O Fluminense divulgou, no fim do ano passado, uma polêmica lista anunciando a dispensa de oito jogadores (Diego Cavalieri, Henrique, Marquinho, Higor Leite, Robert, Artur, Wellington Silva – lateral-direito – e Maranhão). Ex-advogado e vice de futebol tricolor, Mário Bittencourt criticou veementemente a maneira encontrada pelo clube no momento de se desfazer dos atletas. Segundo mais votado na última eleição tricolor (perdendo para Pedro Abad e à frente de Celso Barros), ele explicou as consequências de tal medida.
– Todos os processos que foram ajuizados posteriormente a dezembro de 2011 estão fora do Ato Trabalhista. Fui eu que obtive juridicamente esse Ato em 2011, foi todo feito pelo meu escritório. Naquele momento conseguimos que as execuções fossem todas travadas e entrassem no Ato e o Fluminense teria nove anos para pagar. Um valor fixo mensal, cresce ano a ano, mas não com juros e correção. Todo ano tem um valor fixo para matar essas dívidas de 2011 para trás. Existe lá claramente uma cláusula do Ato que todos os processos ajuizados posteriormente estão fora dessa fila. O que isso significa: caso esses processos de jogadores agora tenham êxito, o Fluminense corre o risco de pagar o valor mensal e ter a receita penhorada por esse processo. O que vai gerar inviabilidade financeira do clube. Por isso acho que a maneira que foi feita foi a pior possível. Foi, eu me arrisco a dizer, a única que não poderia ser feita. Você tem os jogadores, negocia amigavelmente uma rescisão, poderia emprestar, vender e até liberá-los gratuitamente em troca de uma quitação geral. Das quatro únicas opções que poderia utilizar, usou uma quinta que não poderia. Mandou embora e tem agora nas costas o valor total do contrato. A Lei Pelé foi alterada nesse sentido e não é de muito tempo. A multa mínima favorável ao atleta é o valor total do contrato até o final – disse, completando:
– As demissões foram de uma inabilidade não só jurídica, como negocial. O advogado instrumentaliza o que foi acordado entre as partes. Quem negociou foi muito inábil. Eu diria amador. Teve um amadorismo assustador. Vou dar o exemplo de um jogador que trouxe na minha época de vice-presidente de futebol e não obteve êxito no campo, que foi o Ronaldinho Gaúcho. Ele tinha um ano e meio de contrato, ficou três meses no Fluminense e fizemos uma rescisão amigável sem multa pela saída. Uma rescisão no zero a zero, só pagando as verbas de momento. Ele saiu sem qualquer problema, como outros que tive de tratar rescisões como advogado e vice-presidente. Eu estou no meio do futebol, faço trabalho para outros clubes. A opinião unânime foi que nunca tinham visto isso. Foi de um amadorismo assustador.