Sabatinado por torcedores durante campanha em São Paulo, o mandatário do Conselho Fiscal e candidato à presidência do Fluminense, Pedro Abad, falou sobre a imagem do grupo que representa. Questionado diretamente por um torcedor se havia uma prepotência e arrogância no discurso, ele disse que na Flusócio há pessoas com ânimos mais exaltados, de estilo combativo, como em qualquer outro lugar. Os múltiplos perfis, porém, não chegam a atrapalhar tanto assim, na visão do postulante ao cargo mais importante do Fluminense.
– A Flusócio é um grupo muito grande. É natural em qualquer coletividade de pessoas com um número relevante, você ter pessoas de todas as matizes. Tem gente que tem um perfil calmo, conciliador; tem gente que gosta de ir para o embate. Quando começamos a primeira campanha que eu participei, em 2010, não estávamos no clube. Tínhamos muito preconceito. Falávamos mal de todo mundo e quando a gente entrou lá a gente viu que não era nada disso. Hoje em dia a gente se dá bem com todo mundo. Mas tem pessoas que tem esse perfil, gostam de ir para as redes socais debater, brigar. Tem gente que dá a vida pelo gripo, que toca o blog, as pautas políticas. Eu também passo por isso. Detesto ver pessoas que têm passados negros, com viés, a mando de outras pessoas provocando o nosso grupo. Tem gente que responde dando na canela. Talvez não fosse o ideal, passa uma ideia talvez equivocada, mas eu posso te afirmar que o pessoal da Flusócio é totalmente dedicado ao clube, pessoas que não querem absolutamente nada dentro do clube, mas realmente a postura de algumas pessoas nas redes tem atrapalhado um pouco as costuras sim. Tem membros da Flusócio que são conhecidos de todo mundo, as vezes nem conhece pessoalmente, mas sabe o nome da pessoa. Nas conversas, essas pessoas são citadas: “não aguento mais fulano, fulano só parte para briga, fala besteira” e a gente tem que explicar como as coisas funcionam. E o perfil da pessoa. Não tem como a gente tirar uma pessoa do grupo porque ela tem um perfil combativo. Muitas dessas pessoas que partem para a discursão aberta, os argumentos a gente endossa. Eu endosso também. Eu como candidato não parto para briga por uma questão política. Eu não bato boca, prefiro conciliar. Até na Flufest, eu encontrei uma pessoa, a gente conversou amistosamente e você consegue manter um diálogo. Tem gente que não consegue. Você esta num grupo com 300 pessoas de convívio diário, você vai encontrar alguém. A Flusócio tem uma órbita de influência muito maior do que isso. E às vezes acontece, não tem jeito. Até você nivelar o discurso, a estratégia, demora. Mas de qualquer maneira sempre vai acontecer. Tem brigão de tudo o que é lado. Não é só na Flusócio. O problema é que na Flusócio tem brigão com razão que se expressa mal. Ou se expressa indevidamente. Acontecem as rugas. Eu não entro numa de satanizar ou condenar quem faz isso, embora eu não fizesse. Muitas vezes as críticas são viciadas, não são de pessoas com “pureza” de intenção na discussão, mas concordo que às vezes passa a impressão errada. As pessoas já vem me procurando falando “aposto que você é um cara legal, mas com fulano não dá”. Eu escuto isso toda hora. Mas a pessoa tem esse perfil e será que ela está falando não tem sentido? Hoje um membro da Flusócio pediu desculpas, publicamente, a um veiculo de imprensa. A gente passa do limite, mas isso é Fluminense. Quando a gente vê o Fluminense atacado ou um grupo da Flusócio atacado, a gente se defende também. Às vezes eu vou a jogo, boto a camisa da Flusócio e escuta muita gracinha, muita coisa que as pessoas não sabem do trabalho que fazemos. A gente já foi ameaçado fisicamente, de apanhar: “cuidado quando vocês entrarem aqui no clube”. Isso acontece, faz parte. “Cesta básica é baratinha, a gente resolve isso rápido”. Tem vezes que a gente passa dos limites verbalmente também. É a mesma coisa de uma final, o cara está nervoso, perde a calma, acontece. Mas não é arrogância. A gente tem conversado com muitos grupos políticos e todos eles têm essa ideia e a gente desmistifica isso. Dizem que a Flusócio não quer ninguém na gestão, pelo contrário. A gente está angariando muito apoio dentro dos grupos e acho que as pessoas estão perdendo a ideia de que a Flusócio é arrogante. A gente precisa conversar. Quando a gente tem a chance de explicar, as coisas se diluem. Tenho certeza disto.