A violência que acomete o Rio de Janeiro quase levou Abel Braga para a Europa. O treinador do Fluminense pensou na hipótese de largar tudo e se mudar para o Velho Continente. Ele voltou atrás e contou os motivos:
– Moramos em Portugal por cinco anos e meio. Nós não ficamos porque ela (sua esposa) queria morar em Lisboa e eu queria ficar na cidade do Porto. Aí viemos embora. Mas chegou um momento, do Rio e do Brasil, em que falei para ela: ‘Vamos embora. Como nossos filhos e netos vão viver? Se não está dando para viver agora, como vai ser daqui a 10 anos?’ Só piora, não tem melhora nunca? Aí o apartamento [no Leblon] foi ficando pronto. Hoje, fico muito mais em casa. Saio menos para jantar do que antes. E pensei: Vou dar as costas para minha cidade? Essa cidade maravilhosa? Não posso. Como sempre fui um otimista, achei que seria covardia dar as costas para a minha cidade. No meu apartamento eu vejo o mar, o [morro] Dois Irmãos, o Cristo… Para que sair daqui. Andando eu vejo tanta coisa absurda. Saio menos, mas vivo mais. Mas tem outro lado. Você fica num mundo restrito, pequeno. Saio menos e conheço menos gente. É o preço do país, dos políticos?