Esqueçamos qualquer choramingo, por menor que possa ser. Um impedimento, inicialmente duvidoso, tornou-se comprovado eletronicamente. Todas as discussões possíveis podem ser levantadas sobre a questão que envolveu a transmissão de informações ao árbitro, mas nada poderá tornar o gol comprovadamente impedido válido. Que o árbitro seja suspenso pela maneira que atuou e que a federação seja indiciada por tal prática sem estipulação prévia. Esses seriam nossos lucros. Mas muita gente já está aí gritando ainda sobre a tal confusão. Prefiro me atrelar ao efeito em cadeia que ela proporcionará.
Os três primeiros colocados da tabela continuam mantendo uma certa regularidade, o que dificulta o alcance. Em seguida, o Fluminense tem a companhia de um rival carioca (Botafogo) e de um Santos muito contundente em sua casa (a Vila Belmiro). No retrovisor, enxergamos o Grêmio e o Atlético-PR criando gás. Em nono, o Corinthians se prevalece da força de sua tradição para uma arrancada final.
O que há de preocupante nas próximas etapas da tabela? É que, de todos esses clubes por perto, o único que enfrentamos é o Atlético do Paraná. Ou seja, não teremos os importantes “jogos de seis pontos”. Mais do que nunca é preciso pontuar, pois não poderemos influir na sequência de nossos adversários diretos. Por mais que pareça curioso, a possível influência fora das quatro linhas é mais perseguidora quando os confrontos não são diretos. Se o problema envolve os clubes que se enfrentam, você acompanha de perto, faz o estardalhaço que for por conta da suposta influência externa, como vivos no último clássico. Mas se os lances duvidosos acontecem em outro jogo que está fora de nosso alcance?
O Fluminense conviverá com a distância de seus atuais principais adversários na busca pelos objetivos. E, se nos confrontos faltam inimigos da ponta da tabela, sobram agoniados na luta contra o rebaixamento. Times grandes que darão a vida para não mancharem sua história (vistos Inter, São Paulo e Cruzeiro, jamais rebaixados). Por isso, cada degrau tricolor será uma batalha à parte. A obrigação de fazer o seu papel em cada partida só aumenta pela distância dos bastidores dos outros confrontos.
É hora de o Fluminense incorporar de vez a disposição técnica e tática. Nos últimos tempos, a diretoria tem se caracterizado pela discórdia pública em todo tipo de polêmica, o que colocará qualquer questionamento tricolor nesta reta decisiva em segundo plano quando sub judice. Agora, os acontecimentos vão ficar distantes demais para tal brado. É preciso se estabelecer um foco no que realmente traz resultado, sem tribunais, gritos, empurrões, coletivas intempestivas e suposições conspirativas.
O que o Fluminense precisa, mais do que nunca neste momento decisivo, é de vitórias. Triunfos daqueles que se decretam quando o jogo termina.