A nova passagem de Marcão como técnico do Fluminense começou mal. Na quinta-feira, a equipe foi derrotada pelo Vitória, por 1 a 0, no Maracanã, pela 12ª rodada do Campeonato Brasileiro. Mas quais são os principais desafios do substituto de Fernando Diniz a curto prazo no Tricolor? Essa é a resposta que os jornalistas do Grupo Globo tentam responder em reportagem do site ge.
— O Fluminense viveu um meio caminho entre a tentativa de abandonar alguns mecanismos da época do Diniz, de um trabalho muito autoral, mas sem que nada novo tivesse sido implantado, até porque nem houve tempo. Não é discutir a capacidade do Marcão de fazer ou não fazer. Não houve tempo para isso. O Fluminense parecia um time que não tinha certeza de como ele queria chegar ao gol, de como ele ia construir as jogadas dele, de como ele queria vencer o jogo — opinou Carlos Eduardo Mansur, acrescentando:
— O burburinho do Maracanã parecia conduzir os jogadores a chutarem mais bolas longas, sem que o time tivesse alguém para reter essa bola na frente. (…) A formação inicial também não ajudou a retomar rapidamente a bola, porque era um meio-campo com pouco vigor e um time mais lento. (…) O time era um acúmulo de tentativas individuais, de muita vontade, de muito ímpeto, mas de pouca construção. Acho que foi muito um retrato desse momento de transição.
A identidade criada pelo técnico Fernando Diniz é algo que ainda está presente. Porém, Marcão implementará gradativamente o seu estilo. É nessa linha que opinam Jéssica Cescon e Rodrigo Coutinho.
— Embora o Marcão conheça de perto os jogadores há muito tempo, ele não vai insistir na mesma metodologia do Fernando Diniz. Até porque, se essa fosse a ideia, o Diniz não teria saído. O Flu encontrou um pouco mais de espaços, conseguiu até ter mais chances de gols, mas ainda é muito pouco. O futebol ainda é muito vulnerável, tanto na troca de passes para atrair o adversário, quanto na hora de recompor. É um time que não tem vigor físico para fazer isso, não é a característica do elenco. Vai ser bem complicado dar uma nova identidade, construir essa nova lógica de jogo de um time que é sobretudo técnico. O próximo adversário do Fluminense é uma equipe que também não tem vigor físico e teria como característica a troca de passes, ainda que com uma lógica de jogo posicional, ao contrário do que o Fluminense de Diniz era. O Grêmio tem sofrido defensivamente também em conseguir sustentar padrão tático, compactação e fazer a recomposição defensiva. Eu imagino um jogo em que as duas equipes vão tentar buscar o gol pelo desespero de pontuar e talvez o jogo seja um pouco mais aberto por conta desse aspecto — disse Jéssica Cescon.
— É um time ainda sem identidade. Ficou claro que o time tentou não repetir coisas que vinham dando errado. (…) A necessidade de buscar a vitória e o nervosismo no fim do jogo fizeram com que a exposição fosse muito grande, e aí (o Fluminense) acabou sofrendo o gol da derrota. Um time que ofensivamente foi muito na base da intuição dos jogadores. Nada muito estruturado, mas seria difícil ser diferente. É muito traumático o fim do trabalho do Fernando Diniz. É natural que se tente mudar, mas essa forma ainda não tem como ficar tão nítida — opinou Rodrigo Coutinho.