Pela análise feita a partir do balanço apresentado pelo Fluminense referente ao ano de 2019, pode-se reparar uma queda nas receitas do clube. Porém, na interpretação do especialista em marketing e gestão esportiva Amir Somoggi, o Tricolor tem boas chances de reerguer. Ele vê com bons olhos os caminhos traçados pela gestão iniciada no meio do ano passado sob o comando do presidente Mário Bittencourt.
— O Fluminense teve queda em receitas, tinha R$ 297 milhões em 2018 e caiu para R$ 265 milhões em 2019. Uma parte disso por conta de transferência de atletas e outra pela mudança na televisão. Além das premiações, a televisão caiu de R$ 113 milhões para R$ 81 milhões. Os patrocínios caíram de R$ 13 milhões para R$ 9 milhões e o sócio-torcedor foi de R$ 23 milhões para R$ 20 milhões, então todas as receitas caíram. Houve uma melhora substancial em bilheteria, que saltou de R$ 10,8 milhões para R$ 16,4 milhões. Um ponto interessante foi a redução do custo do futebol. Da mesma forma que a receita caiu, o custo também caiu de R$ 167 milhões para R$ 147 milhões. É o segundo clube que mais gasta no futebol no Rio de Janeiro. O terceiro é o Vasco, com R$ 128 milhões e o quarto o Botafogo, com R$ 114 milhões – analisou, complementando:
— Hoje o Fluminense tem um equilíbrio muito maior no custo do futebol do que tinha em 2017, quando era de R$ 193 milhões, representando 84% de toda receita. Hoje representa 56%. O clube fechou com prejuízo, já é uma sucessão nos últimos quatro anos. Foram R$ 93 milhões de prejuízo nos últimos quatro anos, uma média de R$ 23 milhões ao ano. As dívidas tiveram um aumento de R$ 629 milhões para R$ 642 milhões. Uma parte disso causada pelo aumento da dívida fiscal. Do ponto de vista financeiro, o Fluminense não vive um bom momento. Queda de receitas, déficit, com os gastos ainda pressionando pois o clube tem muitas dívidas. Mas vejo o Fluminense mais preparado em 2020 do que estava, com uma boa administração, mesmo que austera em termos de investimento, mas tem muita dívida para pagar ainda.
Somoggi entende que a realidade de momento é um reflexo dos anos seguidos de más gestão, praticamente num efeito bola de neve.
— Olhando para o endividamento do clube, se vê um peso muito grande das dívidas fiscais, que acabaram jogando como forma de sobreviver e pagar outros débitos. Vejo essas dívidas em crescimento e também as contingências, que é um problema que acompanha o clube. Tem muito dinheiro provisionado também por acordos trabalhistas e cíveis. Enquanto o Flamengo tem o patrimônio líquido de R$ 128 milhões, o Fluminense tem um negativo de R$ 266 milhões. É um retrato de décadas de má administração que acumularam dívidas e acabou impactando diretamente. Quer dizer, os bens que o Fluminense tem são insignificantes em relação ao tamanho da dívida – disse.