Treinador que luta e questiona muito por melhorias na categoria, Abel Braga vê a escassez de técnicos brasileiros fora do país com certa naturalidade. Para o comandante do Fluminense, nem sempre vale a pena deixar o país e se aventurar em terras estrangeiras. O próprio ainda recebe convites, mas não quer.
– Hoje eu não sei se vale a pena. Eu saí o Inter campeão do mundo pra ir pro Al Jazira. Foi legal porque ajudei a mudar a história do futebol do país. Em três anos que fiquei lá ganhei todos os títulos possíveis e imagináveis. Agora fui e não recebi, tive de entrar na Fifa. Mandaram uma carta pro meu advogado o Marcos Motta. Tinha um acordo assinado e eles não cumpriram. Se eu não assino a rescisão, o acordo com eles, eles não poderiam contratar outro técnico. Eu fui lá, otário, e assinei na boa fé. Eles tinham de pagar 50%, que é muito maior que o acordo, porque eu tinha mais um ano e meio de contrato, tinham de pagar uns milhões de euros pra mim. Assinei na boa fé. E não me pagaram. Foi em 2015. Simplesmente não poderiam ter contratado outro técnico. Muitos recebem convite daqui e dali e não vão. Eu não preciso ficar falando. Volta e meia eu recebo, dois, três, principalmente do mundo árabe. Não me fascina mais nada. O que me fascina hoje é estar bem comigo mesmo e bem no Fluminense – falou.