Em uma análise macro sobre a situação do Fluminense, Abel Braga, à Rádio Globo, avaliou a temporada e, apesar de todos os problemas, conseguiu ver algumas situações positivas. O treinador cobrou mudanças, quer um time mais competitivo, mas enxerga algo de interessante pra extrair.
– Não sei te precisar ano passado quantos treinadores teve o Fluminense. Antes do Eduardo (Baptista)… Teve Dorival, teve Luxemburgo quando saí em 2013… Um montão de gente. O que acontece? O Corinthians teve o Mano, depois um longo tempo o Tite, depois o que foi auxiliar do Tite por tempos. Muitos acham que a solução no futebol é mudar, mudar, mudar, mudar… A gente nunca escuta falar em mudar de dirigente, só de treinador. Isso tem consequências. Por isso considero um ano proveitoso. O Fluminense não mudou praticamente nada, conseguiu um retorno razoável, lucro razoável na venda do Richarlison. Foi uma perda irreparável, mas tem que ser. Todos os clubes fazem isso. O Inter faz isso. Venderam Nilmar, Sobis, Daniel Carvalho, Taison, Pato. O Inter dá essa sorte de vender atacante. E vendem bem. É a solução de um ou dois pro clube levar o ano. Com todos os problemas, o ano foi proveitoso. Ganhamos a Taça Guanabara, demos volta olímpica. Fizemos final de Campeonato Carioca. Com todo o respeito ao Flamengo, que é um grupo muito superior, fomos extremamente prejudicados pela arbitragem. Aquilo foi um negócio sem comentários. Fomos eliminados numa quarta de final de Sul-Americana. Só passamos algumas horas na zona de rebaixamento de um sábado. Imagina se tivesse ficado 15 rodadas na zona de rebaixamento como o São Paulo? Isso que faz pensar quando acorda às 3h da manhã. Os caras botavam 50 mil no Morumbi, aí no meu tinham quatro, cinco mil. Nos momentos mais importante, os caras foram. Acho que foi proveitoso. Todos podem discordar, mas o que mostramos de novidades, de garotos, não deu ainda para colocar os caras como profissionais a 100%, fazer eles entenderem o que representa a camisa desse clube, uma vitória, derrota, rebaixamento, classificação para Libertadores. Somos um clube centenário. Ainda não deu para fazer eles entenderem isso. Os caras vinham aqui treinar e dois dias tinham que jogar. O Mascarenhas fez estreia no Fla-Flu marcando Vinícius Júnior. Teve a história que falei depois do jogo que falei na conferência. Perguntei a ele se tinha marcado o moleque, que era liso e ele falou: “Sim, marquei lá na Gávea”. Perguntei quanto foi o jogo. Ele “4 a 1 Flamengo”. Eu falei: “Porra, meu Deus do Céu”. Mas ele foi bem pra caramba. Depois também deu uma encorpada, pousou um pouquinho. O Marlon chegou, rendeu, jogador de futuro. Não dá nem pra mostrar aos caras o que é isso aqui, o que representa isso aqui.