No lançamento oficial de sua candidatura à presidência do Fluminense, Celso Barros fez um longo pronunciamento no qual recordou os anos de parceria da Unimed, empresa que presidia, com o clube. O agora candidato ao cargo máximo nas Laranjeiras revelou até bastidores da saída de Muricy Ramalho em 2011, na chegada de Peter Siemsen e a tentativa de contratação de Luiz Felipe Scolari, campeão do mundo com a seleção brasileira em 2002.
– Em 98 comprávamos (Unimed) jogos avulsos do Fluminense e colocávamos adesivos de plástico na camisa. Foram dois jogos. Em 99, veio a Série C. Infelizmente, a gente foi. Hoje vemos a Portuguesa na Série D. Isso é uma desgraça para qualquer clube sair da elite e começar a viver isso. Eu pensei assim: “Vai ser muito bom. O Fluminense vai ser a estrela da mídia”. Quem era adversário não queria que o Fluminense saísse da C. Nós queríamos sair. Aí veio aquela situação e voltamos para a elite. Fizemos o primeiro patrocínio. Não gosto de falar, mas o Fluminense estava no fundo do poço. Era dirigido por um triunvirato. O Horta, que mais falava comigo, queria o patrocínio para pagar o Parreira, Moracy Santana e Américo Faria. A partir daí, eu não participava muito da vida do clube e nem do time. Tinha o patrocínio. Eu senti que precisava me envolver mais. Era preciso que a gente conversasse um pouco. E não era função da empresa pagar dívidas do Fluminense, senão iríamos morrer. Tivemos depois aquela chegada do Romário, um cara que gosto muito, apesar de ter alguns problemas. Foi a coisa mais linda que vi no Salão Nobre. Fez um gol de bicicleta, o único da vida, contra o Guarani. Fomos caminhando até que em 2007 conseguimos a Copa do Brasil, um título nacional que o Fluminense não conseguia há muito tempo. Em 2008 fomos à Libertadores, depois de muito tempo. Fomos vices talvez numa das noites mais difíceis da minha vida. Em Quito, o Thiago Silva, um grande jogador, não teve uma grande atuação. Aqui, tínhamos tudo para ganhar. Foi uma tristeza. Fiquei no camarote e era uma coisa triste. Ver as crianças chorando. O Renato depois subiu, chorou. Eu estava com pessoas e segurei. Cheguei em casa, sentei na cama com a minha mulher e lá chorei. Às 4h, chorei compulsivamente. Tínhamos tudo para vencer. Um juiz sem vergonha também. O cara ia bater o pênalti e o goleiro saía para conversar com o árbitro. O juiz mandou voltar. Em 2009 foi um ano ruim, mas veio o Cuca. E tivemos a Sul-Americana na mão. De novo a desgraça da LDU. Aí o Fred, numa atitude irresponsável, deu uma cotovelada num cara e foi expulso (na verdade, deu uma cabeçada no árbitro Carlos Amarilla). Não ganhamos, mas não caímos. Em 2010, veio o Muricy, um dos grandes técnicos do país. Mesmo tendo feito aquela bobagem na saída. Não precisava falar em ratos. Em 2011, começaram os probleminhas com o Peter. Queria tirar o Alcides (Antunes, vice de futebol). O Muricy também estava de saco cheio e quis sair. Aí começamos a procurar técnicos e eles estavam com certo medo de vir para o Fluminense. Conversei com o Felipão, ele mostrou interesse, mas tinha uma multa alta no Palmeiras. Eu continuei tentando. Aí conseguimos o Abel. Tivemos de esperar dois meses. Ficamos com interino. Abel veio também. Fomos campeões cariocas e brasileiros. Nesse período, ganhamos três títulos nacionais e fomos duas vezes vices em competições internacionais. Os problemas depois foram acontecendo. Em 2013 foi terrível. O Sandrão foi demitido. Ele tinha um contrato para ajudar a Unimed, o Fluminense não remunera vice. Deram um golpe lá e mandaram o Sandrão embora, o Peter assumiu o futebol. Em 2014 foi o último ano nosso, as coisas foram complicadas. Eu fui sempre avisando ao presidente a situação difícil, que talvez teríamos de sair. Saímos com um sexto lugar. Esse ano ganhamos a Primeira Liga, tenho minhas dúvidas. Agora tem chances de Libertadores. Se for eleito, receber o time na Libertadores é meio caminho andado. A relação sempre foi Fluminense/Celso Barros. Se tivesse um outro presidente, talvez não patrocinaria qualquer clube. Foi importante para ambos os lados, uma ótima estratégia de marketing. Os dois cresceram. Chegamos ao ponto que os dois chegaram, tanto Unimed quanto Fluminense. Mas a relação forte ficou Celso/Fluminense – contou.