Mistério. Segundo o dicionário, a palavra significa tudo cujo a causa é oculta, desconhecida, enigmática. Assim têm sido os dias da política tricolor, envolvendo tanto o pleito quanto os candidatos ao cargo máximo do clube. Sem exceção, os players políticos trocam a objetividade no discurso por respostas relativas, ainda em busca de uma definição quanto as circunstâncias que envolverão as próximas eleições, antecipadas após voto dos sócios, em Assembleia Geral Estatutária (AGE), realizada no último sábado.
Em entrevista concedida no sábado à noite, pouco depois da divulgação do resultado da AGE, o mandatário tricolor preferiu não estipular manter a linha do “aguarde as cenas dos próximos capítulos”, do que estipular uma data para as novas eleições, reforçando o mistério em torno do tema. Veja:
Abad não define data para as eleições e diz que prioridade é registrar a ata do novo estatuto. Diferente do presidente do Conselho Deliberativo, ele acredita que o processo não deverá demorar muito. pic.twitter.com/e0FTAsX2UM
— Paulo Brito (@PauloFBS) 26 de janeiro de 2019
Intitulando-se a “real oposição”, ex-vice de futebol do Fluminense Ricardo Tenório, membro do triunvirato com Mário Bittencourt e Celso Barros, que disputará o próximo pleito, reforçou que a antecipação é o melhor caminho, mas se esquivou sobre qual dos três concorrerá ao posto de mandatário.
– Hoje é um dia importante, onde vai estar prevalecendo a vontade do sócio. Foi manifestada pelo próprio presidente a vontade dele de sair, ele entendeu que é a melhor forma, e acho que é quase uma unanimidade que precisamos mudar. Ainda não decidimos (o candidato), mas definindo essa situação, se for o sim, vamos lançar uma chapa para concorrer e todos vão saber quem será. Fomos a única real oposição na ultima eleição, nos juntamos eu, Mário e Celso para essa e vamos entrar em um acordo. Acho que cada um de nós tem muito a contribuir para o clube – afirmou ao NETFLU, tendo opinião compartilhada pelo também ex-vice de futebol, Mário Bittencourt:
– Vai ser definido ao longo dos próximos dez ou 15 dias, até porque não sabemos a data ainda; Isso está a critério do atual presidente do clube. Vamos discutir algumas questões internas nossas. Na verdade, a decisão está passando muito por critério técnico, onde cada um vai poder dar sua melhor contribuição ao clube, caso a gente vença as eleições – disse.
Considerado o grande adversário do triunvirato, o responsável pela construção do CT da Barra, que leva o seu nome, Pedro Antônio também adotou as entrelinhas. Se no ano passado ele garantiu, através de uma carta, que não concorreria a nenhum cargo político, agora ele deixa a questão em aberto.
– Se os outros ainda não decidiram e estão fazendo campanha há mais de um ano, eu demorar mais um pouquinho é mais do que normal. Não vou falar nada. Se eu for candidato, pode ler minhas cartas. Já está tudo escrito lá o que vou fazer (risos). Devo divulgar minha decisão nos próximos dias – afirmou o ex-vice de projetos especiais, em conversa com o site número 1 da torcida tricolor.
Especulações em torno de uma chapa com Pedro Antônio, Júlio Bueno, Cacá Cardoso e Diogo Bueno também circularam no Fluminense. O ex-vice financeiro de Abad, Diogo Bueno, porém, rechaçou que exista uma conversa nesse sentido, pelo menos por enquanto. Todavia, ele apontou algumas características que julga necessárias para alguém que queira comandar o Fluminense.
– Todas as ideias de modernização, governança, atração de investidores, de valorização de todas as áreas, futebol olímpico, social… estamos buscando um candidato que esteja 100% comprometido em implementar isso. Estamos abrindo conversas, porque tem que ter um plano de reavaliação da dívida, estádio das Laranjeiras, precisa ter uma estrutura para fazer o pilar do futebol, tem que ter jogadores de renome, comissão técnica cascuda… escrevemos uma lista de princípios para ver quem se encaixa. Não tenho candidato, não tem essa de minha chapa. Todo mundo que participa do mundo do futebol, empresário, precisa entender tudo isso. Desenvolvemos dez pilares que chamamos de decálogo, escrito por uma pessoa super renomada, e estamos buscando um candidato que incorpore isso. A gestão tem que ser totalmente profissional, equalização dos salários que o mercado paga, realização dos contratos existentes… – afirmou Diogo.
Diante de tantas meias palavras, o torcedor do Fluminense espera uma resolução sobre o futuro do clube, tentando tirar os pés do chão e alçando voos mais altos. Primeiro homem a pisar na lua, Neil Armstrong dizia: “o mistério causa curiosidade e a curiosidade é a base do desejo humano para compreender”. Até o momento, nada é totalmente compreensível no bastidor político do Tricolor das Laranjeiras.