Em meio à incerteza sobre a sequência do futebol em território nacional por conta da paralisação das disputas por causa do coronavírus, a Federação Nacional de Atletas de Futebol Profissional (Fenapaf) está cobrando a CBF e a Rede Globo garantias para a realização do restante dos estaduais. Com isso, também levantam a possibilidade do Campeonato Brasileiro ser menor e com um a fórmula diferente.
— Nós já conversamos várias possibilidades. Vai depender como a epidemia vai andar. Se tudo voltar ao normal até maio, dá para encaixar tudo. Se não voltar, vai ter que mudar o modelo de competição – disse Alfredo Sampaio, técnico da Cabofriense, presidente do Sindicato dos Atletas de Futebol do Estado do Rio Janeiro (Saferj) e representante da Fenapaf.
No caso das competições não recomeçarem até maio, Sampaio diz que as entidades relacionadas aos atletas já até sugeriram um novo modelo para o Brasileirão.
— Citamos dois grupos de dez jogando entre si, campeão de um contra o campeão de outro. E aí teríamos 22, 24 datas se fosse jogo ida e volta. O importante entender é que essa decisão depende muito da questão do vírus. Se o vírus acabar em maio, tudo bem, mas e se acabar em junho ou julho? Aí não tem como ter 38 datas – disse.
As discussões ainda ocorrem internamente, mas já há uma promessa da CBF para a continuidade dos estaduais. A cobrança por parte dos atletas é para que a Rede Globo pague a parcela restante pela transmissão de alguns torneios locais. Segundo Sampaio, isso será importante para assegurar que os jogadores receberão.
— Estamos vivendo outro pesadelo. Antes era o vírus, agora é a receita da televisão. Há a possibilidade de os atletas ficarem desempregados e sem recurso. Esses jogadores do estadual têm contrato de quatro, cinco meses. Eles recebem um valor e guardam o restante para viver diante das incertezas. Alguns podem se empregar, mas a grande maioria fica sem trabalho. A CBF deve garantir que vai achar datas para o estadual e a Globo garantir que fará os pagamentos. Os demais clubes, os grandes clubes estão de férias. Esses caras têm como se virar, mesmo com salários atrasados. Mas a grande maioria que joga estadual não tem – falou.
Porém, para a TV, a possibilidade de alterar a disputa do Brasileiro não é das mais atrativas. Isso vale para as duas emissoras com direito de transmissão. Enquanto a Rede Globo tem a preferência para o cronograma com 38 rodadas para honrar com seus compromissos, a Turner possui acerto com oito clubes e verá seu número de partidas exibidas muito reduzido se o formato for alterado.