pregam uma rediscussão dos critérios de divisão do valor gerado pela liga. Os demais representantes de ambas as divisões ainda não definiram um lado.

 
 
 

— O grupo que era chamado dos seis e hoje são nove, fez um modelo e constituição de uma liga por uma empresa contratada por eles. Essa mesma empresa, a Codajas, trouxe possibilidade de trazer um investidor ao Brasil. Todos, inclusive o Fluminense, assinaram a carta para trazer o investidor. Não se falava em divisão de cotas, nada, só em trazer um investidor estrangeiro. A carta de exclusividade expirou no fim do ano, o investidor não chegou. Depois, os clubes falaram sobre a possibilidade de seguir. Nada contra a empresa. Agora em 2022, as discussões aceleraram sobre a questão da montagem da liga. Esse grupo entendeu ter a assessoria da empresa para montar um projeto de liga. O anexo coloca esse grupo maior em quantidade de clubes (do qual o Fluminense faz parte) que discorda. É uma discussão técnica. Um grupo quer que seja mais justo de divisão, que critérios devem ser diferentes. Gostaríamos de discutir esses critérios antes de criar liga. Eles entenderam diferente, assinaram um documento. Mas não existe liga assim com nove. Tem que ter os 40. Esse grupo de cá está trabalhando tecnicamente para montar uma proposta que considera mais justa – disse, prosseguindo:

— Eles fazem uma proposta que já existe hoje (40% (igualitário), 30% (performance), 30% (engajamento)). Não falam no aporte do investidor na liga. Isso terá de ser discutido depois se vier o investidor. Ainda não há o investidor. Lá na frente, não sabemos quanto o investidor trará. O que está em discussão agora, é que apresentaram um modelo de divisões de receita de TV futuro que já existe hoje e já criou um abismo financeiro gigante entre os clubes. Salvo engano saiu um estudo ontem ou anteontem da Ernest & Young que mostra que a diferença só sobe nos últimos anos. Num campeonato de pontos corridos, sempre o time que tem mais dinheiro, normalmente performa melhor. O critério de divisão igualitária, acreditamos que seja 50% o mais justo. Hoje já é 40%-30%-30%. No anexo deles, o que colocam como engajamento, nós discutimos algumas coisas. Falam em redes sociais. As próprias pesquisas de torcida. Às vezes tem torcidas que têm seis, sete vezes o tamanho da do Fluminense em tamanho, mas que não vendem isso a mais de camisas e não colocam isso a mais em estádios. Só queremos que nossa proposta também seja ouvida. Estamos discutindo tecnicamente para que haja discussão. Os clubes têm de debater. Esse 30% tem cinco critérios de engajamento que eles pré-definiram e nós (os outros clubes) discordamos de pelo menos dois. Discutimos que seja 50% igualitário e que sentemos à mesa para discutir a questão do engajamento. E se fala em seguir o modelo de futebol europeu. Por que não permitir igual ao modelo europeu que o clube que mais ganha não receba mais que 3,5 vezes a mais que o último? Vamos estudar uma divisão com proposta mais sólida para ser discutida.