O meio-campista Paulo Henrique Ganso estreou pelo Fluminense na temporada de 2025 no último domingo (6). Após ser diagnosticado com miocardite, uma inflamação no músculo do coração, o camisa 10 ficou quase dois meses afastado dos gramados.
Responsável pelo diagnóstico e também a recuperação do jogador, o cardiologista Fabrício Braga, que fez questão de ir ao estádio no final de semana para acompanhar o retorno do jogador aos gramados, abriu o jogo sobre o caso em entrevista ao Globo Esporte.
O caso vivido por Ganso não é isolado no futebol. Nos últimos anos, outros jogadores conhecidos foram diagnosticados com miocardite, como Alphonso Davies, do Bayern de Munique, que teve um quadro mais leve, até os mais graves, com o dinamarquês Eriksen, que faz uso de um desfibrilador portátil para atuar, e o argentino Kun Aguero, que foi obrigado a anunciar a aposentadoria.
Segundo o profissional, o protocolo tradicional, estabelecido nos anos 80, aponta para o afastamento entre três e seis meses, mas o prazo foi reduzido, diante do avanço da medicina, em casos mais leves, como o de Ganso. O meia do Flu ficou cinco semans em repouso sob medicação até repetir os exames.
Além disso, passou por uma ablação, o que adiou o retorno em mais uma semana. O procedimento visou tratar uma arritimia leva, que poderia afetar no tratamento da miocardite.
– Isso é uma coisa que já se tem. É uma taquicardia supraventricular (TSV), uma arritmia benigna. Mas, nesse contexto da miocardite, ia acabar nos atrapalhando e por isso resolvemos tratá-la. Muitos atletas já fizeram ablação de TSV. Tivemos até campeão olímpico de natação que fez pouco antes da Olimpíada. Mas, no contexto, poderia atrapalhar caso ele tivesse sintomas e não soubéssemos o porquê. Isso só foi diagnosticado por conta da vigilância eletrocardiográfica
O chefe do departamento médico do Fluminense, Douglas Santos, explicou que qualquer infecção viral pode levar à miocardite, mesmo que sintomas não se apresentem. O diagnóstico de Ganso foi feito nos exames de rotina antes do início da temporada. Libertado pelo departamento médico, o camisa 10, nos primeiros meses, vai utilizar um eletrocadiograma portátil, que vai permitir aos médicos acompanharem seus dados cardíacos em tempo real.
– Isso aqui é um eletrocardiograma. Conseguimos monitorar os batimentos cardíacos à distância. Diferente de ter apenas um número de frequência cardíaca, aqui eu tenho a onda eletrocardiográfica. Posso identificar arritmias, isquemias, entre outros sinais. Posso receber os dados em tempo real ou analisá-los depois. Hoje teve treino à tarde, posso abrir e olhar depois. Ontem, após o jogo, conferi e estava tudo certo.