flusocio1Toma lá, dá cá! O maior grupo político do Fluminense, a Flusócio, não se calou após as críticas do presidente do Atlético-PR, Mario Celso Petraglia. Dentre as acusações do dirigente do time paranaense disse que o Flu teria fechado com a Globo, deixando outros clubes na mão e, também, que havia sido pivô de alguns dos grandes casos de corrupção do futebol brasileiro.

Confira o post do grupo político na íntegra:

 
 
 

Em maio de 1997, o Jornal Nacional da TV Globo divulgou gravações de telefonemas que desvendariam um esquema de corrupção dentro da CBF, supostamente envolvendo venda de resultados de jogos de futebol e financiamento de campanhas políticas. O pivô do caso foi Ivens Mendes, que era desde 1988 presidente da CONAF (Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol), órgão encarregado de escalar árbitros para as competições de futebol organizadas pela CBF.

Numa das gravações, Ivens Mendes pedia R$ 25 mil ao presidente do Atlético/PR, Mario Celso Petraglia, e ainda insinuava que o seu clube poderia ser beneficiado pela arbitragem no jogo contra o Vasco, pela Copa do Brasil 1997. A partida foi realizada em Curitiba e o Atlético/PR ganhou por 3 a 1, tendo o árbitro Oscar Roberto de Godói expulsado o atacante Edmundo, principal jogador do Vasco. Em outra gravação, Ivens Mendes pedia ajuda financeira ao presidente do Corinthians, Alberto Dualib, o qual teria inclusive mencionado “um, zero, zero” (cem mil reais) como valor a ser pago.

Na Justiça Comum, nenhum processo foi adiante, já que os únicos indícios de crime foram apontados por gravações clandestinas, portanto ilegais. Os jornalistas responsáveis pelas gravações chegaram a ser indiciados, mas acabaram beneficiados por prescrição.

O STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva) baniu Ivens Mendes para sempre do futebol. Os dirigentes Mário Celso Petraglia (Atlético/PR) e Alberto Dualib (Corinthians) foram impedidos de representar seus clubes perante a CBF, mas a decisão não afetou a participação dos mesmos nas respectivas diretorias. O Atlético/PR foi formalmente “suspenso por um ano”, mas curiosamente não deixou de participar de nenhuma competição em função disso. Apenas começou o Campeonato Brasileiro de 1997 com 5 pontos negativos, como punição por sua participação no caso.

Diante do escândalo, a CBF cancelou o rebaixamento de Fluminense e Bragantino, que haviam sido os últimos colocados no Campeonato Brasileiro de 1996 e, pelo menos em tese, deveriam disputar a Série B em 1997. A medida acabou desviando as atenções dos clubes diretamente envolvidos no esquema criminoso do caso Ivens Mendes. Sem rebaixados, o Brasileirão de 1997 teve 26 clubes, dois a mais que nos anos anteriores.

A narrativa acima não corresponde à nossa opinião, mas apenas aos fatos que marcaram uma triste época do futebol brasileiro, que envolvia combinação de resultados, propina e impunidade, pois em qualquer país onde o esporte é levado a sério, clubes envolvidos em arranjos de resultados são punidos com rebaixamentos: isso já aconteceu, por exemplo, com gigantes como Olympique de Marselha, na França, e Juventus de Turim, na Itália.

Mas por conta de divergências em uma decisão comercial, que envolve a análise entre as propostas da Globo e da Esporte interativo para compra de direitos de transmissão entre 2019 e 2024, o Sr Mario Celso Petraglia, hoje Presidente do Conselho Deliberativo do CAP, o mesmo dos fatos lamentáveis descritos acima, se sentiu no direito de declarar ao jornal Gazeta do Povo, em entrevista, que “o Fluminense foi o clube mais beneficiado por toda a corrupção do futebol brasileiro até hoje”.

Recentemente, o mesmo dirigente tentou articular uma manobra para assumir a Presidência da Liga, mesmo não sendo Presidente do seu Clube, fato que quase provocou a destruição do movimento. A reação dos Presidentes de Cruzeiro, Flamengo e Fluminense provocou novas eleições e salvou a unidade da Liga.

Depois não entendem porque qualquer esforço por formação Liga Nacional acaba sempre naufragando: em geral falta respeito às instituições por parte de alguns dirigentes, também falta senso coletivo e empresarial, e até mesmo auto-crítica e vergonha na cara, como é o caso.


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