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Fluminense venceu o Boca por 2 a 1 na final (Foto: Lucas Merçon - FFC)

Dia 4 de novembro de 2023. A data que está na memória de todos os tricolores. Há um ano, o Fluminense batia o Boca Juniors (ARG) por 2 a 1 (1 a 1 no tempo regulamentar e 1 a 0 na prorrogação) e ficava com o título da Libertadores pela primeira vez em sua vitoriosa história. Presentes naquela conquista, Nino, atualmente no Zenit (RUS), e Keno contaram histórias ao jornal O Globo da campanha tricolor.

Nino e Keno relembram título da Libertadores pelo Fluminense

Keno admite que na véspera da decisão foi até difícil dormir. Afinal de contas, conquistar a América pela primeira vez era praticamente uma obsessão de todos os tricolores.

 
 
 

— Você sabe que tem um jogo muito importante para o clube. Então, para dormir, foi osso. O caminho para o estádio já era conhecido, mas naquele dia… Foi loucura. Até começar o jogo, eu estava tenso. Depois, foi alegria — falou.

Capitão tricolor na conquista, Nino recorda que todos estavam muito confiantes e motivados para fazer história com a camisa do Fluminense.

— A gente tinha confiança no trabalho e um foco muito grande no nosso objetivo. Nosso grupo contava com jogadores acostumados a grandes jogos, com essa gana de entrar para a História. O fato de ter sido no Maracanã tornou tudo mais especial e nos deu mais confiança. Era a final dos sonhos – relata.

Keno revela importância de Fernando Diniz no título

Quem também teve papel importante naquele título foi o técnico Fernando Diniz (atualmente no Cruzeiro). Keno recorda como o treinador motivou a todos nos dias que antecederam a decisão no Maracanã frente ao Boca Juniors.

— Todo dia de manhã, ele chegava ao treino e perguntava: “Que dia é hoje?”. E a gente foi colocando isso na cabeça. A gente sabia que era possível conquistar esse título inédito. Nós fomos para o mata-mata, e todo dia falávamos a mesma coisa: “Que dia é hoje? 4 de novembro” — conta, complementando:

— Diniz me pediu para ir para o lado do Arias e chamou ele para o meu. O lance do gol começa com uma tabela com ele na direita, antes que ele fosse para a esquerda. Depois, cruzei para o Cano. Foi quando saiu o gol. No segundo, Diogo Barbosa tocou a bola para mim. Eu olhei para o zagueiro e pensei: “Vou dominar e chutar”. Mas vi John Kennedy passar gritando e pensei: “Mentira que vou ter que tocar”. Quando olhei de novo, a bola já estava na bochecha da rede. Ainda bem que não chutei (risos).

Ficha de Nino demorou a cair

Já Nino vivia uma história grande com o Fluminense naquele momento. Havia chegado ao clube em 2019 contratado junto ao Criciúma num momento de reestruturação do clube. Contratado com status de aposta dentro da realidade financeira tricolor, foi o capitão na grande conquista do Flu.

— Passa um filme na cabeça. Demora para a cair a ficha, mas, quando cai, é bom demais. Naquele dia, era a realização de um sonho. Chegar ao Flu foi um sonho. Virar titular e capitão, ser campeão… Depois de quase ter largado o futebol dez anos antes. Olha quanta coisa aconteceu: ganhar uma Olimpíada, jogar um Brasil x Argentina, no Maracanã, em Eliminatórias de Copa do Mundo, transferência para um grande clube europeu… O Fluminense me proporcionou muita coisa legal — resume.

E para ganhar também é necessário um pouco de malandragem. Nino protagonizou um lance importante na prorrogação. O Fluminense vencia por 2 a 1, mas John Kennedy havia sido expulso por ter levado o segundo amarelo quando comemorou seu gol subindo a escada e abraçando torcedores. O zagueiro levou um tapa no rosto de Fabra, que também foi expulso. Porém, o capitão ficou deitado no chão até o VAR chamar o árbitro colombiano Wilmar Roldán.

— A gente vai ganhando uma casca. Foi minha terceira libertadores. A final contra o Boca foi meu 15° jogo de mata-mata em Libertadores, você já consegue entender melhor alguns comportamentos que o seu adversário vai ter, que o árbitro vai ter… Ali eu senti o jogador me dando o tapa e eu sabia que alguma câmera teria filmado, se o juiz fosse ao VAR ele teria que expulsar, como aconteceu. O erro foi do adversário que perdeu a cabeça, meu único papel ali era garantir que o árbitro fosse ao VAR. Deu tudo certo, bendito tapa (risos) — brinca.

Keno relembra classificação diante do Inter

Fora a final, a classificação heroica na semifinal também tem um espaço de destaque na memória dos tricolores. Afinal de contas, o Fluminense saiu vencendo a ida no Maracanã, com Cano, mas após a expulsão de Samuel Xavier ainda no primeiro tempo, o Inter virou. O Flu buscou o empate novamente com Germán Cano. Na volta, os colorados abriram o marcador e tiveram inúmeras chances de ampliar, mas aí foi a vez do Tricolor se segurar e buscar a virada com John Kennedy e Cano.

— Foi no jogo contra o Inter, cara. O jogo do Inter lá. Quando o Valencia perdeu os dois gols lá um que o Nino conseguiu chegar e outro de cabeça. Ali a gente sentiu que a gente estava com o pé na final. Aqueles gols que ele estava na pequena área… E a cabeçada dele era fatal, né? Quando a gente viu que a bola foi para fora… Ah, mano, a gente vai para a final — admite Keno.

— Os dois jogos contra o Inter são coisa de cinema. O roteiro como as coisas se desenvolveram, as adversidades e como nos continuamos lutando até a vitória. Resiliência. Nosso grupo era muito resiliente. Nós trabalhamos muito pra que as coisas aconteçam em campo, mas a hora que a bola está rolando ali, são frações de segundo pra tomar uma decisão, a diferença entre o chute que vai no ângulo e um que vai na arquibancada é muito menor do que as pessoas imaginam. O jogo se decide em segundos, em centímetros… Eu tenho um quadro em casa com a foto desse carrinho no Valencia. Foi o “meu gol”, né? – completa Nino.