Cria das divisões de base do Fluminense, Fernando sobreviveu a sete acidentes vasculares cerebrais (AVC) no ano passado, quando jogava pelo Volta Redonda. Precisou abandonar a carreira e, os 31 anos, assumiu o cargo de auxiliar-técnico do Bonsucesso, onde jogou em 2015. O irmão do meia Carlos Alberto, também revelado em Xerém, relembra o drama.
– Eu estava no Volta Redonda, me preparando para a Série D do Brasileiro, mas ainda meio fora de forma. Por eu ser alto e bom na bola aérea, o Felipe Surian (técnico) me pediu para ajudar numa jogada. Era uma bola normal, vim na corrida com o Luan (zagueiro) e nós dois somos grandes e fortes. Consegui cabecear a bola mas a trombada fez um efeito de “chicote” no meu pescoço e isso esmagou a minha artéria vertebral. Na hora, pensei que fosse só um torcicolo, mas minha vista escureceu e fiquei tonto. Saí de campo e fiz uma massagem como o fisioterapeuta. Depois disso, treinei por mais uns dez dias mas sempre passava mal, tinha desequilíbrios, tontura, coisas que nunca tinham acontecido. Sempre fui forte, jogava com contato físico, mas de repente estava caindo por qualquer coisa. Chegava um menino magrinho, me encostava e eu me desequilibrava – disse Fernando, que continuou:
– Numa sexta-feira, antevéspera de jogo, participei do coletivo e fiz uma boa primeira parte de treino. No começo da segunda, roubei uma bola e fui arrancar, mas escureceu tudo. Pedi para sair na hora. Mais tarde, quando fui jantar, eu não conseguia enxergar o prato na mesa. Os outros jogadores me perguntavam por que eu colocava as mãos para os lados e eu explicava que só conseguia ver o que estava dos lados, não enxergava “reto”, o que estava na minha frente. E eu não comi. Fui dormir, acordei umas 19h30, 19h45 e me levantei para ir ao mercado comprar alguma coisa para comer. Logo depois que eu passei o cartão de crédito na máquina e paguei as compras, desmaiei na rua. Aquele foi o meu primeiro sintoma de AVC.
Fernando conta como soube que teve tantos acidentes vasculares cerebrais: