Jovem foi um dos heróis do Tricolor na conquista da Libertadores em 2023
Em uma entrevista exclusiva ao portal GE, o técnico Fernando Diniz, campeão da Libertadores e da Recopa Sul-Americana pelo Fluminense, contou um pouco mais sobre a relação com o atacante John Kennedy, um dos heróis da conquista da América em 2023. O ex-treinador tricolor relembrou todo o processo de acolhimento do jogador, desde sua chegada em 2022, com tentativas frustradas na tentativa de conseguir o melhor para o atleta e o ser humano.
– Eu costumo dizer que o futebol, para mim, tem uma função. Eu acho que ele é meio, não é fim, é melhorar a vida de quem joga e a vida de quem assiste. É uma coisa da vida, como deviam ser todos os trabalhos. Se você tem uma pessoa melhor, mais confiante, mais inteligente, mais consciente, mais ética, a pessoa vai executar aquilo que ela tem que executar de uma maneira melhor. No futebol, de maneira geral, têm muitos Johns Kennedys por aí, são vários. E a gente tem uma facilidade muito grande de perdê-los, porque esses caras testam muito os limites que a gente tem. O John Kennedy testou muitos os limites do Fluminense, e eu sempre quis muito ajudá-lo. Em determinado momento, a gente teve que afastar um pouco – disse Diniz, prosseguindo:
– Quando eu cheguei, em 2022, não dei conta dele. Eu fui, tentei, me aproximei muito rápido, tentei, aí não aconteceu, ele foi para o sub-23, deu problema, foi lá para Xerém de novo no sub-20. Não foi legal, e a gente organizou de ele fazer o Campeonato Paulista pela Ferroviária. Ele foi bem, voltou diferente e foi sendo colocado de novo num processo um pouco mais gradual. Ele foi indo, foi amadurecendo, foi treinando, foi enxugando, foi se dedicando mais nos treinos e começou a fazer diferença no campo. Em determinado momento, o John Kennedy deu problema de novo, só que a gente já tinha base suficiente para conhecer melhor e continuar acolhendo. E aí não fui só eu. Jogadores e o Paulo Angioni (diretor de futebol) participaram muito desse processo também – afirmou o treinador, acrescentando:
– A gente soube acolher o John Kennedy. Ele testa. Chegou atrasado de novo, não foi, essas coisas do treino, de ser um pouco indisciplinado. Mas a gente conseguiu, na hora que todo mundo ia romper, dar mais uma chance. Teve um determinado momento em que a gente se reuniu e teve aquele negócio: “o John Kennedy não dá mais”. Não, o John Kennedy dá. Se sair daqui, ele vai fazer o quê? E isso foi uma coisa consensual, uma conversa minha com os jogadores, e foi praticamente a acolhida final. Coincidência ou não, dali para frente ele começou a decidir praticamente todos os jogos – concluiu.
Emprestado ao Pachuca (MEX), John Kennedy vive uma boa fase no futebol mexicano, o que também foi comentado por Fernando Diniz na entrevista. O comandante diz torcer pelo jovem, para que ele se encontre novamente.
– A gente não consegue salvar todo mundo e nem o próprio John Kennedy. Mas o fato de ele estar tendo uma nova chance me alegra. Se ali na frente ele conseguir estar com a família dele formada, ter conseguido guardar o dinheiro que ele precisa para poder cuidar da esposa e dos filhos eu vou ficar muito contente. Ele está muito bem no México. Eu espero que ele consiga amadurecer de uma maneira que tome conta do próprio talento, porque o talento dele é muito grande. O John Kennedy tem talento para jogar na seleção brasileira, só que emocionalmente ele tem que pagar um preço para ir evoluindo. E eu acho que ele tá nesse processo e torço muito para que isso evolua e, daqui a dez anos, a gente se encontre com ele super bem. É o meu maior desejo.